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Conheça Ali Adnan, o primeiro jogador do Iraque a jogar na Serie A do Campeonato Italiano

O dia 1º de julho foi histórico para o futebol iraquiano. A Udinese, que ficou apenas em 16º lugar no último Campeonato Italiano, anunciou contratação inusitada: o lateral esquerdo iraquiano Ali Adnan, 21 anos, terá vínculo de cinco anos com o time italiano, se tornando o primeiro jogador de seu país a atuar na Serie A do Calcio.

Nascido na capital Bagdá e tendo passado por três times nas divisões de base, dentre eles o Al Zawraa, maior campeão nacional com 12 títulos, Ali Adnan se profissionalizou no modesto Baghdad FC e estava há duas temporadas no Çaykur Rizespor, da primeira divisão da Turquia. Claro, o jovem atleta está pra lá de orgulhoso por defender as cores da Udinese:

“Sei tudo sobre o Campeonato Italiano e escolhi a Udinese porque é um clube grande. Quero jogar em qualquer posição e acredito que posso me dar bem contra qualquer atacante do mundo. Almejo ser um sucesso na Udinese”, disse Ali Adnan em entrevista à imprensa.

A contratação de Ali Adnan pela Udinese, por 1,5 milhão de libras, mostra que, apesar das dificuldades que o país atravessa (a instabilidade política já esteve pior, é verdade), o futebol local tem tudo para crescer. O próprio atleta já se destacou nas seleções de base, fazendo o gol do empate de 2 a 2 com a Inglaterra no Mundial sub-20 de 2013, contribuindo com a liderança do Iraque em sua chave, melhor que Chile, Egito e Inglaterra – os iraquianos eliminaram Paraguai e Coreia do Sul, parando no Uruguai nos pênaltis, nas semifinais.

Eleito o melhor jogador jovem asiático naquele ano e com vários outros prêmios concedidos a atletas em início de carreira, Ali Adnan dá esperança de evolução à seleção principal, pela qual já tem 34 convocações e um gol. Até hoje a equipe depende do ídolo Younis Mahmoud, 32 anos e dono de 53 gols em 139 partidas pela seleção, mas que está em fim de carreira e acaba de voltar a atuar no próprio país, com a camisa do Erbil, após mais de um ano sem time.

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Há outros jogadores experientes e algumas jovens promessas, mas Ali Adnan é a principal esperança já para as eliminatórias da Copa do Mundo 2018, ao lado do meia Yaser Kasim, 24 anos, do Swindon Town, da terceira divisão da Inglaterra – nasceu em Bagdá, mas se mudou para Londres ao sete anos, tendo jogado na base do Tottenham.

No Grupo F do qualificatório, o Iraque ainda não estreou na segunda fase, mas tem grandes chances de seguir sonhando com o retorno a uma Copa do Mundo – jogou a edição de 1986, no México. A estreia será no próximo dia 3 de setembro, diante de Taiwan, em casa, e os iraquianos ainda medirão forças com Tailândia e Vietnã, já que a Indonésia foi excluída pela FIFA. Com duas vagas, é quase impossível não ter o Iraque na terceira fase do torneio.

Porém, ainda é cedo para apontar a seleção asiática numa Copa do Mundo e talvez a grande geração que está se formando no país esteja mais pronta para o ciclo do Mundial 2022, já que a seleção olímpica, que ainda briga por um lugar no Rio 2016, foi líder de sua chave nas eliminatórias, superando Bahrein, Omã e Líbano, seleções que já atingiram fases agudas do qualificatório para a Copa do Mundo com as equipes principais. Parece que a , com queda nas semifinais (2 a 0 para a Coreia do Sul) e vitória nos pênaltis diante do Irã (7 a 6, após igualdade de 3 a 3), não foi mera coincidência.

Curtas

– Além de Ali Adnan, outros 36 jogadores do Iraque atuam no exterior, mas nenhum na elite de um grande país europeu. Há jovens atletas na primeira divisão da Suiça (Sherko Kareem, 19 anos, do Grasshopper), na terceira divisão inglesa (Yaser Kasim, capitão do Swindon Town, o primeiro iraquiano a alcançar tal feito nas ligas profissionais inglesas) e na segunda divisão da Holanda (Hawbir Moustafa, 21, do MVV Maastricht), entre outros. A maioria, claro, atua em ligas árabes, como as do Catar e do Bahrein.

– A Udinese tem um time bastante internacional. Com a adição do asiático Ali Adnan, o time de Údine só não conta com jogadores da Oceania. Os sul-americanos dominam, com representantes de Venezuela, Brasil, Chile, Colômbia, Uruguai, Paraguai (sim, Iván Piris, aquele que não deixou saudades no São Paulo) e Argentina, além de dois africanos, um de Gana e outro de Mali. São sete italianos e quatro brasileiros, destaque para os ex-corinthianos Edenílson e Guilherme e o são-paulino Lucas Evangelista – o palmeirense Danilo Larangeira completa o quarteto tupiniquim. O lateral-esquerdo Neuton, ex-Grêmio e Chapecoense, faz parte do time reserva.

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