Sul-Americana: Corinthians estuda não ir a campo após alerta de segurança
Alvinegro teme que a torcida peruana apedreje o ônibus da equipe de Vanderlei Luxemburgo

O Corinthians recebeu um alerta de segurança de autoridades locais de Lima, no Peru, e avalia a possibilidade de não entrar em campo contra o Universitario (PER), na noite desta terça-feira (18), pelos playoffs da Copa Sul-Americana.
Segundo apurou a Trivela, a delegação do clube foi orientada a ir do hotel ao Estádio Monumental no ônibus da polícia local, escoltada, para garantir a segurança do elenco. O Alvinegro teme que a torcida peruana apedreje o ônibus da equipe de Vanderlei Luxemburgo.
O clube avalia, portanto, a possibilidade de não não ir a campo caso não haja segurança assegurada para seus atletas e comissão técnica.
O estádio na capital peruana tem capacidade de 80 mil pessoas, e deve ter casa cheia para o jogo desta terça.
Jogo ganhou contornos hostis após prisão de preparador por racismo
A partida de volta ganhou ares hostis, com a rivalidade acentuada entre as duas equipes, após a prisão de Sebastian Avellino Vargas, preparador físico do Universitario, no jogo de ida.
Vargas foi detido sob acusação de racismo em São Paulo. Imagens gravadas na Neo Química Arena exibiram os gestos supostamente racistas.
Diante do episódio na última terça-feira (11), os dois clubes se viram envolvidos com a denúncia sobre o ato racista. Do lado dos peruanos, os atletas do Universitario se mostraram irritados com a prisão e prometeram se vingar pelo preparador. Um dirigente do clube de Lima tratou como “incrível” porque Vargas estava reagindo a insultos que recebeu no estádio, segundo ele.
Na partida contra o Comercial, pelo Campeonato Peruano, na sexta-feira (14), o elenco do Universitario entrou em campo com uma faixa em apoio ao preparador detido em São Paulo.
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— Universitario (@Universitario) July 15, 2023
Em uma nota oficial, a diretoria do time peruano afirmou que “a honra de um profissional do clube foi manchada” e que a prisão foi algo “inadmissível, degradante e indignante”.
Da outra parte, o Corinthians se mostrou consternado com o que pode ocorrer no confronto desta terça e enviou um ofício à Conmebol relatando esta preocupação. Dentro do vestiário, o elenco lamentou o fato de atos de racismo serem recorrentes no futebol sul-americano.
“Se ele fez mesmo, não preciso nem dizer que é horrível. A Polícia vai ver, e ele será punido, é o normal”, disse o goleiro Carlos Miguel logo após o jogo de ida.
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Como foi o caso de racismo
Vargas teria imitado um macaco na direção de torcedores do Corinthians durante o aquecimento do Universitario no gramado da Neo Química Arena, na terça-feira (11). A investigação da Polícia Civil teve acesso a imagens que mostram o suspeito mexendo os braços como em um gesto racista. Torcedores foram ouvidos como testemunhas no estádio e, depois, também na delegacia.
A delegação do Universitario voltou ao Peru durante a madrugada de quarta-feira (12), mas Vargas ficou preso. Ele foi levado ao 65° Distrito Policial, nas imediações do estádio, e teve a companhia de representantes do Consulado do Peru em São Paulo. Durante a tarde, o suspeito passou por audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, onde teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.
A defesa entrou com pedido de habeas corpus para que Vargas possa responder em liberdade, mas o desembargador Roberto Porto, da 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), negou na quinta-feira (13). A decisão considera “presença de fortes indícios de autoria e de periculosidade social”, por isso o suspeito está preso há uma semana. Ele é uruguaio e está com o passaporte apreendido.
A Trivela procurou o escritório de advocacia que defende Sebastian Avellino Vargas, mas não teve resposta até a publicação.
Conmebol tem investigação em curso
A Unidade Disciplinar da Conmebol abriu apuração preliminar no âmbito esportivo, que avança paralelamente à investigação criminal da Polícia Civil de São Paulo. A entidade colheu as imagens disponíveis sobre o suposto ato racista, desde vídeos publicados nas redes sociais até as imagens do circuito de segurança da Arena. É um procedimento padrão para denúncias de discriminação.
A investigação preliminar colhe os elementos iniciais para a Conmebol decidir ou não abrir um Expediente Disciplinar. Se aberto o expediente, o preparador físico e o Universitario (PER) terão prazo de cinco dias para se pronunciar e pode haver uma audiência sobre o caso. É só ao final desta apuração mais cuidadosa que a entidade vai punir ou não o suspeito e o clube. Nos casos recentes na Libertadores e Sul-Americana, as punições costumam ser publicadas duas semanas após os fatos.
Jogo vale vaga nas oitavas de final
O confronto que define a vaga nas oitavas de final da competição ocorre às 21h30 (horário de Brasília), no Momumental de Lima. Na ida, os paulistas venceram por 1 a 0.
Assim como na partida da semana passada, o Timão deve atuar com um time reserva, composto sobretudo por jogadores jovens, parte deles revelada pelas categorias de base.
A única exceção é Róger Guedes, suspenso para a próxima rodada do Brasileirão, que estará entre os titulares.
Quem passar pelo confronto enfrentará o Newell’s Old Boys, da Argentina, já classificado às oitavas.