A referência silenciosa que faz São Paulo depender de Gabriel Neves na Sul-Americana
Uruguaio deve voltar ao time contra o San Lorenzo para exercer um papel vital que você (talvez) nem perceba

O São Paulo conta as horas, os minutos e até os segundos para ter James Rodríguez e Lucas Moura à disposição na Copa Sul-Americana. Mas é de um outro “reforço” que a equipe depende para superar o San Lorenzo e conseguir a classificação às quartas de final. Falamos, aliás, de uma dependência quase que de vida ou morte que a equipe tem de Gabriel Neves para conseguir vencer as partidas.
Recuperado de uma fratura nas costelas, o uruguaio deve retornar ao time nesta quinta-feira (10), às 19h (horário de Brasília), quando o Tricolor recebe o Ciclón no Morumbi pelo duelo da volta das oitavas de final. A equipe perdeu a ida na Argentina por 1 a 0 e precisa vencer por dois gols de diferença para passar de fase e, aí sim, poder contar com Lucas e James. Uma vitória por um gol leva a decisão aos pênaltis.
Gabi exerce uma liderança silenciosa, quase tão imperceptível quanto necessária na equipe. Combina, inclusive, com seu perfil mais discreto longe dos gramados. Mas seu impacto para o sucesso do São Paulo, este sim é bem visível.
A equipe tem muito, mas muito mais êxito quando o uruguaio está em campo. Dorival Júnior comandou o São Paulo em 28 partidas até aqui. O uruguaio atuou em 19 delas, das quais 14, como titular. O aproveitamento com ele em campo é de 75% – 13 vitórias, quatro empates e duas derrotas – e despenca para míseros 18% nos nove duelos em que ele ficou fora.
Nestes compromissos, o Tricolor venceu apenas uma vez. Somou dois empates e seis derrotas. Ou seja: perdeu três vezes mais, em menos da metade dos jogos em que ele esteve em campo com Dorival.
Fator Gabi Neves
- São Paulo de Dorival com Gabi Neves: 19 jogos
13 vitórias
4 empates
2 derrotas
75% de aproveitamento - São Paulo de Dorival sem Gabi Neves: 9 jogos
1 vitória
2 empates
6 derrotas
18% de aproveitamento
São Paulo sofre sem Gabi Neves
Não à toa, o aproveitamento da equipe despencou desde que o uruguaio sofreu a fratura nas costelas, durante a vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras, no Allianz Parque, pela Copa do Brasil. O São Paulo disputou seis jogos sem o uruguaio. A equipe amargou quatro derrotas e tem um empate e apenas uma vitória – a goleada sobre o Santos no Brasileirão.
Vale lembrar que Gabi Neves começou o ano em baixa e chegou a sobrar até da lista de relacionados com Rogério Ceni por conta do limite de estrangeiros à época. Sua entrada no time, já com Dorival, coincide com o melhor momento do ano.
Prova disso é que o São Paulo tem 74% de aproveitamento nos 22 jogos com ele em campo (15 vitórias, quatro empates e três derrotas). O número despenca para 43% nas 23 partias sem o volante.
O Direto do CT está no ar com as informações da reapresentação do Tricolor!
? Assista na #SPFCplay: https://t.co/1oMzWE3Jro#VamosSãoPaulo ?? pic.twitter.com/g5PtOSaH4E
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) August 7, 2023
Gabi Neves, um líder silencioso
Em outras palavras: o São Paulo precisa de Gabriel Neves para vencer os jogos. Uma afirmação que pode parecer estranha, se analisarmos o impacto do uruguaio nas principais estatísticas de uma partida de futebol. O volante não é o artilheiro (tem apenas um gol), nem o líder em assistências (aliás, ele sequer deu passe para gol em 2023). Também não é líder em chances criadas, passes certos, desarmes, roubadas de bola… Por aí vai.
Mas então como pode um jogador que não ocupa a liderança em nenhuma das principais estatísticas ter um impacto tão grande no sucesso de uma equipe? É que Gabriel Neves é uma referência “silenciosa” no meio-campo são-paulino.

De acordo com a plataforma de estatísticas e análise de desempenho Wyscout, Neves é o líder do Campeonato Brasileiro em organização de jogo. A métrica utilizada para determinar este número leva em conta as ações em campo que um jogador toma exceto finalizações e passes para finalizações.
Ou seja: todo e qualquer movimento que um atleta executa para distribuir as jogadas e orquestrar a equipe é considerada. E Gabriel Neves é quem mais faz isso hoje no futebol brasileiro.
Dorival identificou esta característica no uruguaio assim que chegou ao São Paulo. Logo em uma de suas primeiras entrevistas coletivas, após a vitória por 1 a 0 sobre o Ituano na Copa do Brasil, o treinador elogiou as características de Gabriel Neves e disse que o jogador sempre procura dar passes para frente (como o do vídeo acima para Lucas Moura durante um treino desta semana).
– Gabriel tem nível de acerto de passes interessante. Toda bola que sai dos pés dele sempre sai buscando uma jogada um pouco mais à frente, ele pelo menos nessas partidas que vi, dificilmente joga para trás ou lateralmente, isso é um fato importante – disse Dorival.
Tão importante, que o treinador já usou Luan, Jhegson Méndez e até Talles Costa, que voltou a ser titular após quase um ano na derrota para o Atlético-MG, na posição. E o São Paulo segue dependendo de Gabriel Neves, seu líder silencioso.