Sul-Americana

Bruno Lage tenta explicar Botafogo reserva na Sul-Americana, mas todos sabemos o motivo

O Botafogo, mais uma vez, poupou jogadores na Copa Sul-Americana. Mesmo iniciando a disputa das quartas de final e a quatro jogos de uma final continental – que o Botafogo não disputa há 30 anos -, o técnico Bruno Lage optou por escalar um time praticamente reserva, com apenas três jogadores que atuam com mais frequência entre os titulares. Mas, dessa vez, o resultado não foi satisfatório. O Glorioso ficou apenas no empate em 1 a 1 com o Defensa y Justicia, em pleno Nilton Santos, e vai precisar buscar a classificação na Argentina.

Já era esperado que o Botafogo entraria em campo com um time misto nesta quarta-feira, afinal nunca foi escondido que o grande foco do time é o Campeonato Brasileiro, no qual sustenta folgada liderança de 11 pontos. No entanto, Bruno Lage surpreendeu ao escalar apenas Cuesta, Tchê Tchê e Victor Sá, que atuam com mais frequência, entre os titulares nesta noite no Nilton Santos. Assim, o clube, de certa forma, abriu mão de tentar conseguir um bom resultado com o que tem de melhor no jogo de ida, o que poderia fazer o time ir mais tranquilo para a Argentina e – quem sabe? – poupar atletas na partida de volta.

Apesar de Bruno Lage sempre reforçar a ideia de que tem não tem “onze titulares”, é de conhecimento geral que o Botafogo tem, ao menos, nove jogadores que podem ser considerados essenciais e que jogam mais frequência. Apenas nas duas pontos há uma certa disputa mais nivelada por posições. É claro que todo treinador precisa lidar com desfalques por suspensão e lesão. E também é justa a ideia de que os clubes poupem jogadores que estão mais desgastados. Mas, com a folga na liderança do Brasileiro e a proximidade de uma final continental, o Botafogo poderia ter definido um pouco melhor as suas prioridades.

Depois do empate com o Defensa y Justicia, todos já sabiam a resposta, mas Bruno Lage tentou explicar a escolha pelos reservas na última quarta-feira.

– Senti que é um resultado muito injusto pelo aquilo que os atletas fizeram dentro de campo. Acho que fomos muito superiores aos nossos adversários. Tivemos variadíssimas oportunidades para ter um resultado melhor. Atuação sólida durante 80 minutos, depois tivemos uma queda natural. Não gosto de definir um onze titular, até porque desde que cheguei eu não tive a oportunidade de repetir o time. No primeiro jogo o Cuesta não pode, depois o Adryelson, depois o Marçal, perdemos o Tiquinho. A equipe tem tido a capacidade de dar a resposta. Esse foi o meu oitavo (nono, na verdade) jogo e, daquele equipe que jogou mais tempo, eu não tive todas disponível. O Danilo já foi titular desta equipe, o Júnior já foi titular. Temos que encontrar soluções para os corredores, para jogar como lateral-direito, e esquerdo – afirmou Bruno Lage em entrevista coletiva.

– Temos que ver quando o Marçal pode recuperar e o Di Plácido está suspenso, mas é por isso que o elenco tem opções. Os jogadores correram, lutaram, fizeram um jogo sólido, com qualidade na posse de bola, que poderíamos ter tido outro resultado. O Danilo jogou de início e havia algum tempo que não jogava. Os últimos 10 minutos foram de tentar manter gente para empurrar a equipe para frente, em uma oportunidade, em uma segunda etapa em que nada faziam para conseguir, em um arremate de fora conseguiram o resultado. A volta vai ser igual, os jogos são sempre difíceis. É uma equipe boa, que gosta de ter a bola, que nos obrigou a pressionar muito. Vamos convencidos que podemos fazer um bom jogo na Argentina – completou o treinador.

Bruno Lage explica gesto durante a partida

Na coletiva de imprensa, Bruno Lage explicou os gestos que fez para torcedores que estavam vaiando o time no Setor Oeste do Nilton Santos. A vaia aconteceu em alguns momentos durante a partida e, principalmente, depois do apito final, que decretou o 1 a 1 no placar.

– (Estava pedindo) Apoio e carinho ao Jota (JP Galvão) e ao Hugo, todas essas pessoas que estão começando a dar esses primeiros passos e precisam de apoio. Eles precisam de apoio. É melhor ser motivado do que sentir ansiedade. É só ver a maneira como entramos no jogo, a torcida foi fantástica apoiando a equipe. Virei para a torcida para pedir apoio. O talento e capacidade técnica eles têm, o carinho e o apoio vão lhes ajudar em alguns momentos para controlar a ansiedade – explicou Bruno Lage.

Empates não incomodam Bruno Lage

Apesar do resultado amargo nesta quarta-feira, Bruno Lage segue invicto no comando do Botafogo. São nove jogos sem perder. No entanto, o alto número de empates (6), foi motivo de questionamentos depois de mais uma igualdade no placar contra o Defensa y Justicia. Mas Bruno Lage preferiu ver o lado positivo do que o time conquistou aqui aqui.

– Você diz da maneira que temos seis empates e três vitórias. Vou mudar isso: passamos de duas eliminatórias na Sul-Americana, empatamos com o Cruzeiro e estamos passando pelos nossos adversários. Sempre olho para aquilo que é o percurso. Torcedor desconfia, mas é o mais importante é a gente estar aqui no Botafogo. Quem tiver interesse de olhar o jogo de outra maneira nós vamos fazer o jogo de outra maneira. Todos nós sentimos isso, que nossa performance foi boa. O último empate contra o São Paulo, ontem vimos um “bucadinho” do jogo, e tivemos oportunidades perdidas. Hoje voltamos a criar e não vencemos – finalizou Bruno Lage.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
Botão Voltar ao topo