Libertadores

De R$ 200 mil para autor a R$ 600 mil para clube: As prováveis punições ao racismo contra Luighi, do Palmeiras

O jogador de 20 anos do Palmeiras deu um forte desabafo após ser vítima de ataques racistas em jogo da Libertadores sub-20, no Paraguai

Diferente da legislação brasileira, o código penal paraguaio não prevê prisão para autores de atos racistas, como os cometidos contra Luighi, atacante do Palmeiras sub-20, durante o confronto com o Cerro Porteño, na noite dessa quinta-feira (6).

A legislação paraguaia prevê que serão punidos, dependendo da gravidade da infração, com multas entre 50 e 100 salários mínimos diários, que serão destinados a diversas atividades. Em caso de reincidência, esse valor será dobrado. O salário mínimo no Paraguai atualmente vale G$ 2.798.309, o que equivale a R$ 2.044,28.

O dinheiro arrecadado é destinado ao orçamento da Secretaria Nacional de Cultura e encaminhado para implementação de políticas públicas voltadas à promoção de combate ao racismo.

Em maio de 2022, a Conmebol mudou seu Código Disciplinar para casos de racismo, implementando multa de 100 mil dólares (R$ 579 mil) — antes era de 30 mil dólares (R$ 173,7 mil) — além da possibilidade de suspensão e jogos com portões fechados.

No ano passado, o Estudiantes foi multado em 80 mil dólares (R$ 414 mil na cotação da época) depois que torcedores do time imitaram macacos em direção a gremistas que estavam presentes no Jorge Luis Hirschi, em La Plata, no dia 23 de abril.

Também em 2024, o San Lorenzo foi multado em 120 mil dólares (R$ 620 mil na cotação da época) pelo ato racista de um de seus torcedores na partida contra o Palmeiras, no dia 4 de abril. Na oportunidade, uma mulher que estava presente no Nuevo Gasómetro foi flagrada imitando um macaco em direção ao setor destinado aos torcedores visitantes.

Crime de racismo contra Luighi, do Palmeiras

Luighi, do Palmeiras
Luighi, do Palmeiras, chora ao sofrer racismo na Conmebol Libertadores Sub-20 (Foto: Reprodução)

Durante o confronto entre Cerro Porteño e Palmeiras pela Libertadores sub-20, um torcedor imitou presente no Estadio Gunther Vogel, em San Lorenzo, no Paraguai, imitou um macaco na direção de Luighi, que se revoltou e deixou o campo chorando.

O atacante de 18 anos desabafou após a partida, ao ser questionado por um repórter sobre como foi o jogo.

Não, não. É sério isso? Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?“, iniciou.

– Vai me perguntar sobre o jogo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Ou a CBF, sei lá. Você não ia perguntar sobre isso né? Não ia. É um crime o que ocorreu hoje. Isso aqui é formação, estamos aqui para aprender – concluiu Luighi.

A fala do atacante do Palmeiras repercutiu pelo Brasil, fazendo com que vários clubes brasileiros manifestassem apoio ao jogador nas redes sociais.

A Conmebol, por sua vez, informou que implementará “medidas disciplinares apropriadas” e está avaliando outras ações para combater a discriminação em suas competições.

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Protocolo da Conmebol

Em setembro do ano passado, a entidade anunciou um novo protocolo para casos de racismo, que prevê três “fases”.

  • Fase 1: Interrupção da partida após árbitro, jogadores ou responsáveis pela competição apontarem um caso de racismo. Será emitido um comunicado ao estádio explicando o motivo da interrupção.
  • Fase 2: Suspensão temporária do jogo e ida dos jogadores para os vestiários. Novamente a decisão será anunciada no estádio.
  • Fase 3: Suspensão definitiva da partida. O regulamento prevê que “o árbitro tomará esta medida somente após consultar as autoridades e especialistas, e se considerar que é seguro fazê-lo”.

Lei no Paraguai

Em novembro de 2024, o Paraguai estabeleceu uma nova lei que estabelece mecanismos para prevenir e sancionar qualquer tipo de ato de racismo.

A norma inclui a incorporação da história afrodescendente nos programas educacionais no país, implementação de sanções contra atos discriminatórios e iniciativas para promover um ambiente de igualdade.

Ainda assim, não foi implementada uma norma no código penal que prescreva prisão a racistas.

No Brasil, existe a Lei 7.716/89, conhecida como Lei do Racismo, que pune todo tipo de discriminação ou preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade. A pena prevista é de 2 a 5 anos de reclusão.

Palmeiras pede expulsão do Cerro Porteño

Nesta sexta-feira (7), dia seguinte ao ocorrido, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, declarou em entrevista coletiva que irá solicitar a exclusão do Cerro Porteño da competição sub-20.

Nós vamos pedir a punição do criminosos e a exclusão do Cerro Porteño da competição pela reiterada atitude racista que vem cometendo contra o Palmeiras. Vamos até a Conmebol. Se não conseguir por lá vamos na Fifa. Vamos até a última instância — afirmou Leila.

A presidente também revelou que tentou falar com o presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Domínguez, mas não foi atendida até o momento.

Foto de Romulo Giacomin

Romulo GiacominRedator de esportes

Formado em Jornalismo na UFOP, passou por Mais Minas, Esporte News Mundo, Estado de Minas e Premier League Brasil. Atualmente, escreve para a Trivela.
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