Libertadores

Ataques de Felipão em coletiva são tão ineficientes quanto os do Atlético em campo

Felipão atacou jornalistas em coletiva pós-derrota do Atlético-MG para o Palmeiras, mas foi tão mal quanto seu time em campo

O Atlético chegou ao décimo jogo seguido sem vitórias na temporada, algo que não acontecia há mais de 30 anos. Desses 10 jogos, nove são com o comando de Felipão, que após mais um revés decidiu disparar ataques na coletiva pós-jogo. Ataques esses, tão ineficientes quanto os do Galo em campo.

Em nove jogos com Felipão, o Atlético fez apenas seis gols. Nos nove jogos anteriores a ele, havia feito o dobro (12). Em todas as partidas com o treinador, foram muitas finalizações, 132, uma média de 14,6 por jogo. No entanto, o time do Galo só acertou o alvo 33 vezes. Nesse período, o alvinegro só teve expectativa de gol (xG) igual ou maior a um gol em quatro jogos (Fluminense, Fortaleza, América e Corinthians), curiosamente jogos do início da passagem, quando o time não tinha tido oportunidade de ganhar a cara do treinador, que segundo ele iria começar no jogo seguinte, contra o Goiás.

Sequência do Atlético: dez jogos sem vencer (5E + 5D)

  • Atlético 1 x 1 Bragantino (com Coudet)
  • 1 x 1 Fluminense (com Felipão)
  • 1 x 2 Fortaleza (com Felipão)
  • 1 x 1 Libertad (com Felipão)
  • 2 x 2 América (com Felipão)
  • 0 x 1 Corinthians (com Felipão)
  • 0 x 0 Goiás (com Felipão)
  • 0 x 1 Grêmio (com Felipão)
  • 1 x 2 Flamengo (com Felipão)
  • 0 x 1 Palmeiras (com Felipão)

Atlético desorganizado e os ataques de Felipão

Contra o Palmeiras, o time entrou visivelmente com mais vontade, mas também mais perdido em campo. O que os jogadores tiveram de raça, faltou de tática, já que quase sempre chegavam ao ataque em minoria, como em um lance de contra-ataque que Paulinho estava sozinho contra cinco palmeirenses. Houve também diversos lances em que os jogadores do alviverde apareceram sem marcação no campo de ataque, pois o time tinha um “buraco” no campo.

Esse foi um dos questionamentos que gerou parte da revolta de Felipão. Que decidiu atacar um repórter após ser questionado sobre a desorganização tática do time: “O meu time é desorganizado? Hoje foi? (Repórter diz que sim) Então está respondido”, disse o treinador. O gol palmeirense exemplifica a falta de organização do time, já que mesmo com dois volantes em campo, nenhum deles estava a frente da zaga quando Raphael Veiga dominou livre na entrada da área para marcar.

Felipão se mostrou tão desconexo após a derrota que foi questionado sobre o nível técnico do time e achou que o repórter havia perguntado sobre o nível dele, treinador. Mais uma vez, ele ironizou ao invés de tentar explicar o motivo de o Atlético com ele ter deixado o G4 do Brasileirão, despencando para o 13° lugar, e também por que o time parou de criar muitas chances por jogo e passou a ceder mais.

Explicação para o torcedor

As falas de Felipão, que preferiu atacar ou ironizar as perguntas recebidas, não passam uma má imagem só para a imprensa, mas também para o torcedor do Atlético. Mesmo com a péssima fase do clube, o atleticano acreditou que as coisas podiam mudar nesta quarta-feira (2) com o seu apoio.

Foram mais de 52 mil no Mineirão, apoiando do primeiro ao último minuto. Claro, com algumas reclamações e vaias no percurso, mas com a torcida sempre cantando e tentando empurrar quando o time mais precisava. O que eles receberam foi um time que até demonstrou vontade, mas sem conseguir corresponder no resultado, e um treinador que optou por não lhes dar satisfação.

Quando o treinador do clube opta por não tentar explicar o momento, ele está deixando esses mais de 50 mil torcedores, que foram até o estádio por ele e seus comandados, sem respostas. Pior ainda quando o técnico, quando questionado sobre o “desempenho de rebaixado” que o time dele apresenta, opta por dizer: “Vai ser (rebaixado) então. Por enquanto, nós não estamos rebaixados, mas provavelmente então será rebaixado”, irritando ainda mais a torcida.

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Cobrada, organizada promete cobrança

Principal torcida organizada do Atlético, a Galoucura é acusada por alguns torcedores de ajudar o Galo a chegar nessa fase ruim atual. Isso porque em junho, após a eliminação do alvinegro na Copa do Brasil, a organizada foi até o CT do clube e protestou contra o técnico Eduardo Coudet, afirmando que ele “não era bem-vindo”. Na época, o Galo ocupava o G4 do Brasileirão e vinha mostrando evolução.

Na última semana, antes do confronto com o Flamengo, com o Atlético há oito jogos sem vencer, a organizada voltou ao CT do clube, mas dessa vez para demonstrar seu apoio em conversa com todo o elenco. Agora, após a coletiva de Felipão, o presidente da organizada foi nas redes sociais mostrar sua indignação:

Mesmo demonstrando sua revolta e xingando o treinador e os jogadores, o presidente e a organizada seguem na mira do torcedor comum, que acreditam que eles não cobram da forma que deveriam. O Atlético viaja para São Paulo no sábado (5), para encarar o Tircolor Paulista no domingo (6), depois, segue na capital para o jogo de volta contra o Palmeiras na quarta (9). Ou seja, a chance da cobrança da torcida é até sábado.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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