Argentina

Por que morte de Maradona segue como ‘caso aberto’ na Argentina após quatro anos?

Falecimento do eterno "Dios" argentino causou mobilização e rendeu investigação por suposta neglicência da equipe médica que cuidava do ex-jogador em seus últimos dias

Há exatos quatro anos, o futebol mundial perdeu a maior representação do que significa o jeito argentino de jogar. Em 25 de novembro de 2020, Diego Armando Maradona partiu aos 60 anos, vítima de insuficiência cardíaca.

O Dios, campeão da Copa do Mundo de 1986 com a seleção argentina, ídolo eterno do Napoli e personagem controverso fora do campo, faleceu em casa poucos dias após passar por uma cirurgia para remoção de um hematoma na cabeça.

Sofrendo com o alcoolismo, a insuficiência cardíaca e a obesidade, o ex-jogador já tinha a saúde debilitada antes de morrer.

Apesar disso, o que inicialmente parecia uma morte normal virou caso de polícia e teve os holofotes voltados para a equipe médica que cuidava do craque em sua casa nos últimos dias de vida, sendo acusados de negligência e de prestar assistência insuficiente.

Após quatro anos, entenda como está o estágio da investigação que tornou réus oito pessoas por serem negligentes nos cuidados de Diego.

O neurocirurgião Luciano Luque e Diego Armando Maradona, em 2020, após cirurgia
O neurocirurgião Luciano Luque e Diego Armando Maradona, em 2020, após cirurgia (Foto: Reprodução)

Julgamento de réus por morte de Maradona deve acontecer em 2025

A Justiça Argentina confirmou em abril de 2023 que o neurocirurgião Luciano Luque, responsável pela cirurgia em Maradona, e outros sete profissionais que cuidavam de Maradona iriam a julgamento por homicídio simples com dolo eventual, crime com pena prevista de oito a 25 anos.

A Câmara de Apelações e Garantias de San Isidro afirmou que a equipe médica cometeu “ações e omissões defeituosas, determinantes para o resultado da morte ora imputada”, enquanto uma junta médica disse em relatório que o ex-jogador teve “tratamento inadequado, deficiente e imprudente” e foi abandonado “à própria sorte”

O julgamento de uma das rés, Gisela Madrid, iniciou em outubro a pedido da acusada, que escolheu júri popular. O advogado dela criticou a investigação: “Você acha que um enfermeiro pode ter tido intenção, desejo ou vontade de matar Maradona? Ou interesse econômico? Esse julgamento é um absurdo”, afirmou.

Já o julgamento de outros sete réus, incluindo Luque, tem data prevista para 11 de março de 2025 após uma série de adiamentos a pedido dos advogados dos acusados, que solicitaram as mudanças para construir as estratégias e “garantir amplo direito de defesa”.

As audiências do processo acontecerão às terças, quartas e quintas-feira e terão cerca de 200 testemunhas, entre filhos de Maradona, a ex-mulher, irmãos, advogados e pessoas próximas. Foram analisados mais de 130 mil áudios como preparação ao julgamento.

Todos os réus pela morte de Maradona

  • Luciano Luque, neurocirurgião
  • Agustina Cosachov, psiquiatra
  • Carlos Ángel Díaz, psicólogo
  • Nancy Forlini, médica coordenadora da empresa Swiss Medical
  • Mariano Perroni, coordenador de enfermagem
  • Pedro Pablo Di Spagna, médico clínico
  • Ricardo Omar Almirón, enfermeiro
  • Dahiana Gisela Madrid, enfermeira*

*Julgamento iniciou em outubro deste ano, os demais serão julgados em março de 2025

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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