Um fantasma no ataque do Arsenal
Theo Walcott fez que fez drama porque queria jogar centralizado no ataque. Ser o centroavante, ou quase isso. Nesta terça-feira, contra o Arsenal, ele foi o jogador centralizado no ataque, que alguns diriam “falso nove” ou algo assim. Foi o mais avançado jogador do time. Pouco se viu dele, que passou a ser um dos jogadores mais caros do elenco. É verdade que o atacante faz uma ótima temporada, mas ainda parece distante de ser o jogador decisivo em jogos grandes, como esse perdido por 3 a 1 para o Bayern.
Foi o jogador que menos tocou na bola entre os que começaram jogando: apenas 22 vezes. Menos até que o goleiro Szczesny, que tocou 37 vezes na bola. Apenas uma vez foi perigoso de verdade – quando recebeu lançamento na direita de Rosicky e cruzou para chute de Giroud, bem defendido por Neuer. No mais, poucos toques na bola e todos pouco efetivos. Mesmo assim, Arsène Wenger não mudou o time no intervalo, perdendo por 2 a 0. Manteve Walcott ali, no meio dos zagueiros, sem conseguir ser efetivo.
VEJA MAIS:
Soberano: Bayern reino no Emirates e demole Arsenal
Porto vence retranca do Málaga e sai na frente
É verdade que o Arsenal melhorou na etapa final e passou a ter mais a bola – que não viu no primeiro tempo. Terminou o jogo com 58% de posse de bola, mas continuou sendo um time que roda demais a bola e entra pouco na área. Faltava a bola aérea, porque ela é importante de vez em quando. Faltou o chute de fora da área, também importante em momentos que o adversário se coloca atrás da linha da bola com a maior parte dos seus jogadores, que foi o que o Bayern fez. Time experiente, sabia que podia dar campo ao Arsenal e aproveitar para contra-atacar. Foi em um lance assim que chegou ao terceiro gol, contando com um misto de competência e sorte.
O Arsenal segue sendo um time bom ao técnica, bom toque de bola, mas que agride pouco o adversário. Mais do que isso, quando o adversário joga, tem dificuldade para recuperar a bola. O Bayern fez 28 desarmes na partida, enquanto o Arsenal fez 19. Só Thomas Müller, atacante, fez seis desarmes. O dobro de quem mais desarmou no Arsenal, o também atacante Lukas Podolski. Faz diferença no conjunto do jogo, especialmente porque no segundo tempo o Bayern recuou o time, chamou o Arsenal e teve campo para contra-atacar. Fora, 17 chutes do Bayern contra 10 do Arsenal, sendo que os alemães acertaram o alvo seis vezes contra três dos ingleses.
Um outro exemplo do que foi o Arsenal no jogo: Arteta foi quem mais tocou a bola, 119 vezes. O número de passes para chances de gol: zero. Wilshere e Sagna fizeram dois passes para chances de gol. É pouco para o time que joga em casa e pretende ganhar o jogo. Pose de bola sim, mas chances de gol não. No Bayern, quem mais tocou na bola foi o lateral direito Philipp Lahm, 101 vezes. E eles fez três passes para chances de gol – uma delas, para o terceiro gol do Bayern. Toni Kroos, autor do primeiro gol do time, fez quatro passes para chances de gol. Thomas Müller, autor do segundo gol, fez dois passes desse tipo.
As estatísticas não são suficientes para analisar um jogo. Mas quando se junta ao que se viu em campo, ajuda a entender a partida. O Bayern fez o que quis no jogo, marca 3 a 1 no placar e já olha com clareza as quartas de final no seu caminho. O Arsenal vai para a Alemanha, mas sabe que dificilmente voltará de lá sem estar eliminado. E a temporada do time começa a ficar sob risco de um fracasso. Mais do que arriscado a não ir à próxima Liga dos Campeões, o time pode acabar atrás do Tottenham, o que nunca aconteceu na gestão Wenger. Será a primeira vez?