O trio que simboliza uma geração que merecia demais a Copa
O grande momento havia chegado. A Alemanha já tinha vencido a Argentina, erguido a taça, conquistado a Copa do Mundo. Os jogadores festejavam o tetracampeonato que o país esperava há duas décadas. Miroslav Klose, no entanto, não sorria como os companheiros. Estava com as mãos no rosto, os olhos cheios de lágrimas, incrédulo de tudo o que estava acontecendo. Sem botar fé que o momento pelo qual tinha esperado a carreira inteira, enfim, havia chegado.
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A emoção veio de maneira diferente para cada um dos alemães. Schweinsteiger ainda estava com o rosto sangrando, marca de como lutou dentro de campo, mas não largava a taça em nenhum instante. Müller se isolou enquanto o resto do grupo dançava, pensando em tudo aquilo que havia acontecido, o menino da pequena cidade do interior que triunfava. Götze parecia tranquilo demais, ainda sem perceber que tinha marcado um gol que mudou a história do futebol alemão.
Desde a Copa de 2006, a Alemanha sustentou a fama de uma equipe de futebol bonito. Mas também de que não conseguia se impor nos momentos decisivos. Algo que mudou no Brasil. O jogo duríssimo contra a Argélia fez o Nationalelf se reinventar. Para superar um bom time da França, humilhar o Brasil dentro de casa e bater a Argentina de Messi. Para ninguém questionar mais o poder de decisão do time talentosíssimo. E que fez da experiência das derrotas um trunfo para chegar à vitória.
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Dentro de campo, foram três símbolos da vontade alemã na decisão. Klose não foi tão perigoso nas conclusões, mas não deixou de correr em nenhum instante. Aos 36 anos, se esforçou demais, até chegar o momento de sair. De despedir de uma história gloriosa em Copas do Mundo. Na lateral direita, Lahm foi perfeito em sua atuação. Não errou em nenhum instante e foi um dos trunfos dos germânicos na partida, por mais que não tenha decidido. E Schweinsteiger incorporou Rocky Balboa na final do Mundial. Apanhou, sangrou, sentiu dor. Não deixou de jogar com qualidade em nenhum instante, o esteio de um time tão talentoso. Distribuiu o jogo e também foi em cada dividida.
Justamente os três jogadores mais marcantes nessa caminhada alemã de quase uma década rumo ao topo do mundo. E que garantem de vez os seus lugares na história. Klose pode não ter sido um craque, mas poucos foram tão fulminantes em seu tempo. O maior artilheiro da história das Copas, e também o que mais venceu jogos no torneio. Lahm, o capitão que se une a tantos grandes, um lateral que não deixou de ser o melhor em sua posição nem quando jogou no meio-campo. Schweinsteiger, o melhor jogador do mundo que nunca é lembrado à Bola de Ouro, e que nunca precisou do reconhecimento individual para ser tão espetacular.
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Os três emblemas de um elenco que tem muitos outros jogadores que serão lembrados no futuro. Thomas Müller, Neuer, Hummels, Kroos, Özil, Khedira, Schürrle, Götze. Tantos jovens talentos que ainda poderiam ter o reforço de Reus. E que deverão render por mais algum tempo, possivelmente favoritos ao pentacampeonato em 2018. Não mais com Klose, que concluiu sua história grandiosa em Copas. Talvez sem Lahm e Schweinsteiger, que serão veteranos em fim de carreira. Mas que já cumpriram o grande o objetivo de carreiras tão brilhantes.
A Alemanha tem todos os méritos por sua conquista. Pelo trabalho de formação, pelo elenco fortíssimo e pela forma como Joachim Löw transformou seu time durante a campanha. A seleção alemã não foi perfeita em todos os momentos, mas foi a mais eficiente. E também teve muito coração, desde o carinho com os brasileiros fora de campo à garra dentro dele. Para coroar gigantes que mereciam como poucos uma conquista deste peso. Que mereciam uma Copa do Mundo.