A volta do que não foi: Eurocopa pode fazer Toni Kroos reavaliar aposentadoria da Alemanha

Quase três anos depois que anunciou a aposentadoria da Seleção Alemã, o meio-campista Toni Kroos considera voltar a defender o país visando a Eurocopa de 2024 (disputada na Alemanha), conforme revelou o jornal inglês The Athletic. O jogador do Real Madrid tem bom relacionamento com o técnico Julian Nagelsmann, agenciado pela mesma empresa do atleta, que chegou a dizer, em dezembro passado, que seria uma “ideia interessante” o retorno do meia. Ele ainda tem recebido apelos do colega alemão de clube Antonio Rüdiger para voltar ao selecionado.

Kroos decidiu se aposentar da Alemanha em julho de 2021 após a equipe ser eliminada pela anfitriã Inglaterra nas oitavas de final da Eurocopa 2020. À época, o meio-campista alegou que tinha tomado a decisão há muito tempo e sabia que não jogaria a Copa do Mundo de 2022 – na qual os alemães caíram, de novo, na fase de grupos. Ele também apontou o motivo pessoal de passar mais tempo com a família e poder focar nessa parcela final da carreira no Real Madrid.

Foram 106 partidas com a Alemanha, sendo o auge da passagem, obviamente, a conquista da Copa de 2014 no Brasil. Toni Kroos foi um dos jogadores mais regulares (se não o mais regular) da equipe de Joaquin Low, marcando um dos gols na vitória por 7 a 1 sobre a Seleção Brasileira de Luiz Felipe Scolari – além de eleito em melhor em campo – e jogando os 120 minutos da decisão vencida contra a Argentina.

O meio-campista de técnica acima da média no passe nunca venceu a Euro, competição que disputou três vezes e o máximo que conseguiu foi uma semifinal em 2016, quando foram eliminados pela anfitriã França (Kroos terminou na seleção dos melhores do torneio).

Mesmo aos 34 anos, o alemão teria muito a agregar a sua seleção. Na atual temporada pelo Real, ele soma 1884 minutos em campo, número superado por apenas cinco jogadores do elenco treinado por Carlo Ancelotti. São 29 partidas, um gol marcado e sete assistências distribuídas por La Liga, Champions League, Copa do Rei e Supercopa – título conquistado com Toni de titular. Com exceção do mata-mata nacional (já eliminados), os Merengues se colocam entre os favoritos para o restante das taças que disputam com Kroos absoluto entre os 11 iniciais, sempre à esquerda do meio-campo e apoiando a saída de bola ao lado dos zagueiros, dando um toque de mágica com seus passes que quebram linhas ou lançamentos perfeitos.

O futuro dele no Real Madrid é incerto. O contrato vai até o meio do ano e ainda não houve uma oferta oficial de renovação, apesar de um interesse público da gestão em estender o vínculo por mais uma temporada – e do jogador, que reiteradas vezes expressou a vontade de encerrar a carreira com a camisa branca.

Kroos pode se encaixar na Alemanha?

Nagelsmann assumiu o selecionado a partir de outubro do ano passado, vencendo apenas uma, empatando outra e acumulando duas derrotas seguidas para Turquia e Áustria. Nessas partidas apostou em diferentes escalações, mas montou preferencialmente um 4-2-3-1. Nesse esquema, Kroos teria dificuldade para encontrar espaço porque, naturalmente, os titulares seriam Joshua Kimmich e Ilkay Gündoğan. A solução seria montar um 4-3-3 com o jogador do Real Madrid mais à esquerda, como faz no clube, só que esse escalação forçaria o técnico mover o promissor Jamal Musiala para o lado do campo (ou para o banco mesmo). Um cenário improvável, visto que Toni não participou do ciclo de preparação e não seria justo – apesar da qualidade do meio-campista – montar um esquema apenas para acomodá-lo.

A Alemanha está em um grupo chato na Euro com Hungria, Suíça e Escócia, mas é possível avançar, ainda mais com o apoio da torcida. Antes da estreia na competição disputada entre junho e julho desse ano, o selecionado tem dois amistosos pesados, em março, contra França e Holanda.