Europa

Turquia vence amistoso agitado contra Alemanha em Olímpico invadido por turcos

Alemanha conviveu com vaias mesmo jogando em casa, e a Turquia se aproveitou do apoio das arquibancadas para vencer

Mais de um milhão de turcos vivem em território alemão. Neste sábado (18), parece que todos eles estavam no Estádio Olímpico de Berlim pelo barulho vindo das arquibancadas e que a Alemanha jogava fora de casa. O jogo provavelmente será uma lembrança inesquecível dos presentes, que viram a seleção da Turquia vencer os alemães por 3 x 2 em um amistoso que de amistoso nada teve.

Um dos gols do jogo foi marcado justamente por um turco nascido na Alemanha, o jovem de 18 anos Kenan Yildiz, além de Ferdi Kadıoğlu e Yusuf Sari. Pelo lado alemão, Kai Havertz e Niclas Füllkrug balançaram as redes.

O amistoso acontece em meio às Eliminatórias porque a Alemanha está classificada para Eurocopa 2024 por ser o país sede. A Turquia, líder do grupo C, já confirmou a vaga no torneio europeu e estava de folga na rodada, retornando aos gramados da competição na próxima terça-feira (21) contra o País de Gales.

A festa turca nas arquibancadas do Olímpico de Berlim (Foto: Icon Sport)

Um destaque negativo a parte é o momento da seleção alemã. Dos 10 amistosos desse ano, o time perdeu a metade, vencendo três e empatando outros dois. Hansi Flick foi demitido em setembro, ao ser goleado para o Japão, e Julian Nagelsmann assumiu a partir de outubro. O jovem técnico venceu o primeiro desafio, mas empatou com o México e agora foi derrotado pela Turquia, sofrendo seis gols nessas partidas. Agora, visitará a Áustria, também na próxima terça.

Alemanha começa voando, mas arquibancadas levam Turquia à virada

Sem Manuel Neuer e Ter Stegen, a Seleção Alemã contou com Kevin Trapp no gol. A escalação, firmada em um 4-2-3-1, tinha Kai Havertz improvisado como lateral-esquerdo (!), mas, obviamente no momento ofensivo, ele tinha maior liberdade para subir e jogar como um ponta, segurando o lateral-direito Benjamin Henrichs na defesa.

Em seu terceiro jogo como técnico da seleção, Vincenzo Montella montou a Turquia também no 4-2-3-1 no momento com e sem bola. Quando tinha a posse, deixava os pontas Kenan Yildiz, da Juventus, e Irfan Can Kahveci bem abertos, mas os laterais, principalmente Ferdi Kadioglu, tinham liberdade para subir e apoiar os ataques.

Desde os minutos iniciais até o fim do jogo, o barulho das arquibancadas do Olímpico chamou atenção. Toda vez que a Alemanha tinha a bola, vaias sem parar, ao contrário dos momentos de posse dos turcos, que eram exaltados e apoiados. A grande comunidade turca que vive em território alemão compareceu em peso ao estádio – além, claro, dos corajosos que viajaram pelo território europeu para chegar na Alemanha.

Porém, mesmo com o apoio vindo das arquibancadas, a Alemanha dominou os minutos iniciais e em apenas quatro minutos abriu o placar. Falta cobrada na área, a bola voltou para fora, rodou, chegou em Leroy Sané na direita, que em profundidade serviu o lateral Havertz, agora no meio da área, para marcar.

Com 15′, Sané ficou de cara com o goleiro após passe de Joshua Kimmich, mas o atacante do Bayern de Munique finalizou mal, torto, sem direção para o gol.

As vaias seguiam, a Alemanha tinha a bola, mas era a Turquia quem melhorava no jogo. Os lados do campo eram um caminho, a partir de inversões para sair da pressão ou buscando a velocidade mesmo, faltando efetividade para construir algo que incomodasse Trapp. O mais perto de trazer perigo foi Yusuf Yazici, que recebeu na área e, próximo ao goleiro, bateu em cima da marcação. Apesar de amistoso, o jogo estava quentíssimo.

Tão quente que estava a partida que Emre Akbaba saiu por lesão. O camisa 10 Abdülkadir Ömür entrou no jogo.

A melhora turca, enfim, foi recompensada aos 37 minutos e se aproveitando, de novo, dos lados do campo. Lançamento perfeito do zagueiro Abdülkerim Bardakci expôs a má recomposição de Sané, que viu Kadioglu disparar em suas costas. O lateral-esquerdo, destro, cortou para perna direita e fuzilou às redes de Trapp. O gol não parou a Turquia, que seguia bem, pressionando e criando.

Na pressão forçando um chutão da Alemanha, a seleção turca retomou a bola, o capitão Kaan Ayhan cruzou para Yazici, que deixou passar, mas Yildiz não perdoou: levou para perna direita e mandou uma bomba, colocada, que explodiu nas duas traves antes de entrar. A virada decretou o fim da etapa final.

Mais emoção: turcos retomam vantagem após empate

Salih Özcan ganhou uma oportunidade logo no intervalo, substituindo Ismail Yüksek. A Turquia começou pressionando, partindo para o ataque, mas cedeu um espaço mortal para Alemanha com apenas três minutos. Em contra-ataque, o promissor Florian Wirtz carregou desde o campo de defesa para dar a Niclas Füllkrug, que na esquerda cortou para dentro e bateu rasteiro para igualar o placar.

Alemanha x Turquia
Füllkrug até igualou o placar, mas Turquia teve força para retomar vantagem (Foto: Divulgação/DFB)

O ritmo era intenso, novamente mostrando que os times estavam jogando para valer. Özcan teve espaço de fora da área e deu uma pancada no gol de Trapp. A bola explodiu na trave.

Enxergando uma Alemanha melhor, Montella fez mais três mudanças na Turquia e colocou Alper Yilmaz (Yazici saiu), Yusuf Sari (Kehveci) e Eren Elmali (Kadioglu). A intensidade da partida era a mesma, com ambos os lados mostrando qualidade na saída de bola, apesar da presença de muitos adversários na marcação. A Seleção Alemã dominou bastante nesse momento, por volta dos 20 minutos, e parecia mais próxima do gol – mas o futebol nem sempre segue a lógica.

Em falta alçada na área, Bardakci estava na segunda trave e cruzou para trás, mas o braço aberto de Kai Havertz impediu a passagem da bola. No campo, o árbitro não marcou nada, porém teve a oportunidade de rever no VAR e confirmou o pênalti. Sari foi para cobrança e, mesmo batendo em Trapp, a bola foi para o fundo das redes.

Logo após o segundo gol, a última troca na Seleção Turca, agora com Kerem Aktürkoglu em campo. Nesse momento, pouco antes de meia hora da etapa final, Julian Nagelsmann fez suas duas primeiras substituições com as entradas de Serge Gnabry e Leon Goretzka.

A Alemanha teve a chance de igualar o placar com Julian Brand, que ficou de cara com o goleiro turco, mas Altay Bayindir ficou gigante e defendeu com o pé. No contra-ataque dessa jogada, Sari teve todo um campo aberto para sair sozinho, só que Henrichs deu um carrinho perfeito, na bola, desarmando e evitando um possível quarto gol.

O gol desanimou o bom momento da Seleção Alemã na partida, que não retomou aquele ritmo interessante antes de sofrer o terceiro tento turco. A Turquia, por outro lado, quase fez o quarto aos 35 minutos, com Yilmaz partindo para cima da marcação e chutando colocado para boa defesa de Trapp.

O time de Nagelsmann até tentou retomar o controle e quase teve o empate nos pés de Gnabry, desperdiçando cruzamento rasteiro de Hendrichs que passou na frente do gol de Bayindir. Mas o dia era dos turcos, que ainda gritaram “olé” para sua seleção no fim da partida.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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