Em (mais um) clássico insano, Atlético se vinga do Real Madrid, supera rival na prorrogação e avança na Copa do Rei

Oito dias depois de protagonizarem um jogaço na semifinal da Supercopa da Espanha, Atlético de Madrid x Real Madrid se enfrentaram novamente nesta quinta-feira (18), em partida válida pelas oitavas de final da Copa do Rei. E adivinha? Para variar, as equipes deram tudo de si dentro de campo e brindaram os amantes do futebol com mais um espetáculo de tirar o fôlego. E assim como no último duelo entre os rivais, a partida foi decidida na prorrogação. O vencedor, no entanto, dessa vez foi o Colchonero.

Com gols de Griezmann e Rodrigo Riquelme no empo extra, o Atlético levou a melhor, venceu o Real por 4 a 2 no Cívitas Metropolitano e garantiu vaga nas quartas de final do mata-mata nacional.

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— Atlético de Madrid (@Atleti) January 18, 2024

Vinicius Junior é vítima de racismo antes do início do clássico

O racismo contra Vinicius Junior se tornou rotina no futebol espanhol. E nesta quinta (18), o atacante brasileiro novamente foi vítima de preconceito. Antes da bola rolar para o Clássico de Madrid, um grupo de torcedores do Atlético ecoou cânticos racistas contra o camisa 7 do Real, o chamando de macaco nos arredores do Metropolitano. A informação é do portal “The Athletic”.

“É um macaco, Vinicius é um macaco”, diz o coro. Vale destacar que antes da partida o Atlético de Madrid alertou sua torcida com mensagens nos alto-falantes do estádio. No comunicado, o clube colchonero faz um apelo para os adeptos não cometerem racismo e altera sobre o risco de punições diante de tais atos preconceituosos.

– Insultos, cantos racistas e violência verbal ou física são puníveis por lei. Estamos aqui para assistir a um grande jogo, e os torcedores também fazem parte dele. Por favor, ajude o clube mostrando respeito -, disse a mensagem ecoada no estádio.

Não é de hoje que a torcida do Atlético de Madrid comete atos discriminatórios contra Vinicius Junior. Em setembro de 2022, por exemplo, um episódio semelhante foi registrado dentro e fora do Metropolitano. Já no início de 2023, um grupo de adeptos colchoneros simulou o enforcamento do atacante brasileiro com um boneco nas ruas de Madrid. Meses depois, o Ministério Público espanhol pediu a prisão por quatro anos para os responsáveis pelo crime.

Samuel Lino abre o placar, mas Real Madrid chega ao empate em falha bizarra de Oblak

A atmosfera no Cívitas Metropolitano impressionou. Torcida colchonera quente, barulhenta e muito a fim de fazer a diferença. Melhor para o Atlético, que buscou se aproveitar disso e tentou tomar a iniciativa em campo. Só tentou. Os primeiros minutos do clássico foram marcados por muito equilíbrio, cautela e estudo de ambos os lados. Com a marcação encaixada, as duas equipes pouco produziram. Até que aos 10′ Bellingham acertou a trave. O inglês recebeu lindo passe por elevação de Modric, deu caneta indecente em Witsel, se livrou de Rodrigo de Paul e encheu o pé. Vendido no lance, Oblak nada pôde fazer, a não ser olhar a bola caprichosamente explodir no poste.

O Atlético parecia nervoso e abusava dos erros de passe, seja no campo de defesa ou ataque. Em contrapartida, o Real mostrava tranquilidade e fluidez em suas ações. Aos 20′, Vinicius Junior descolou um mini lançamento na medida para Rodrygo, que ajeitou o corpo e finalizou. Oblak voou e espalmou. O próprio Vini pegou o rebote, arrematou e parou em nova intervenção providencial do goleiro esloveno. No lance seguinte, os colchoneros enfim responderam. Após cruzamento e bate e rebate na área merengue, a bola se ofereceu a De Paul. O volante argentino cabeceou consciente e obrigou Lunin a fazer boa defesa, sem dar rebote.

Com 38′ no relógio, o Atlético conseguiu furar a defesa do Real e abrir o placar em sua primeira chance de maior perigo no clássico. De Paul cruzou na área, Rüdiger desviou e tirou da cabeça de Saúl mas, sem querer, deixou Samuel Lino na boa para marcar no segundo pau. De primeira, o brasileiro se esticou todo, tocou de leve e superou Lunin: 1 a 0.

Quando tudo parecia se encaminhar para uma vitória parcial do Atlético no primeiro tempo, o Real Madrid empatou em falha bizarra de Oblak no último lance. Modric cobrou falta na área, o arqueiro tentou sair de soco em meio ao amontoado de jogadores, mas acabou jogando contra o próprio patrimônio. Erro crasso, que o esloveno não está acostumado a cometer.

Após Morata recolocar Atlético à frente, Joselu deixa tudo igual nos minutos finais

Com menos de um minuto de jogo, Rodrygo deu a letra de como o segundo tempo seria intenso. Carvajal avançou pelo lado direito, enxergou bem a passagem do atacante brasileiro e o acionou. O camisa 11 bateu os defensores na velocidade e chutou cruzado, mas na rede do lado de fora. Aos 12′, mais uma falha de goleiro no clássico. Dessa vez, contudo, foi Lunin quem errou. Morata não tinha nada a ver com isso e recolocou o Atlético na frente. No lance, Camavinga sem querer tocou para trás. O arqueiro ucraniano saiu do gol de maneira atabalhoada, espalmou na canela de Rüdiger e a bola acabou sobrando limpa nos pés do atacante espanhol, que só teve o trabalho de empurrar para as redes.

O gol fez bem aos colchoneros, que aumentaram a intensidade e passaram a dominar as ações no meio-campo. Aos 20′, Morata recebeu na área, girou e chutou, porém sem direção. A bola subiu demais e não levou perigo à meta defendida por Lunin. Pouco tempo depois, o Real Madrid ficou perto do empate. Brahim Díaz fez bela jogada individual pelo lado direito e serviu Rodrygo já dentro da área. O atacante brasileiro arrematou, contou com desvio no meio do caminho e acertou o travessão de Oblak.

Aos 32′, Griezmann apareceu sozinho após toque de Samuel Lino e bateu sem ângulo. Bem posicionado, Lunin fechou bem o espaço do camisa 7 e abafou o chute. Logo na sequência, Morata perdeu chance inacreditável cara a cara com Lunin, parando no arqueiro ucraniano. O lance levou Simeone a loucura na área técnica. Era a grande oportunidade do Atlético matar o jogo.

Dito isso, no futebol vale aquela famosa máxima: “quem não faz, leva”. E o Real Madrid provou isso aos 36′. Vinicius Junior puxou contra-ataque e acionou Bellingham no lado esquerdo da área. O camisa 5 se posicionou para o chute, mas cruzou na medida e achou Joselu, que havia acabado de entrar em campo. Livre de marcação, o centroavante testou consciente e deixou tudo igual.

Griezmann e Rodrigo Riquelme marcam na prorrogação e colocam Atlético nas quartas

Ao contrário do que se imaginava, o ritmo frenético do clássico permaneceu intacto na prorrogação, ao menos no primeiro tempo. Aos dois minutos, Llorente arriscou chute forte de fora da área e Lunin defendeu sem dar rebote. Na mesma moeda, o Real respondeu. Em contra-ataque rápido, Vinicius Junior recebeu pelo lado direito, experimentou arremate colocado e mandou para fora.

O jogo era lá e cá. A marcação de ambos os times afrouxou por conta do desgaste físico e os espaços apareciam frequentemente nos contra-ataques. Aos 9′ do primeiro tempo, o Real errou e o Atlético foi impiedoso. Vinicius Junior perdeu a posse no meio-campo e acabou dando um presentão para Griezmann. O francês arrancou em velocidade, superou o brasileiro na corrida, invadiu a área e, mesmo com pouco ângulo, acertou lindo chute: 3 a 2.

No segundo tempo, o Real Madrid não tinha outra alternativa a não ser se lançar ao ataque. E foi exatamente isso que os comandados de Carlo Ancelotti fizeram. Aos 5′, Ceballos mandou para as redes em lance confuso, mas a arbitragem anulou a jogada por impedimento. Bellingham, que finalizou para defesa de Oblak um pouco antes, estava adiantado. A pressão continuou, mas o Atlético tinha o antídoto para isso. A equipe de Simeone foi letal no contra-ataque e matou o jogo faltando dois minutos para o apito final. Rodrigo Riquelme recebeu de Depay na área e, livre de marcação, acertou belo chute colocado. 4 a 2 e classificação colchonera.

Estatísticas de Atlético de Madrid 4 x 2 Real Madrid – Copa do Rei 2023/24

• Posse de bola: 40% x 60%
• Faltas: 20 x 13
• Chutes: 18 x 19
• Chutes no gol: 12 x 7