30 gols em 7 jogos: como Kompany montou o ataque perfeito no Bayern de Munique?
A marca registrada do Vincent Kompany nesse início de trabalho no Bayern de Munique é o ataque -- mas como ele fez isso?
Após uma temporada sem títulos — algo que não acontecia desde 2011/12 –, o Bayern de Munique apostou na contratação de Vincent Kompany, rebaixado com o Burnley na Premier League. Neste início de trabalho, os Bávaros parecem ter acertado em cheio na escolha do treinador.
Invicto em 2024/25, o Bayern chamou a atenção por ser um verdadeiro rolo compressor de defesas adversárias. Em apenas sete partidas oficiais até aqui, os Bávaros já marcaram incríveis 30 gols — uma média de 4,28 por jogo.
Da última temporada para cá, o Bayern de Munique não reformulou seu elenco. Apenas alguns reforços pontuais foram anunciados. Então, o que explica esse ataque quase perfeito dos Bávaros?
Isso é o que a Trivela irá te responder. Mas um pequeno spoiler: tudo passa pelo estilo de jogo implementado pelo treinador belga nos últimos meses.
Data | Jogos | Campeonato |
---|---|---|
16/08 | Ulm 0 x 4 Bayern | Copa da Alemanha |
25/08 | Wolfsburg 2 x 3 Bayern | Bundesliga |
01/09 | Bayern 2 x 0 Freiburg | Bundesliga |
14/09 | Kiel 1 x 6 Bayern | Bundesliga |
17/09 | Bayern 9 x 2 Dinazo Zagreb | Champions League |
21/09 | Werder Bremen 0 x 5 Bayern | Bundesliga |
28/09 | Bayern 1 x 1 Bayer Leverkusen | Bundesliga |
Por que Bayern de Munique faz tantos gols com Kompany?
Apesar de cair com o Burnley para a Championship em 2023/24, Kompany é conhecido por ser um treinador ofensivo. Seu trabalho na segunda divisão inglesa — antes do acesso — e no Anderlecht representam isso.
Mesmo com apenas 38 anos, o belga carrega um currículo de peso no futebol dos tempos de jogador. Zagueiro de origem, Vincent Kompany transformou o Bayern de Munique em uma máquina de fazer gols.
Para isso, o técnico belga baseia suas ideias em três pilares fundamentais, que ajudam a explicar a eficiência ofensiva dos Bávaros: a formação tática para atacar, as rotações fluídas dos jogadores e uma marcação-pressão sem a posse da bola.
Esses pilares fazem com que o Bayern domine qualquer rival por completo, encurralando-o em seu próprio campo de defesa e criando superioridade numérica que possibilitam diversas finalizações por partida.
2-4-4
Com Kompany, os Bávaros aplicam uma mentalidade extremamente agressiva. O princípio é simples: colocar o máximo de jogadores possíveis avançados no gramado para que o Bayern de Munique possa atacar.
Desde os trabalhos de pré-temporada, o treinador tem utilizado o esquema 4-2-3-1 nos Bávaros. Entretanto, quando o Bayern avança a primeira fase de construção, o desenho tático é alterado para um 2-4-4.
Com isso, os laterais se juntam à linha do meio-campo, gerando amplitude para os Bávaros. Como consequência, eles se tornam opções de passe para os pontas do Bayern de Munique, já que o apoio sobrecarrega a marcação adversária.
Enquanto os dois volantes se conectam no centro de campo — criando um quadrado juntamente com os zagueiros –, o meia-atacante pode encostar no centroavante, se enfiando entre os zagueiros. Não à toa, a parceria entre Jamal Musiala e Harry Kane tem trazido frutos em 2024/25.
O posicionamento mais interno dos laterais permite aos Bávaros maior facilidade para rodar a bola de um lado para o outro. Mais do que isso, se um dos marcadores tenta pressionar esses jogadores, o Bayern pode passar diretamente para os pontas, que ficariam em uma situação de 1 x 1.
Outro detalhe é que, com esse desenho, os Bávaros seguram a posse da bola por longos períodos no campo adversário. Os zagueiros também costumam se aproximar da grande área do rival, sobrecarregando o centro do gramado.
Variedade tática e jogadores móveis
Aqui cabe destacar que o Bayern de Munique não se prende ao 2-4-4. A variedade tática é incentivada por Vincent Kompany através da rotação dos atletas, que são bastante móveis para encontrar os espaços.
Não é incomum, por exemplo, ver Kane se aproximando da defesa para ser opção de passe. Quando algo do gênero acontece, outro jogador dos Bávaros assume temporariamente a função, o que cria novas maneiras de atacar.
Ou seja, a rotatividade resulta em diferentes posicionamentos, tornando os Bávaros imprevisíveis. O 2-4-4 pode se tornar um 3-3-4, ou um 3-2-5. Em poucas palavras, o adversário é obrigado a adaptar constantemente sua defesa para tentar inibir o ataque do Bayern.
No último terço de campo, os Bávaros se prostram num 2-3-5 — padrão para a maioria das equipes do futebol europeu. Contudo, o pulo do gato do treinador belga é explorar os passes diagonais, quase sempre encontrando alguém desmarcado.
Se o Bayern de Munique ataca pela esquerda, Coman tentará cortar para o meio visando passar a bola para Kimmich, que tem um leque de possibilidades. Ele pode cruzar para a área, chutar ao gol ou até mesmo acionar quem vem pela direita.
Perde-pressiona
No papel, ter tantos jogadores avançados no setor ofensivo parece um convite de luxo aos contra-ataques. Entretanto, para não sofrer desse mal, o Bayern de Munique exerce o famoso perde-pressiona.
Ao perder a posse, os Bávaros tentam fazer de tudo para recuperar a bola da defesa adversária. A presença de seus zagueiros à frente da linha do meio de campo permite que o Bayern encurte os espaços, dificultando a rápida transição do rival.
A primeira fase de pressão dos Bávaros também é muito bem organizada. Musiala e Kane cercam os zagueiros adversários, que precisam entregar a bola para seus laterais. Os pontas do Bayern de Munique também fazem uma marcação cerrada.
Ao fechar os espaços curtos, os Bávaros incentivam o rival a buscar uma bola longa, cujo lançamento errado pode devolver a posse novamente ao Bayern. E se os adversários não conseguem avançar ao ataque, o time do treinador belga fará isso incansavelmente até o apito final.