Montolivo anuncia aposentadoria aos 34 anos e acusa: “Dá para dizer que o Milan me forçou a parar”

O meio-campista Copa do Mundo. Sem contrato com o clube de Milão desde julho, decidiu então encerrar a sua trajetória dentro de campo no futebol profissional. Mas foi duro nas palavras contra o Milan, seu último clube, pela forma como foi tratado.
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Carreira marcada por lesões
Montolivo é nascido em Milão e começou a carreira em outro clube da região, a Atalanta. Foi lá que se profissionalizou, em 2003. Jogou por lá duas temporadas, totalizando 79 jogos e sete gols marcados. Foi para a Fiorentina em 2005 por € 5,5 milhões. Foi lá que se estabeleceu como um jogador de destaque, atuando recuado como um volante que arma o jogo.
Em 2007, foi convocado pela primeira vez para a seleção italiana pelo então técnico Roberto Donadoni. Tinha 22 anos na época. Antes, tinha defendido as seleções de base, desde o sub-15, a partir de 2001, até a seleção olímpica italiana, dirigida por Pierluigi Casiraghi, em 2008. Ele chegou a estar na lista de pré-convocados para a Eurocopa, mas acabou cortado.
Jogou a Copa das Confederações pela Itália em 2009, já com o técnico Marcelo Lippi. Esteve também na Copa do Mundo de 2010, também com o técnico campeão do mundo em 2006. Em 2011, chegou a vestir a braçadeira de capitão da Itália em um amistoso com a Ucrânia, no dia 29 de março. Estava no elenco convocado para a Eurocopa de 2012 com o técnico Cesare Prandelli.
Depois daquela Eurocopa, se transferiu para o Milan após o fim do seu contrato com a Fiorentina. Na sua primeira temporada, foram 39 jogos e quatro gols marcados, comando todas as competições. Foi a temporada que mais atuou pelos rossoneri. Em 2013, esteve na Copa das Confederações, no Brasil. Foi mais tarde naquele ano que ele vestiu a braçadeira de capitão da Itália desde o início de um jogo pela primeira vez, no dia 18 de novembro, em um amistoso contra a Nigéria que terminou em 2 a 2.
Estava no grupo de jogadores de Prandelli para a Copa do Mundo de 2014, também no Brasil, mas no dia 31 de maio, em amistoso contra a Irlanda que acabou em 0 a 0, sofreu uma lesão grave: uma fratura na tíbia esquerda e acabou fora do Mundial.
Voltaria à seleção italiana com o técnico Antonio Conte, em 10 de outubro de 2015, em um jogo das Eliminatórias da Eurocopa de 2016. Estava na lista prévia de 30 anos para a Eurocopa de 2016, mas acabou fora do grupo final por uma lesão muscular na panturrilha esquerda.
A má sorte com as lesões continuou na seleção italiana. No dia 6 de outubro de 2016, novamente foi vítima de um problema físico. Em partida das Eliminatórias da Copa 2018, um empate por 1 a 1 com a Espanha em Turim, chocou com Sérgio Ramos e rompeu os ligamentos cruzados do joelho esquerdo, o que o fez ficar mais uma vez um longo tempo afastado.
Só voltaria a jogar em 19 de abril de 2017. Ainda jogaria duas partidas da reta final da temporada 2016/17, como capitão do Milan. No dia 7 de junho, voltou à seleção italiana em amistoso contra o Uruguai, sendo titular. Ainda jogaria mais uma última vez pela seleção, pelas Eliminatórias para a Copa 2018, contra Israel, no dia 5 de setembro de 2017. Entrou apenas no final do jogo, ficando em campo dois minutos. Foram 66 jogos no total pela Azzurra, com dois gols marcados.
Na temporada 2017/18, que efetivamente foi a sua última como jogador de futebol, foram 26 partidas disputadas (sendo 18 como titular), três gols marcados e duas assistências. No dia 10 de setembro de 2017 o meio-campista, que vestia a camisa 18 no Milan, marcou seu último gol na carreira, em jogo que o time perdeu da Lazio por 4 a 1.
Depois de um ano e meio sem entrar em campo, com uma temporada toda afastado do time, Montolivo abandona a carreira. Encerra o seu ciclo no futebol sem ter conseguido atingir o nível mais alto que se imaginou em algum momento que conseguiria. Em meio ao caos do Milan, acabou engolido e esquecido também. O jogador tem muitas reclamações a respeito do tratamento que ele recebeu do clube rossonero.
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Os problemas no Milan
“Eu irei parar de jogar agora”, afirmou o jogador, ex-seleção italiana, ao jornal Corriere dello Sport, nesta quarta-feira. “Eu irei continuar a viver em Milão com a minha família. O que eu irei fazer agora é algo que eu não sei, preciso pensar sobre isso”, continuou o meio-campista. “Você pode dizer que o Milan me forçou a parar de jogar. Eu não tive nem a chance de dizer adeus aos torcedores depois de sete anos”.
“Quando Gattuso preferiu colocar [Davide] Calabria no meio-campo em vez de me deixar jogar contra a Fiorentina, eu percebi que o problema não era eu e que as respostas às minhas perguntas nunca viriam”, afirmou o jogador.
“Eu falei com o treinador e ele me falou que os resultados dos testes físicos não estavam no mesmo nível dos meus companheiros. E não seria possível, já que eu não tinha autorização para treinar com o elenco até o meio de novembro”, disse Montolivo.
“Ele quase me pediu desculpas por isso. Depois de um treinamento com o elenco, eu fui convidado a treinar novamente, mas frequentemente sozinho e às vezes com Halilovic ou com o time primavera (das categorias de base)”, continuou o meio-campista. “Nada aconteceu entre Gattuso e eu. Eu não posso nem explicar esta situação a mim mesmo porque eu nunca recebi nenhuma resposta”.
“Quando Gattuso substituiu [Vincenzo] Montella, ele me chamou e a outros jogadores experientes para pedir conselhos e ter o apoio certo”, contou Montolivo. Ele ainda contou que quando o zagueiro Leonardo Bonucci foi contratado pelo Milan, ele perdeu a braçadeira de capitão em uma decisão que veio de cima.
“Eu não era mais o capitão com a chegada de [Leonardo] Bonucci, quando Mirabelli e Montella me disseram que eu deveria desistir da braçadeira. Eu respondi que isso não parecia uma boa ideia, porque o Milan era um grande clube com um equilíbrio complicado”.
“Outros companheiros de time como Bonaventura se encaixavam no posto melhor e a decisão deveria ter sido tomada no vestiário. Eles responderam que não haveria nenhuma discussão, que era decisão do presidente Yonghong Li [que depois deixou o cargo com a entrada da Elliot Management como dona do clube]. Eu tive a mesma resposta de Bonucci”.
Quando foi contratado o volante Lucas Biglia, vindo da Lazio, Montolivo sabia que precisaria brigar pela posição. O que ele não sabia é que ele sequer teria alguma chance para isso. “Biglia era uma grande contratação e isso mudaria a ordem de escolha. Ele iria ser titular e eu iria brigar pelo meu lugar no time”, afirmou Montolivo.
“No fim de julho, eu não viajei para os Estados Unidos com o resto dos meus companheiros, mas nunca me disseram por quê. Os dados do Milan Lab [centro médico do clube] confirmaram minha excelente condição, mas evidentemente esse não foi o problema real”.
“A decisão foi comunicada a mim por mensagem de texto de um gestor do time no dia anterior à viagem. Então eu também falei com Leonardo e com [Paolo] Maldini, todo mundo me disse que eu tinha me tornado a terceira opção, o que eu tinha que aceitar”.
“Mas foi o senso de indolência que me deixou mais triste. Depois do que aconteceu contra a Fiorentina, parecia claro para mim que eu não era nem terceira opção. Talvez eu fosse o nono reserva”.
O último jogo de Montolivo como jogador profissional foi no dia 9 de maio de 2018, na final da Copa da Itália, quando a Juventus já vencia o Milan por 4 a 0. Ele jogou apenas 10 minutos. “Para mim, entrar na final da Copa da Itália com 4 a 0 para a Juventus certamente não foi um sinal de respeito e carinho”, afirmou o meio-campista.
Apesar disso, o jogador continuou no Milan para a temporada 2018/19. Não entrou em campo nenhuma vez, em nenhum dos jogos que o clube rossonero fez. Por 21 vezes ele ficou no banco de reservas, mas não entrou. Nos demais jogos, sequer foi relacionado.
“Eu fiquei por diferentes razões. No fim de julho, eu não tinha sido relacionado para a pré-temporada, havia poucos dias para o final do mercado, que acabou no dia 15 de agosto. Os rumores começaram em janeiro. Eu estava bem e eu ainda estou bem, mas alguém não acreditou. Eu senti como se eles não quisessem ir contra o Milan ou me darem uma chance. Mas uma coisa está clara: eu nunca me recusei a me transferir”, relata o jogador.