Ilsinho e Matuzalém

O São Paulo está prestes a comprar um belo imbróglio judicial. O lateral-direito Ilsinho abandonou unilateralmente o Shakhtar Donetsk há algumas semanas e busca sua liberação oficial na justiça. Alega ter ficado quatro meses sem receber salários. Com isso, conseguiu algum parecer favorável nos últimos dias e, ao que parece, está prestes a assinar pelo Tricolor.
O clube ucraniano se defende negando o atraso, e não aceita liberar Ilsinho de graça. Afinal, pagou cerca de € 10 milhões ao mesmo São Paulo em 2007.
Nesse mesmo ano aconteceu algo que o jogador brasileiro e seus representantes, que o estão orientando muito mal agora, deveriam se atentar. O volante Matuzalém, à época atleta do Shakhtar, optou por abandonar a equipe, alegando uma série de problemas. Assinou com o Zaragoza em julho. O caso correu por muitos tribunais e foi parar no Tribunal Arbitral do Esporte, em Lausanne. No final das contas, após idas e vindas nas decisões, a decisão do TAS saiu em maio do ano seguinte: Matuzalém foi obrigado a desembolsar cerca de € 12 milhões ao Shakhtar – algo bancado pelo Zaragoza.
Pois bem. Ou Ilsinho e seus representantes estão muito certos – e cercados de provas – para fazer o que estão fazendo, ou seguem no mesmo – e errado – caminho de Matuzalém, hoje jogador da Lazio. E o São Paulo repete o Zaragoza. E não é necessário ser especialista em direito desportivo para perceber essa enorme confusão.
Além disso, ao longo dos anos o Shakhtar Donetsk já provou ser bom de briga nesses casos, assim como Rinat Akhmetov, presidente do clube, com bilhões para gastar e que nunca cede em brigas com jogadores. O que parece um grande negócio hoje, pode se tornar um abacaxi em pouco tempo.
Adendo (1): sobre essa história de brasileiros tristes querendo voltar do Leste Europeu, já deixei minha opinião aqui.
Adendo (2): nosso colunista de direito desportivo, Carlos Eduardo Moura, mandou o link da decisão contra o Matuzalém na íntegra. Cliquem aqui.