Guia da Premier League 2022/23 – Leicester: Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima
Após bater na porta da Champions League duas vezes, o Leicester teve uma temporada cheia de problemas e, ainda sem reforços, precisa se reenergizar para tentar de novo

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Cidade: Leicester
Estádio: King Power Stadium (32.273 pessoas)
Temporada passada – 8º lugar
Depois de duas edições em que passou quase toda a Premier League na zona de classificação à Champions League e perdeu a vaga na reta final, o Leicester decidiu fazer diferente: nem chegou a se aproximar dos quatro primeiros. A última temporada foi um sintoma comum de um time que durante tanto tempo jogou acima das expectativas. A galera fica cansada, física e mentalmente, de precisar passar tanto tempo perto do limite. Os problemas físicos foram abundantes. As Raposas nunca conseguiram a consistência que mostraram nos meses anteriores.
Construíram uma reputação tão boa que demorou para cair a ficha que nunca arrancariam. Passaram algumas semanas com muitos jogos a menos. Se os vencessem, se aproximaram do pelotão que briga por vaga em competições europeias, mas os homens de Brendan Rodgers nunca conseguiram emendar três vitórias seguidas. Quando março começou, haviam ganhado apenas sete vezes. Em 2020/21, a sétima vitória saiu no começo de dezembro.
Jamie Vardy, Wesley Fofana, James Justin, Jonny Evans e Ricardo Pereira perderam grandes parcelas da temporada por problemas físicos, encurtando um elenco até numeroso, mas com pouca qualidade além dos titulares e de uma ou outra opção. Duas participações consecutivas em competições europeias são excelentes para todos. Chegar à final da Copa da Inglaterra e ser campeão contra o Chelsea, mais ainda. Ninguém está reclamando, mas o excesso de jogos também cobra um preço.
O Leicester tentou usar a gasolina que tinha no tanque da melhor forma possível e, eliminado na fase de grupos da Liga Europa, disputou uma semifinal continental contra a Roma na Conference League. Mas no geral foi uma temporada à qual tinha que sobreviver, esperando recarregar as energias na pré-temporada para tentar voltar a ser candidato a uma vaga até na Champions League, como foi duas vezes. A sequência final deu os sinais: duas goleadas, um 3 a 0 sobre o Norwich e empate com o Chelsea.
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Mercado

Principais chegadas: n-i-n-g-u-é-m
Principais saídas: Kasper Schmeichel (Nice)
No meio de julho, Leicester e Girona eram os únicos clubes das cinco grandes ligas que não haviam feito uma contratação nesta janela de transferências. No dia 25, o clube espanhol aproveitou sua posição dentro do Grupo City para levar Taty Castellanos. Agora, apenas o Leicester. Brendan Rodgers não é um homem feliz.
Ele falou várias vezes que queria cinco ou seis reforços para renovar o seu elenco. Parece que não vai rolar. O Leicester não tem orçamento para transferências e só fará negócios após vendas. É um hábito até: desde o título, todas as suas janelas, menos a última, foram parcialmente financiadas por vendas acumuladas acima dos € 50 milhões.
Embora haja muitos interessados, nenhuma proposta concreta e aceitável chegou até agora. O Arsenal quer Youri Tielemanas, mas não está motivado a gastar muito por um jogador que entra no último ano do seu contrato. O Newcastle está negociando por James Maddison O Leicester pede alto. Wesley Fofana se tornou um dos principais alvos para a defesa do Chelsea. O Leicester pede muito alto.
E agora tem um problema para resolver porque Kasper Schmeichel, goleiro de 35 anos, ídolo e um dos seus melhores jogadores, saiu para o Nice. Não gerou muito dinheiro e terá que ser reposto. Outros jogadores mais periféricos como Boubakary Soumaré, Hamza Choudhoury, Jannik Vestergard e Ryan Bertrand podem ser negociados também e adiantar um pouco o processo, mas ainda não há uma enxurrada de interesse por eles, o que deixa o Leicester por enquanto como o único sem um encontro para o baile de formatura.
O elenco
Se por um lado o elenco do Leicester não está melhor, por outro também não está muito pior do que aquele que quase se classificou à Champions League duas vezes. Nas últimas duas janelas de começo de temporada, a única grande venda foi Ben Chilwell, O problema mesmo é o próximo ano porque muitos jogadores, incluindo Tielemans, Söyüncü, Vardy e Evans, estão chegando ao fim dos seus contratos.
Schmeichel era um goleiro de elite. Sua saída deixa um vácuo de baixo das traves. Talvez Danny Ward ganhe finalmente sua primeira grande oportunidade de ser titular na Premier League. Talvez o Leicester contrate outro goleiro. Quando está saudável, Ricardo Pereira é um excelente lateral direito. O problema é: ele raramente está saudável. Timothy Castagne quebra o galho nos dois lados, e James Justin tem evoluído bem. Ryan Bertrand é a opção de experiência, ainda sem convencer.
Fofana e Söyüncü formam uma das melhores duplas de zaga da Inglaterra. Mas se um deles se machucar, como aconteceu com Fofana, que estreou na Premier League apenas em abril, as opções não são das melhores. Vestergaard não passa de um zagueiro razoável para a liga inglesa, e Evans está com 34 anos. Daniel Amartey quebra um galho. Sem falar que é até provável que Fofana não fique.
Tudo no meio-campo começa a partir de Wilfried Ndidi, que também teve problemas físicos para chamar de seus e terminou a Premier League machucado. Papy Mendy nem chegou a ser inscrito na lista de 25 jogadores para o Campeonato Inglês e a Liga Europa em agosto, por causa das regras, e passou a ser utilizado apenas a partir de janeiro. Soumaré é outra opção mais defensiva para o setor.
Tielemans é quem organiza tudo no meio-campo, deixando James Maddison mais livre para influenciar o jogo perto da área. Ele vem de um ano incrível em que fez 18 gols e deu 12 assistências por todas as competições. As pontas são um problema crônico do Leicester desde a venda de Mahrez ao Manchester City. Harvey Barnes é o único jogador mais interessante que atua por ali, o que levou Maddison a ser deslocado à direita ou Rodgers e armar três zagueiros.
Patson Daka teve um primeiro ano aceitável como candidato a sucessor de Jamie Vardy. Encaixou alguns bons jogos e fez 11 gols em todas as competições. Quem caiu de rendimento (ou voltou ao normal) foi Kelechi Iheanacho, e muito do setor ofensivo ainda gira em torno do veterano Vardy, de 34 anos, que marcou 17 vezes na temporada.
O técnico

Brendan Rodgers está um pouco no limbo. É um excelente técnico para o segundo pelotão da Premier League, talvez não tenha nível para o Big Six. Passou por lá uma vez, pelo Liverpool, com bons e maus momentos, antes de marcar o seu nome no futebol escocês com uma penca de títulos pelo Celtic. O trabalho que conduz no Leicester está entre os melhores da Inglaterra, tanto que chegou a ser especulado em Tottenham e Manchester United, o que lhe daria uma nova chance de se sentar na mesa dos adultos. Acabou ficando e agora tem a missão de recolher os cacos de uma temporada cheia de problemas para mais uma vez brigar na parte de cima da tabela.
O futuro
Caso Tielemans seja negociado, talvez o Leicester tenha a solução dentro do seu elenco. Talvez não, mas o meia Kiernan Dewsbury-Hall teve a sua primeira temporada cheia como integrante do elenco principal das Raposas e não demorou para ganhar a posição no meio-campo. É uma cria das categorias de base, com 23 anos, alguns empréstimos às divisões interiores e potencial para ser ainda melhor.
Expectativa para a temporada
Se evitar lesões prolongadas dos seus principais jogadores, e não estiver mentalmente exausto, o Leicester, sem a distração de competições europeias, já mostrou que tem tudo que precisa para terminar a Premier League entre os sete primeiros e disputar competições europeias. Não é justo esperar que fique acima de um dos seis clubes mais ricos da Inglaterra, mas em condições plenas é um dos favoritos para ser o melhor do resto. Rodgers e seus comandados mostraram que podem chegar lá.