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Camisas campeãs

A tradição acabou predominando. Com exceção de Minas Gerais, onde o Ipatinga ficou com o título (Dadá Maravilha cantava esta pedra desde o início do campeonato), o peso da camisa falou mais alto. Uma pena, porque, em muitos dos estados, os menores eram os melhores. Atlético de Ibirama e Volta Redonda são apenas dois exemplos. Seria saudável para o futebol brasileiro que mais algumas dessas ditas “zebras” se consumasse e tomasse o título da mão dos medalhões. Mas, melhor do que isso, seria se XV de Novembro de Campo Bom, Atlético de Ibirama, Volta Redonda, Ipatinga, ou ao menos um desses, voltasse a assustar no ano que vem e nos próximos. O XV já mostrou que pode chegar lá. Foi semifinalista da Copa do Brasil no ano passado e este ano se saiu melhor do que o vencedor daquele torneio, o Santo André.

A regularidade é que mostra a evolução de um clube de futebol. A exemplo do que aconteceu com o São Caetano, que depois de inúmeros vice-campeonatos, sagrou-se campeão paulista, outras equipes de menor torcida também podem chegar lá. Hoje o São Caetano é grande e respeitado em todo o território nacional. E, por que não dizer, em todo o continente, já que chegou perto também de vencer a Libertadores. O Volta Redonda tem tudo para deixar de ser visto apenas como coadjuvante para passar a ser respeitado como protagonista, haja vista a mediocridade do futebol fluminense. Além disso, o time está instalado em uma cidade com economia própria, onde funciona a Companhia Siderúrgica Nacional. Se os dirigentes forem sérios e competentes, dentro de alguns anos, poderá desbancar muita gente Brasil a fora.

Eyes of the tiger

Não quero parecer adivinho. Mas, na primeira coluna deste Campeonato Catarinense, depois da goleada de 7 a 1 do Figueirense sobre algum adversário (do qual me esqueço o nome) alertei que era apenas a primeira rodada. No mesmo final de semana, o Criciúma vencera um amistoso por 8 a 0, sobre cujo adversário também não me recordo a graça. Fiquei surpreso com o entusiasmo da imprensa – principalmente da Capital – que já dava o título de campeão ao alvinegro. Pois aconteceu o que todos puderam testemunhar.

Grande parte desta mesma imprensa ficou inconsolável quando nenhuma das duas equipes de Florianópolis chegou à final. Não se conformaram em ver Atlético de Ibirama e Criciúma decidindo o campeonato. Pois, vos digo agora que o Atlético era melhor. Uma equipe mais coesa, mais entrosada. Mas talvez seus jogadores – e até mesmo torcedores e dirigentes – tenham pensado que já haviam chegado longe demais. Não acreditaram quando se viram perto do título. Foi o segundo vice-campeonato consecutivo do time, com a diferença que, em 2004, o título ficou com o Figueirense com sobras num quadrangular por pontos corridos.

Acho que faltou um jogador mais experiente à equipe, alguém que assumisse a responsabilidade, tocasse a bola na hora certa e puxasse os contra-ataques em velocidade, já que, com a vantagem do empate, o Atlético começou o jogo com a taça nas mãos. Jogando em casa e com o apoio da torcida, o time de Ibirama deveria ter ido para cima do adversário ao invés de se contentar com o resultado de igualdade. O gol do Tigre saiu num lance fortuito que poderia ter acontecido a favor do Atlético também. Sei que a esta altura, o torcedor do Criciúma deva estar furibundo ao ler esta coluna. Mas a equipe teve o mérito de saber se impor em campo adversário e fazer valer a sua maior tradição. Jogou melhor durante os 90 minutos, que é o que vale numa decisão.

Em um dos filmes da série “Rocky”, o treinador Apolo diz ao garanhão italiano por que ele perdera para um adversário. “Está faltando o olhar do tigre”, disse (referência a uma das músicas da trilha sonora, “Eyes of the tiger” que se tornou um clássico do cinema). Apolo se referia à vontade de vencer, à determinação e à garra que o oponente teve mais que seu pupilo. Na revanche, Rocky, já embuído não só do olha, mas do espírito do tigre, derrota inapelavelmente o seu adversário. Para Ibirama, fica o exemplo do campeão da Copa do Brasil de 91. Num regulamento como este, não adianta apenas ser o time mais regular, e sim, ser decidido, agressivo, determinado no momento da grande final, como foi o Criciúma que, coincidentemente ou não, é chamado de Tigre.

Debandada geral

Uma pena que agora ambas equipes devam se desfazer. Alguns jogadores do Atlético não estão dispostos a jogar a Série C do Brasileiro, muito menos a Série A2 do Catarinense. O desmonte deve ser grande. Já o Criciúma deve perder o meia Douglas, destaque do campeonato, para o futebol turco, como informou o repórter Martin Fernandez, do Jornal A Notícia. Tudo o que os dois clubes precisavam agora era manter – e reforçar – o atual plantel. Ao menos Mauro Ovelha, Benson e Paty, do Atlético poderiam ficar para dar continuidade ao trabalho desenvolvido em Ibirama. Sem uma continuidade, a vaga de candidato a próximo São Caetano continuará em branco.

Foto de Equipe Trivela

Equipe Trivela

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