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A história do futebol nas Olimpíadas

Desde a primeira edição em Atenas 1896 até o Rio 2016, confira edição por edição como o futebol esteve presente nas Olimpíadas, no masculino e no feminino

Texto publicado originalmente no dia 24 de julho de 2012, reeditado e expandido

Futebol masculino e Jogos Olímpicos parecem não ser muito compatíveis. Mesmo quando as chances de medalha de ouro são vivas para o Brasil, sempre há um ar de desconfiança diante daquele esporte. Como se, nas Olimpíadas, o esporte mais praticado do mundo fosse um intruso e devesse dar uma oportunidade para as outras modalidades aparecerem. O que fica claro quando se vê a história do futebol masculino olímpico.

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Aliás, o esporte teve vida tão conturbada nos Jogos que o fato de uma potência histórica indiscutível como a Alemanha nunca ter conquistado uma medalha de ouro, ou mesmo o Brasil só ter conquistado seu primeiro ouro em 2016, não é um absurdo. Se você é daqueles detalhistas, talvez se lembre que a Alemanha Oriental foi campeã olímpica em 1976, mas deu para entender, né? Afinal, desde a década de 1930 que as principais forças da modalidade não podem levar suas seleções principais.

Tudo por causa do amadorismo. Pierre de Fredy, o Barão de Coubertin, re-criador das Olimpíadas, era defensor ardoroso do amadorismo. Para ele, o esporte seria mais nobre se praticado por prazer, não por dinheiro. Assim, qualquer atleta que recebesse algum dinheiro ou prêmio em espécie poderia ser afastado das disputas olímpicas sob acusação de profissionalismo.

Claro que é algo hipócrita, mas isso fez com que os jogadores da NBA ficassem de fora dos Jogos até 1992, o tênis só fosse incorporado definitivamente no programa olímpico em 1988 e o futebol fosse um torneio “torto”. Isso porque países sem tradição como Irã e Japão podiam mandar suas seleções principais, claramente amadoras, e, eventualmente, vencer as equipes juniores das nações mais tradicionais. Sem contar com os países comunistas onde não existia profissionalismo e quase todos os atletas eram, oficialmente, militares, e, portanto, a prática do esporte era supostamente uma atividade paralela.

É possível dividir a história da modalidade nos jogos em três fases. Na primeira, que vai do início dos Jogos até o fim da Segunda Guerra Mundial, há muita desorganização, mas o torneio refletia um pouco a relação de forças do futebol internacional. Na segunda, entre as décadas de 1950 e 1970, no auge do “amadorismo”, há um enorme domínio do Leste Europeu, que enviava suas competitivas seleções principais para enfrentar times realmente amadores, compostos por juniores. Por fim, a fase “moderna”, em que a Fifa tentou igualar as condições e impôs limitações uniformes para todos os países.

VEJA TAMBÉM: E se criassem uma Olimpíada com todas as modalidades originadas do futebol?

Confira a história dos torneios em cada uma das edições das Olimpíadas:

JOGOS OLÍMPICOS – PERÍODO ANTIGO

Olimpíadas de Atenas (1896)

Abertura da Olimpíada de Atenas, em 1896 (Imago / OneFootball)

Os organizadores dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna demonstraram interesse em promover um torneio de futebol. Três equipes se apresentaram (representantes de Dinamarca, Atenas e Izmir), mas os registros foram perdidos. De qualquer modo, o torneio não foi considerado oficial.

Olimpíadas de Paris (1900)

Foto colorizada de Paris 1900 com uma luta acontecendo pela Olimpíada de Paris 1900 no Racing Club of France, em Waldchen (Imago / OneFootball)

Na confusão que foram os Jogos de Paris, havia vários eventos esportivos que não faziam parte da programação olímpica. Foi o caso do futebol. O Upton Park, da Grã-Bretanha venceu um triangular contra o Club Français (França) e um time de estudantes anglo-belgas (defendendo as cores da Bélgica). Os britânicos só aceitaram participar se fossem direto à decisão, contra o vencedor de um jogo entre franceses e belgas. Os franceses venceram por 7 a 4, mas perderam para os britânicos na final por 4 a 0. De qualquer forma, aquelas partidas foram consideradas mera demonstração, sem a entrega de medalhas aos participantes.

FICHA TÉCNICA

Club Français (FRA) 0x4 Upton Park (GBR)
Local: velódromo Municipal de Vincennes (Paris-FRA)
Público: cerca de 500
Árbitro: Moignard (França)
Club Français (FRA): Huteau; Bach e Allemane; Gaillard, Bloch e Macaire; Fraysse, Garnier, Lambert, Grandjean e Canelle
Upton Park (GBR): Jones; Buckingham e Grosling; Chalk, Burridge e Quash; Turner, Spackman, Nicholas, Zealey e Haslom
Gols: Nicholas (2), Turner e Zealey

Classificação final: 1º Upton Park (Grã-Bretanha), 2º Club Français (França), 3º Students XI (Bélgica)

Olimpíadas de Saint Louis (1904)

Abertura da Olimpíada de Saint Louis 1904 (Museu Olímpico e Paralímpico Americano)

Os Jogos de Saint Louis conseguiram ser mais mal organizados que os de Paris quatro anos antes. No meio da confusão que misturava a Feira Mundial, as Olimpíadas e os Jogos Antropológicos, foram realizadas algumas partidas de futebol. Em teoria, quatro equipes participariam: Universidade de Toronto e Galt, do Canadá, e Christian Brothers e Saint Rose School, dos Estados Unidos. A Universidade de Toronto desistiu e os demais times fizeram jogos sem uma ordem muito lógica. Como o Galt venceu os dois adversários, foi considerado vencedor do torneio. De qualquer forma, mais uma vez não houve distribuição de medalhas.

FICHA TÉCNICA

Galt (CAN) 4×0 St. Rose (EUA)
Local: Saint Louis
Público: desconhecido
Árbitro: Paul MsSweeney (Estados Unidos)
Galt (CAN): Linton; Ducker e Gourlay; Lane, Johnston e Christman; Taylor, Steep, Hall, Henderson e Twaits
Saint Rose (EUA): Frost; Crook e Jameson; Brady, Dierkes e Dooling; Costgrove, O'Connell, Jameson, Tate e Cook
Gols: Taylor (2), Hendersen e gol contra (autor desconhecido)

Classificação final: 1º Galt (Canadá), 2º Christian Brothers (Estados Unidos), 3º Saint Rose (Estados Unidos)

Olimpíadas de Atenas (1906)

Imagem retratada da Olimpíada de 1906, em Atenas (Imago / OneFootball)

Os Jogos Olímpicos de 1906 foram, com o tempo, perdendo relevância histórica e, hoje, são chamados de extra-oficiais ou Jogos Intermediários. Ainda assim, tiveram importância na continuidade do evento após duas edições fracassadas e esvaziadas. Para o futebol, também teve alguma relevância. Foi o primeiro torneio minimamente organizado, com quatro equipes jogando em sistema de mata-mata em jogos de ida. No final, a Dinamarca ficou com o título em um jogo que a seleção de Atenas abandonou por causa da goleada que sofria. O título não foi reconhecido oficialmente, como todas aquelas Olimpíadas.

FICHA TÉCNICA

Atenas 0x9 Dinamarca
Local: Podilatodromio (Atenas-GRE)
Público: desconhecido
Árbitro: Drake (Suécia)
Atenas: Panayotis Vrionis; Dekavalas e Gerondakis; Nikolaidis, Kalafatis e Konstantinos Botasis; Merkuris, Panayotis Botasis, Grigorios Vrionis, Siriotis e Yeorgiadis
Dinamarca: Viggo Andersen; Petersen e Buchwald; Ferslev, Rasmussen e Aage Andersen; Nielsen, Frederiksen, Lindgren, Rambuch e Heerup
Gols: desconhecidos

Classificação final: 1º Dinamarca, 2º Esmirna (Turquia), 3º Salônica (Turquia), 4º Atenas (Grécia). Obs.: por ter abandonado a partida final, Atenas foi desclassificada. Na época, a cidade de Salônica (atual Tessalônica) fazia parte do território Otomano.

Olimpíadas de Londres (1908)

Estádio White City, sede dos jogos de Londres em 1908 (Imago / OneFootball)

Foi a primeira vez que o futebol contou com medalhas nos Jogos Olímpicos. A França inscreveu duas equipes (A e B), mas ambas fracassaram diante da Dinamarca. Na primeira fase, o time B perdeu por 9×0. Nas semifinais, a seleção A foi massacrada por 17×1 (maior goleada da história do futebol olímpico), com 10 gols de Sophus Nielsen, um recorde em apenas uma partida olímpica. Na final, a Grã-Bretanha mostrou que ainda estava muitos passos a frente dos demais países e, em casa, ficou com o ouro.

FICHA TÉCNICA
Grã-Bretanha 2×0 Dinamarca
Local: estádio de White City (Londres-GBR)
Público: 8 mil
Árbitro: John Lewis (Grã-Bretanha)
Grã-Bretanha: Bailey; Corbett e Smith; Hunt, Chapman e Hawkes; Berry, Woodward, Stapley, Purnell e Hardman
Dinamarca: Drescher; Buchwald e Hansen; Bohr, Kristian Middelboe e Nils Middelboe; Oscar. Nielsen-Noerland, Lindgren, Sophus Nielsen, Wolfhagen e Rasmussen
Gols: Chapman (26/1º) e Woodward (1/2º)

Classificação final: 1º Grã-Bretanha, 2º Dinamarca, 3º Holanda, 4º Suécia, 5º França A, 6º França B

Olimpíadas de Estocolmo (1912)

Olimpíada de Estocolmo, em 1912 (Imago / OneFootball)

Com 11 seleções, foi o primeiro torneio olímpico de futebol com representatividade, mesmo que contando apenas com seleções européias. Na fase preliminar, Holanda, Áustria e Finlândia desclassificaram, pela ordem, Suécia, Alemanha e Itália. Nas quartas-de-final, a Grã-Bretanha arrasou a Hungria (7×0), a Holanda venceu a Áustria (3×1), a Finlândia seguiu surpreendendo (2×1 na Rússia, país que, na época, ocupava o território finlandês) e a Dinamarca bateu os rivais escandinavos da Noruega (7×0). Curiosamente, as equipes eliminadas nessas duas primeiras fases disputaram um torneio de consolação, sem nenhum valor para a definição do título. Nesse mini-torneio, a Alemanha fez 16×0 na Rússia e Fuchs igualou o feito do dinamarquês Nielsen ao fazer 10 gols em uma partida. Enquanto isso, nas semifinais, dinamarqueses e britânicos venciam seus adversários e repetiam a final olímpica de 1908. E, mais uma vez, o ouro ficou para a Grã-Bretanha.

FICHA TÉCNICA
Grã-Bretanha 4×2 Dinamarca
Local:
estádio Olímpico (Estocolmo-SUE)
Público: 25 mil
Árbitro: Christiaan Jacobus Groothoof (Holanda)
Grã-Bretanha: Brebner; Burn e Knight; McWhirther, Littlewort e Dines; Berry, Woodward, Walden, Hoare e Sharpe
Dinamarca: Sophus Hansen; Nils Middelboe e Harald Hansen; Buchwald, Jørgensen e Berth; Oscar Nielsen, Thufvason, Olsen, Sophus Nielsen e Wolfhagen
Gols: Waldens (10/1º), Hoare (22/1º), Olsen (27/1º), Hoare (41/1º), Berry (43/1º) e Olsen (36/2º)

Classificação final: 1º Grã-Bretanha, 2º Dinamarca, 3º Holanda, 4º Finlândia, 5º Hungria, 6º Áustria, 7º Alemanha, 8º Itália, 9º Suécia, 10º Noruega, 11º Rússia

Olimpíadas da Antuérpia (1920)

Estádio Anvers, em Antuérpia, na Bélgica, sede da Olimpíada de 1920 (Imago / OneFootball)

Aos poucos o futebol olímpico ganhava forma. Em 1920, teve jogos disputados em Bruxelas, Gent e, claro, Antuérpia. Na primeira fase, os finalistas das duas últimas Olimpíadas caíram. A Dinamarca perdeu por 0x1 para a Espanha do lendário goleiro Zamora, enquanto a Grã-Bretanha caía diante da Noruega (1×3). Os outros classificados foram Itália (2×1 sobre o Egito), Suécia (9×0 na Grécia), Holanda (3×0 em Luxemburgo) e Tchecoslováquia (4×0 na Iugoslávia). Nas quartas-de-final, Bélgica, Holanda, França e Tchecoslováquia passaram por Espanha, Suécia, Itália e Noruega. A semifinal teve um clássico regional entre belgas e holandeses. Com a vitória por 3×0, a seleção da casa garantia um lugar na final contra a Tchecoslováquia, que derrotara a Fraca por 4×0.

A final foi tumultuada. A Bélgica vencia por 2×0 quando, aos 39 minutos do primeiro tempo, os tchecoslovacos decidiram se retirar do campo em protesto com a arbitragem. O ouro ficou na Bélgica, mas, para não dar a prata à Tchecoslováquia, a organização decidiu realizar um mini-torneio para definir o dono da prata e do bronze. Melhor para a Espanha, que havia caído nas quartas-de-final. O bronze, pela terceira vez seguida, ficou com a Holanda.

FICHA TÉCNICA
Bélgica 2×0 Tchecoslováquia
Local: Estádio Olímpico (Antuérpia-BEL)
Público: 35 mil
Árbitro: John Lewis (Grã-Bretanha)
Bélgica: De Bie; Swartenbroeks, Verbeeck, Musch, Hanse, Fierens, Van Hage, Larnoe, Bragard, Coppée e Bastin
Tchecoslováquia: Klapka, Hojer, Steiner, Kolenatý, Pesek, Seifert, Sedlácek, Janda, Vaník, Mazal e Pilát
Gols: Coppée (6/1º, de pênalti) e Larnoe (30/1º)

Classificação final: 1º Bélgica, 2º Espanha, 3º Holanda, 4º França, 5º Itália, 6º Suécia, 7º Noruega, 8º Egito, 9º Dinamarca, 10º Grã-Bretanha, 11º Luxemburgo, 12º Iugoslávia, 13º Grécia, 14º Tchecoslováquia

Olimpíadas de Paris (1924)

Os Jogos de 1924 foram os primeiros a verem uma seleção que realmente marcaria a história do futebol. Com um jogo baseado em uma habilidade incomum e muita técnica, os Uruguai surpreendeu os europeus, que, naquele momento, conheciam uma escola completamente diferente de futebol, a sul-americana. Aquele torneio, com 22 participantes, contou com equipes de quatro continentes, algo notável para a época.

Na fase preliminar, o Uruguai mostrava força ao golear a Iugoslávia por 7 a 0. Dois dos favoritos se enfrentaram nessa etapa, com vitória da Itália por 1 a 0 sobre a Espanha. Também passaram Tchecoslováquia, Suíça, Hungria e Estados Unidos. Nas oitavas definal, os uruguaios bateram os Estados Unidos no confronto de americanos. O Egito também assustou com a vitória de 3 a 0 sobre a Hungria. A Itália seguia com dificuldades, com um magro 2 a 0 sobre Luxemburgo, a Suíça precisou de um jogo extra para desclassificar a Tchecoslováquia,a Irlanda (recém-independente do Reino Unido) passou pela Bulgária, a França arrasou a Letônia e a Holanda não teve problemas contra a Romênia. O resultado mais inesperado das quartas de final foi a vitória dos suíços sobre os italianos por 2 a 1. Enquanto isso, os uruguaios mostravam que o ouro era uma possibilidade realista ao golearem os donos da casa por 5 a 1. Holanda (2 a 1 na Irlanda) e Suécia (5 a 0 sobre o Egito) também estavam nas semifinais.

Com uma vitória por 2 a 1, o Uruguai mandava a Holanda decidir pela quarta vez consecutiva o bronze olímpico. Na final, pegariam outra surpresa: a retrancada Suíça, que venceu a Suécia por 2 a 1. Ainda vistos com desconfiança, os uruguaios conquistaram o título com autoridade: 3 a 0. Surgia a Celeste Olímpica.

FICHA TÉCNICA
Uruguai 3×0 Suíça
Local: Estádio Colombes (Paris-FRA)
Público: 41 mil
Árbitro: Marcel Slawick (França)
Uruguai: Mazali; Nasazzi, Arispe, Andrade, Vidal, Ghierra, Urdinarán, Scarone, Petrone, Cea e Romano
Suíça: Pulver; Reymond, Ramseyer, Oberhauser, Schmiedlin, Pollitz, Ehrenbolger, Pache, Dietrich, Abegglen e Fassler
Gols: Petrone (27/1º), Cea (18/2º) e Romano (36/2º)

Classificação final: 1º Uruguai, 2º Suíça, 3º Suécia, 4º Holanda, 5º França, 6º Itália, 7º Irlanda, 8º Egito, 9º Tchecoslováquia, 10º Hungria, 11º Estados Unidos, 12º Bulgária, 13º Luxemburgo, 14º Romênia, 15º Bélgica, 16º Letônia, 17º Espanha, 18º Estônia, 19º Turquia, 20º Polônia, 21º Iugoslávia, 22º Lituânia

Olimpíadas de Amsterdã (1928)

O goleiro Andres Mazali, do Uruguai, sai do gol na Olimpíada de Amsterdã, em 1928 (Imago / OneFootball)

O torneio de futebol dos Jogos de 1928 não começaram sem uma confusão de bastidores. A Grã-Bretanha acusou as seleções sul-americanas (Uruguai, Argentina e Chile) de profissionalismo e exigiu que o COI eliminasse essas três equipes ou aceitasse que a Grã-Bretanha enviasse à Holanda uma seleção composta por profissionais. A chantagem não funcionou e, para manter a palavra, os dirigentes britânicos retiraram sua equipe do evento.

A pressão não impediu que os sul-americanos dominassem a competição. Na fase preliminar, o Chile perdeu para Portugal na única derrota sul-americana em todo o evento. Essa superioridade ficou clara já nas oitavas-de-final, quando o Uruguai venceu a seleção da casa por 2 a 0 e a Argentina humilhou os Estados Unidos por 11 a 2. A outra favorita, a Itália, passou apertado pela França (4 a 3). Também passaram Alemanha (4 a 0 na Suíça), Espanha (7 a 1 no México), Egito (7 a 1 na Turquia), Portugal (2 a 1 na Iugoslávia) e Bélgica (5 a 3 em Luxemburgo). No torneio de consolação, o Chile mostrou que o futebol da América do Sul já era tão forte quanto o europeu, ao vencer o México e empatar com a Holanda.

Nas quartas de final, a caminhada sul-americana seguia inabalável, com o Uruguai vencendo a Alemanha por 4 a 1 e a Argentina goleando a Bélgica em um incomum 6 a 3. A Itália também passou, após fazer 7 a 1 em um jogo extra contra a Espanha. O quarto semifinalista era uma grande zebra: o Egito, que venceu Portugal por 2 a1.

No entanto, a capacidade de surpreender dos egípcios se esgotou. Nas semifinais, perderam de 6 a 3 da Argentina e, na disputa do bronze, foram massacrados por 11 a 3 para a Itália, que perdera em um emocionante 3 a 2 para os cisplatinos. Na final, Uruguai e Argentina mostravam que eram as melhores seleções de mundo na época. O jogo terminou em 1 a 1 e foi necessário um jogo desempate, vencido pelos uruguaios por 2 a 1.

FICHA TÉCNICA
Uruguai 2×1 Argentina
Local: Estádio Olímpico (Amsterdã-HOL)
Público: desconhecido
Árbitro: Johannes Mutter (Holanda)
Uruguai: Mazali; Nasazzi, Arispe, Andrade, Píriz, Gestido, Arremón, Scarone, Borjas, Cea e Figueroa.
Argentina: Bosio; Bidoglio, Paternóster, Médice, Monti, Evaristo, Carricaberri, Tarasconi, Ferreira, Perduca e Orsi
Gols: Figueroa, Monte e Scarone

Classificação final: 1º Uruguai, 2º Argentina, 3º Itália, 4º Egito, 5º Espanha, 6º Portugal, 7º Alemanha, 8º Bélgica, 9º França, 10º Iugoslávia, 11º Holanda, 12º Chile, 13º Luxemburgo, 14º Suíça, 15º Turquia, 16º México, 17º Estados Unidos

Olimpíadas de Berlim (1936)

A seleção italiana comemora o título na Olimpíada de Berlim 1936 (Imago / OneFootball)

A criação da Copa do Mundo, em 1930, fez com que o COI tivesse dificuldade em definir que atletas poderiam disputar um torneio olímpico, supostamente amador. Como os norte-americanos nunca tiveram no futebol um de seus passatempos esportivos prediletos, não houve torneio dessa modalidade nos Jogos de Los Angeles em 1932. Assim, o futebol olímpico só voltou em 1936, nas Olimpíadas de Berlim.

À exceção da Oceania, todos os demais continentes estiveram representados na Alemanha. Com o profissionalismo crescente em diversos países, o torneio olímpico de futebol começou a mudar de feições, com um aumento significativo de seleções B ou juniores. Mesmo assim, a Itália conseguiu mascarar o profissionalismo de alguns de jogadores e enviou uma seleção forte, que só teria adversários se Argentina e Uruguai mandassem representantes. Como os platinos desistiram do evento (foram substituídos pelo Peru), a azzurra não teve concorrentes do mesmo nível.

O número de participantes (16), ajudou a montar uma tabela simples, com jogos eliminatórios e sem fases preliminares. As oitavas de final viram algumas surpresas, como a vitória do Japão sobre a Suécia e as vitórias inesperadamente apertadas de Itália (1 a 0) e Grã-Bretanha (2 a 0) diante de Estados Unidos e China. De resto, foram normais as vitórias de Alemanha, Noruega, Polônia, Peru e Áustria sobre Luxemburgo, Turquia, Hungria, Finlândia e Egito.

Mais conturbadas foram as quartas de final. Em casa, a seleção alemã não atendeu às expectativas de Hitler e perdeu sem sequer chegar perto de uma medalha (0 a 2 contra a Noruega). Porém, a grande confusão ficou para Áustria x Peru. Os austríacos, que estavam entre as principais forças do futebol mundial na época, fizeram 2 a 0. No entanto, permitiram o empate peruano. Na prorrogação, um tumulto envolvendo torcedores sul-americanos paralisou a partida. No reinício, os peruanos foram melhores e marcaram mais dois gols. A Áustria não aceitou o resultado e pediu que a Fifa mandasse as duas equipes jogarem novamente. A solicitação foi acatada. Revoltados os peruanos voltaram para Lima.

Sorte da Áustria, que venceu a Polônia nas semifinais e garantiu um lugar na decisão (e uma medalha). A outra vaga ficou com a Itália, que venceu a Noruega por 2 a 1, placar que repetiria – após prorrogação – na final contra os austríacos.

FICHA TÉCNICA
Itália 2×1 Áustria

Local: Estádio Olímpico (Berlim-ALE)
Público: 90 mil
Árbitro: Peter Bauwens (Alemanha)
Itália: Venturini; Foni e Rava; Baldo, Piccini e Locatelli; Frossi, Mancini, Bertoni, Biagi e Gabriotti
Austria: Kainberger; Künz e Kargl; Krenn, Wahlmüller e Hofmeister; Werginz, Laudon, Steinmetz, Kainberger e Fuchsberger
Gols: Frossi (25/2º), Kainberger (35/2º) e Frossi (2/1º da prorrogação)

Classificação final: 1º Itália, 2º Áustria, 3º Noruega, 4º Polônia, 5º Peru, 6º Alemanha, 7º Grã-Bretanha, 8º Japão, 9º Suécia, 10º Estados Unidos, 11º Egito, 12º China, 13º Hungria, 14º Finlândia, 15º Turquia, 16º Luxemburgo.

Olimpíadas de Londres (1948)

Estádio de Wembley em 1948, onde foi a sede da Olimpíada (Imago / OneFootball)

O dogma da defesa incondicional do amadorismo (mesmo que sabidamente hipócrita) começou a prejudicar de forma mais significativa o futebol olímpico em 1948. Nesse momento, todos os países com tradição na modalidade já haviam se profissionalizado (exceção feita aos comunistas), o que afastou dos Jogos as principais seleções do mundo. Como a Copa estava se consolidando, começou a se desenhar o cenário que permanece até hoje, em que o futebol se sente desconfortável e deslocado no evento poliesportivo e em que é normal seleções tradicionais perderem para pequenos.

Nas Olimpíadas londrinas, os países ocidentais ainda respiraram um pouco. Primeiro, porque ainda havia os que não eram profissionais, como a Suécia e a Dinamarca. Outro motivo é que a Europa Oriental fora fortemente destruída durante a Segunda Guerra Mundial e sua estrutura esportiva estava se reorganizando.

Na fase preliminar, a Holanda desclassificou a Irlanda e Luxemburgo, em uma das partidas mais improváveis do futebol internacional, goleou o Afeganistão por 6 a 0. Mas as esperanças luxemburguesas acabaram nas oitavas de final, ao perderem de 1×6 para a Iugoslávia. Também passaram às quartas Suécia (3 a 0 na Áustria), Coréia (ainda uma só, fez 5 a 3 no México), Dinamarca (3 a 1 no Egito), Itália (9×0 nos Estados Unidos), Grã-Bretanha (4 a 3 na Holanda), França (2 a 1 na Índia) e Turquia (4 a 0 na China).

Com um ataque formado por Nordahl, Gren e Liedholm (que estavam em campo na final da Copa de 58 contra o Brasil), a Suécia não teve dificuldades em arrasar a Coréia, 12 a 0. Mais difícil foi a classificação de Dinamarca, Grã-Bretanha e Iugoslávia, contra, pela ordem, Itália, França e Turquia.

A boa fase sueca continuou nas semifinais, com uma vitória relativamente tranqüila no clássico escandinavo contra a Dinamarca (foto). Na outra partida dessa fase, a Iugoslávia acabou com as esperanças britânicas ao vencer por 3 a 1 em Wembley (como era a seleção da Grã-Bretanha amadora, esse resultado não foi considerado a quebra da invencibilidade inglesa no estádio londrino, o que ocorreria cinco anos depois).

Na decisão, os suecos venceram sem grandes dificuldades a Iugoslávia. Foi a última medalha de ouro conquistada por um país capitalista até os Jogos de Los Angeles em 1984. Tinha início a fase de hegemonia dos países do Leste Europeu no futebol olímpico.

FICHA TÉCNICA
Suécia 3×1 Iugoslávia
Local: estádio de Wembley (Londres-GBR)
Público: 60 mil
Árbitro: William Ling (Grã-Bretanha)
Suécia: Lindberg; Knut Nordahl e Nilsson; Rosengren, Bortil Nordahl e Andersson; Rosen, Gren, Gunnar Nordahl, Carlsson e Liedholm
Iugoslávia: Lovric; Brozovic e Stankovic; Zlatko Cajkovski, Jovanovic e Atanakovic; Cimermancic, Mitic, Bobek, Zeljko Cajkovski e Vukas
Gols: Gren (24/1º), Bobek (42/1º), Gunnar Nordahl (3/2º) e Gren (22/2º de pênalti)

Classificação: 1º Suécia, 2º Iugoslávia, 3º Dinamarca, 4º Grã-Bretanha, 5º Itália, 6º Turquia, 7º França, 8º Coréia, 9º Holanda, 10º Luxemburgo, 11º México, 12º Índia, 13 º Egito, 14º Áustria, 15º China, 16º Estados Unidos, 17º Irlanda, 18º Afeganistão

JOGOS OLÍMPICOS – PERÍODO COMUNISTA

Olimpíadas de Helsinque (1952)

A Hungria ficou com o título em 1952 com um timaço (Imago / OneFootball)

O processo de migração do centro de gravidade do futebol olímpico para o leste começou em 1948, mas, a partir de 1952, atingiu níveis insuportáveis. Sorte dos finlandeses que os Jogos Olímpicos que organizaram ainda mantiveram uma certa aura de honestidade desportiva, pois o melhor do mundo venceu.

Realmente, a seleção húngara pode ser considerada a melhor a atuar na história das Olimpíadas. Os magiares chegaram a Helsinque com uma invencibilidade de três anos, um projeto claro e realista de conquista do ouro olímpico e da Copa de 1954. Coincidentemente, os Jogos de 1952 também viram a estréia da seleção brasileira.

Formado por jovens, o time não teve forças para buscar o ouro. A formação-base era Carlos Alberto; Valdir, Mauro, Zózimo e Adésio; Édson e Milton; Larry, Vavá, Humberto Tozzi e Jansen. Desses, os que mais se destacariam no futuro seriam Mauro (capitão do título de 62), Vavá (campeão mundial em 58 e 62), Zózimo (reserva em 1958), Larry e Humberto Tozzi.

O Brasil estreou na fase preliminar goleando a Holanda por 5 a 1, gols de Larry (2), Humberto Tozzi, Jansen e Vavá. Nas outras partidas, a Hungria passou pela Romênia (2 a 1), a Itália massacrou os Estados Unidos (8 a 0), o Egito passou com muitas dificuldades pelo Chile (5 a 4), Luxemburgo armou uma enorme zebra contra a Grã-Bretanha (5 a 3), a Dinamarca eliminou a Grécia (2 a 1) e o leste Europeu começava a mostrar sua força, com vitórias de Polônia (2 a 1 na França), União Soviética (2 a 1 na Bulgária) e Iugoslávia (10 a 1 na Índia).

Nas oitavas de final, os brasileiros passaram um certo sufoco com a surpresa luxemburguesa, mas venceram por 2 a 1 (gols de Larry e Humberto Tozzi). Também passaram Hungria (3 a 0 sobre a Itália), Turquia (2 a 1 nas Índias Holandesas Ocidentais, atuais Antilhas Holandesas), Suécia (4 a 1 no clássico com a Noruega), Áustria (4 a 3 na Finlândia), Alemanha Ocidental (3  a1 no Egito), Dinamarca (2 a 0 na Polônia) e Iugoslávia (5 a 5 e 3 a 1 no jogo extra contra a União Soviética).

Os algozes da seleção brasileira foram os alemães-ocidentais, que venceram por 4 a 2 (gols brasileiros de Zózimo e Larry) nas quartas de final. A Hungria continuava sua caminhada inabalável com um sonoro 7 a 1 sobre a Turquia, a Suécia buscava o segundo ouro consecutivo e a Iugoslávia tentava um novo pódio.

Nas semifinais, a Hungria deixou claro aos suecos que aquele torneio tinha um time muito superior aos demais. Fez 6×0 e esperou a definição do adversário no dia seguinte. A Iugoslávia bateu a Alemanha Ocidental por 3 a 1 e garantiu um lugar na final olímpica pela segunda vez em seqüência. A final foi relativamente mais equilibrada. O que não significa que tenha sido difícil para os húngaros: 2 a 0, gols de Puskas e Czibor.

FICHA TÉCNICA
Hungria 2×0 Iugoslávia
Local: estádio Olímpico (Helsinque-FIN)
Público: 60 mil
Árbitro: Arthur Ellis (Grã-Bretanha)
Hungria: Grosics; Buzansky, Lorant e Lantos; Boszik e Zakarias; Hidegkuti, Kocsis, Palotas, Puskas e Czibor
Iugoslávia: Beara; Stankovic e Crnkovic; Cajkovski, Horvat e Boskov; Ognjanov, Mitic, Vukas, Bobek e Zebec
Gols: Puskas (25/1°) e Czibor (43/2º)

Classificação final: 1º Hungria, 2º Iugoslávia, 3º Suécia, 4º Alemanha Ocidental, 5º Brasil, 6º Dinamarca, 7º Áustria, 8º Turquia, 9º União Soviética, 10º Itália, 11º Luxemburgo, 12º Egito, 13º Polônia, 14º Finlândia, 15º Índias Holandesas Ocidentais, 16º Noruega, 17º Chile, 18º Grã-Bretanha, 19º Romênia, Grécia, Bulgária e França, 23º Holanda, 24º Estados Unidos, 25º Índia

Olimpíadas de Melbourne (1956)

Medalha de ouro do jogador Igor Netto, da União Soviética, conquistado em Melbourne 1956 (Imago / OneFootball)

Os primeiros Jogos Olímpicos no hemisfério sul trouxeram um desafio financeiro muito grande às delegações. Afinal, na década de 1956 era uma operação complicada levar vários atletas até a Austrália. Por isso, a competição de futebol – como, em geral, de quase todos os esportes – ficou esvaziada. Por exemplo, não houve representantes da América do Sul.

Além da distância, um fato político influiu muito na disputa do futebol em Melbourne. Menos de um mês antes do início das competições, tropas da União Soviética invadiram Budapeste para reprimir uma manifestação popular que pedia uma maior autonomia da Hungria em relação ao governo de Moscou. Justamente nessa época, os jogadores da seleção húngara, ainda a melhor do mundo, estavam fora de seu país em compromissos de seus clubes (basicamente o Honvéd e o MTK). Não voltaram mais. Pediram asilo político e alguns até mudaram sua nacionalidade. Era o fim dos Magiares Mágicos. Claro, a Hungria acabou não enviando representante algum ao futebol.

Mesmo assim, o favoritismo dos países do Leste Europeu ficou ainda mais enfatizado. Porém, na fase preliminar, a União Soviética sofreu para ganhar da Alemanha Ocidental (com uma equipe de garotos) por 2 a 1. A Grã-Bretanha humilhou a inexpressiva Tailândia (9 a 0) e a Austrália passou pelo Japão (2 a 0).

Nas quartas-de-final, o sorteio permitiu uma grande surpresa. Ao colocarem indianos e australiano na mesma chave, permitiu que um país sem a menor tradição no esporte chegasse às semifinais. Melhor para a Índia, que ganhou por 4 a 2. A União Soviética voltava a mostrar um futebol fraco tecnicamente, mesmo com a base da seleção que teve um bom papel na Copa de 1958, com Yashin, Kuznetsov , Netto e Ivanov. Empatou sem gols com a Indonésia e teve de usar a partida-extra para conseguir um lugar nas semifinais. Sem dificuldades foram as classificações de Iugoslávia (9 a 1 nos Estados Unidos) e Bulgária (6 a 1 na Grã-Bretanha).

O futebol da União Soviética só apareceu um pouco nas semifinais, com uma vitória sobre a Bulgária por 2 a 1. Enquanto isso, a Iugoslávia passava sem problemas pela Índia (4 a 1) e garantia sua terceira final olímpica consecutiva. E, também pela terceira vez, ficou com a prata. A União Soviética conseguiu seu gol no início do segundo tempo e segurou o ataque balcânico até o fim da partida.

FICHA TÉCNICA
União Soviética 1×0 Iugoslávia
Local: estádio Melbourne Olympic Park (Melbourne-AUS)
Público: 120 mil
Árbitro: R. Wright (Austrália)
União Soviética: Yashin; Baschaschkin, Ogognikov  e Kuznetsov; Netto e Maslenkin; Tatushin, Isaev, Simonian, Salinikov e Ilyin
Iugoslávia: Radenkovic; Koscak e Radovic; Santek, Spajic e Krstic; Sekularac, Antic, Papek, Veselinovic e Mujic
Gol: Ilyin (3/2º)

Classificação final: 1º União Soviética, 2º Iugoslávia, 3º Bulgária, 4º Índia, 5º Grã-bretanha, 6º Austrália, 7º Indonésia, 8º Estados Unidos, 9º Alemanha Ocidental, 10º Japão, 11º Tailândia.

Olimpíadas de Roma (1960)

Iugoslávia foi a campeã em Roma 1960 (Wikicommons)

Em 1960, o futebol olímpico começou a ter cara de torneio mais organizado. Os 16 países classificados foram divididos em quatro grupos, com os primeiros colocados passando às semifinais. Além disso, voltou a ter um caráter mais global (após a quase simbólica competição de Melbourne).

O Brasil voltou a aparecer. O time-base (Carlos Alberto; Nono, Décio, Dari e Roberto Dias; Rubens e Gérson; Silva, Paulinho Ferreira, China e Waldyr) tinha algum talento – sobretudo em Gérson, Roberto Dias e Silva – e fez uma boa campanha. Só não passou de fase porque pegou uma esperançosa Itália pelo caminho.

Em busca do ouro diante de seus torcedores, os italianos montaram uma equipe com jogadores promissores que tinham reais condições de romper com a hegemonia do leste Europeu. Os principais destaques desse time eram Rivera, Burgnich, Trapattoni e Bulgarelli.

Na primeira rodada, o Brasil passou pela Grã-Bretanha (4×3), enquanto os italianos goleavam Taiwan (4×1). Em seguida, o Brasil se isolou na liderança ao fazer 5×0 nos asiáticos, já que a azzurra empatara com os britânicos. Podendo apenas igualar o marcador, os brasileiros não conseguiram segurar os italianos e perderam o jogo decisivo do grupo por 3×1.

Nas outras chaves, poucas surpresas. A Iugoslávia superou Bulgária (os búlgaros empataram com os iugoslavos, mas perderam no sorteio), República Árabe Unida (país formado por Egito e Síria entre 1958 e 1961, sendo que o Egito manteve o nome RAU até 1971) e Turquia, a Dinamarca foi melhor que Argentina, Polônia e Tunísia e a reformulada Hungria ficou à frente de França, Peru e Índia.

Em uma das semifinais, os empolgados italianos encontraram os iugoslavos, em busca de sua quarta final olímpica seguida. O jogo ficou em 1×1 após a prorrogação. Pelo regulamento do torneio, a definição seria pelo cara-ou-coroa. A Itália perdeu e ficou fora da final do torneio que organizava. A outra vaga ficou com a Dinamarca, que venceu a Hngria por 2×0.

Dessa vez, a Iugoslávia não deixou o ouro escapar na decisão. Com um gol em menos de um minuto de jogo, os eslavos se colocaram na frente.Aos 10, já venciam por 2×0. Depois, bastou controlar a vantagem para garantir o título.

FICHA TÉCNICA
Iugoslávia 3×1 Dinamarca
Local
: estádio Flamínio (Roma-ITA)
Público: 40 mil
Árbitro: Concetto Lo Bello (Itália)
Yugoslavia: Vidinic;  Roganovic e Jusufi;  Perusic, Durkovic e Zanetic; Ankovic, Matous, Galic, Knez e Kostic
Dinamarca: From; Andersen e  Jensen; Hansen; Hans Nielsen e Flemming Nielsen; Pedersen,  Troelsen, Harald Nielsen, Enoksen e Sørensen
Gols: Galic (1/1º), Matous (10/1º), Flemming Nielsen (5/2º) e Kostic (27/2º)

Classificação final: 1º Iugoslávia, 2º Dinamarca, 3º Hungria, 4º Itália, 5º Bulgária, 6º Brasil, 7º Argentina, 8º Grã-Bretanha, 9º França, 10º Polônia, 11º Peru, 12º Índia, 13º República Árabe Unida, 14º Turquia, 15º Tunísia, 16º Taiwan

Olimpíadas de Tóquio (1964)

Hungria no alto do pódio com a medalha de ouro em Tóquio 1964 (Imago / OneFootball)

Historicamente, o fato mais marcante do futebol dos Jogos Olímpicos de Tóquio ocorreu bem distante do arquipélago que forma o Japão. Em um jogo do Pré-Olímpico Sul-Americano, a Argentina vencia o Peru por 1 a 0 em Lima quando o árbitro anulou um gol peruano. A torcida, inconformada, invadiu o gramado e iniciou uma grande confusão, que se tornou tumulto generalizado após ação desastrada da polícia. No final, 328 pessoas morreram no que foi, segundo dados oficiais, o jogo com maior número de mortos na história do futebol (o “segundo dados oficiais” é necessário porque fontes independentes afirmam que 340 torcedores morreram em um jogo da Copa da Uefa de 1982).

O regulamento do torneio de futebol das Olimpíadas de 1964 foi levemente diferente. Agora, os dois primeiros de cada grupo passavam de fase e compunham as quartas de final.

No grupo A, Alemanha Oriental e Romênia não tiveram problemas diante de México e Irã. No B, Hungria e Iugoslávia passaram por Marrocos (o quarto integrante da chave, a Coréia do Norte, foi desclassificada pelo COI). O Brasil de Roberto Miranda ficou no Grupo C e caiu no saldo de gols para a República Árabe Unida (Egito). O primeiro colocado foi a Tchecoslováquia – vice-campeã mundial da época – e o último, a Coréia do Sul. A chave D foi a mais surpreendente. A Itália desistiu de participar e a Argentina parecia sozinha. Mas os platinos fracassaram diante de Gana e Japão.

Nas quartas de final, a República Árabe Unida continuou surpreendendo e goleou Gana por 5 a 1. A Tchecoslováquia também passou com facilidade: 4 a 0 no Japão. As últimas duas vagas foram definidas em confrontos exclusivos do leste Europeu. A Alemanha Oriental acabou com a sequência de finais olímpicas da Iugoslávia ao vencer por 1 a 0. E a Hungria voltava a mostrar força ao vencer a Romênia por 2 a 0.

Não houve resultados inesperados nas semifinais. A Tchecoslováquia eliminou a Alemanha Oriental (2 a 1) e a Hungria arrasou a República Árabe Unida (6 a 0). Na final, os húngaros conquistaram seu segundo ouro olímpico ao vencer por 2 a 1. O pódio foi inteiro da Europa comunista, com a vitória da Alemanha Oriental sobre a República Árabe Unida por 3 a 1.

FICHA TÉCNICA
Hungria 2×1 Tchecoslováquia
Local: estádio Nacional (Tóquio-JAP)
Público: 75 mil
Árbitro: Menahem Ashkenazi (Israel)
Hungria: Szentmihalyi; Novak, Ihasz, Szepesi e Orban; Nogradi, Csernai e Komora; Farkas, Bene e Katona
Tchecoslováquia: Schumucker; Urban, Picman, Vojta e Weiss; Geleta, Mraz e Lichtnegl; Brumovsky, Masny e Valosek
Gols: Weiss – contra (2/2º), Bene (14/2º) e Brumovsky (35/2º)

Classificação final: 1º Hungria, 2º Tchecoslováquia, 3º Alemanha Oriental, 4º República Árabe Unida, 5º Romênia, 6º Iugoslávia, 7º Gana, 8º Japão, 9º Brasil, 10º Argentina, 11º México, 12º Irã, 13º Marrocos, 14º Coréia do Sul

Olimpíadas da Cidade do México (1968)

Hungria comemora contra a Bulgária na final da Olimpíada da Cidade do México 1968 (Imago / OneFootball)

Apesar de o domínio da parte comunista da Europa continuar evidente, o torneio de futebol das Olimpíadas mexicanas trouxeram uma novidade geopolítica. Pela primeira vez desde a implantação oficial do esporte, em 1908, uma medalha não ficou na Europa ou na América do Sul.

Foi uma competição com uma quantidade de resultados inesperados acima da média. A começar pela forma pela qual o Brasil foi desclassificado na primeira fase. Na estréia, uma derrota normal diante da Espanha (0 a 1). Em seguida, um empate fora dos planos com o Japão (1 a 1). Com esse retrospecto, o Brasil chegou à última rodada precisando vencer a Nigéria por quatro gols de diferença (ou três gols a partir de 4 a 1, pois o 3 a 0 levaria brasileiros e japoneses ao sorteio). No primeiro tempo, os sul-americanos fizeram 3 a 0 e praticamente garantiram a vaga nas quartas de final. No entanto, o time permitiu a reação africana e acabou em um melancólico empate em 3 a 3.

Além da classificação japonesa às custas do Brasil, foi possível ver Bulgária e a improvável Guatemala deixarem a Tchecoslováquia, medalha de prata quatro anos antes, e a figurante Tailândia pelo caminho. Também passaram França, México, Hungria e Israel, eliminando Colômbia, Guiné, Gana e El Salvador.

Os resultados esquisitos continuaram nas quartas de final, em que o Japão bateu a França por 3a 1. Os demais resultados foram mais normais, com vitória da Hungria sobre a Guatemala, da Bulgária sobre Israel (no cara-ou-coroa) e do México sobre a Espanha. O favoritismo só prevaleceu nas semifinais, com vitória tranqüila da Hungria sobre o Japão (5 a 0) e da Bulgária sobre o México (3 a 2).

Na disputa pela medalha de bronze, mais de 100 mil mexicanos lotaram o estádio azteca para ver seu país subir ao pódio no futebol olímpico. Saíram frustrados. Com dois gols de Yamamoto (artilheiro da competição), os orientais venceram por 2×0 e conquistaram a primeira (e até hoje única) medalha asiática no futebol.

Na final, a Bulgária saiu na frente, mas permitiu que a Hungria virasse ainda no primeiro tempo. No lance do segundo gol, os búlgaros reclamaram intensamente de impedimento. O árbitro mexicano Diego de Leo expulsou três jogadores balcânicos. Com oito jogadores em campo, a Bulgária não teve como evitar mais dois gols húngaros. Era o terceiro título  olímpico da Hungria, marca nunca igualada.

FICHA TÉCNICA
Hungria 4×1 Bulgária
Local: Estádio Azteca (Cidade do México-MEX)
Público: 75 mil
Árbitro: Diego de Leo (México)
Hungria: Fater; Novák, Lajos Dunai, Páncsics e Menczel; Szücs, Fazekas e Antal Dunai; Nagy, Noskó e Juhász
Bulgária: Yordanov; Guerov, Christiakov, Gaidarski e Ivkov; Georgiev, Dimitrov, Yantchovski (Kirik Christov); Jekov, Atanasse Christov e Donev (Ivanov)
Gols: Dimitrov (22/1º), Menczel (40/1º), Antal Dunai (41/1º e 4/2º) e Juhász (17/2º)
Cartões vermelhos: Atanasse Christov, Ivkov e Dimitrov (42/1º) e Juhász (43/2º)

Classificação final: 1º Hungria, 2º Bulgária, 3º Japão, 4º México, 5º Espanha, 6º Israel, 7º Guatemala, 8º França, 9º Tchecoslováquia, 10º Brasil e Colômbia, 12º Gana, 13º Guiné, 14º Nigéria, 15º El Salvador, 16º Tailândia

Olimpíadas de Munique (1972)

A seleção da Polônia comemora o ouro olímpico em Munique 1972 (Imago / OneFootball)

Para os Jogos de Munique, o Brasil levou uma equipe razoável, com jogadores que viriam a se tornar conhecidos como Falcão, Dirceu, Carlos Alberto Pintinho, Nielsen e Rubens Galaxie. Ainda assim, conseguiu fazer uma campanha mais ridícula que a da Cidade do México. Na estreia, perdeu da Dinamarca por 3×2, algo até aceitável. Após o empate em 1×1 com a forte Hungria, a seleção continuou com chances. Teria de golear o Irã e torcer por vitória dinamarquesa sobre a Hungria. Deu tudo errado: os magiares venceram os escandinavos e o Brasil perdeu para o Irã.

Nos demais grupos. Poucas surpresas, até porque a decisão de reduzir a participação europeia e democratizar mais o futebol olímpico deixou um desnível muito grande entre as seleções. Assim, Alemanha Ocidental e Marrocos tiveram de passar por Malásia e Estados Unidos, União Soviética e México desclassificaram Birmânia (atual Myanmar) e Sudão e Polônia e Alemanha Oriental arrasaram Colômbia e Gana.

Dessa vez, a segunda fase seria diferente. As oito seleções seriam divididas em dois grupos. Os primeiros colocados fariam a final, enquanto que os segundos lutariam pelo bronze. No Grupo A, a Hungria não teve rivais e venceu suas três partidas. O lugar na disputa do terceiro lugar ficou para ser decidido na última rodada, com um histórico Alemanha Oriental x Alemanha Ocidental. Com sua equipe principal, os orientais venceram por 3×2 o jovem time ocidental, cujos maiores destaques eram Hitzfeld e Hönness. No Grupo B, a Polônia já mostrava sinais de evolução que culminariam com o terceiro lugar nas Copas de 74 e 82.

Na final, os poloneses venceram de virada (2×1) e evitaram o tricampeonato olímpico da Hungria. Na disputa do bronze, 80 mil alemães foram ao estádio olímpico apoiarem os compatriotas do lado oriental contra a União Soviética. O jogo apitado por Armando Marques terminou em 2×2. Curiosa e ineditamente, não houve desempate. As duas seleções dividiram o bronze.

FICHA TÉCNICA
Polônia 2×1 Hungria
Local: estádio Olímpico (Munique-RFA)
Público: 30 mil
Árbitro: Kurt Tschenscher (Alemanha Ocidental)
Polônia: Kostka; Szoltysik, Gorgon, Kraska e Anczok; Cmikiewicz, Deyna (Szymczak) e Maszczyk; Gut, Lubanski e Gadocha
Hungria: Geczi; Vepi, Pancsics, Szucs e Juhasz; Balint, Ku (Kocsis) e Ede Dunai; Kozma, Antal Dunai (Toth) e Varadi
Gols: Varadi (42/1º) e Deyna (4 e 23/2º)

Classificação final: 1º Polônia, 2º Hungria, 3º União Soviética e Alemanha Oriental, 5º Dinamarca, 6º Alemanha Ocidental, 7º México, 8º Marrocos, 9º Birmânia, 10º Malásia e Colômbia, 12º Irã, 13º Brasil, 14º Estados Unidos, 15º Sudão, 16º Gana.

Olimpíadas de Montréal (1976)

Alemanha Oriental (centro) comemora medalha de ouro contra a Polônia (Imago / OneFootball)

A primeira vez que a África realmente impôs algum respeito no futebol internacional foi na Copa de 1978, quando a Tunísia vence o México e empatou com a Alemanha Ocidental. Antes disso, os africanos apenas protagonizavam poucos resultados expressivos e uma série de derrotas. Por isso, quando 22 países africanos decidiram boicotar os Jogos de Montreal devido à presença da Nova Zelândia (que teria demonstrado apoio ao regime racista da África do Sul ao excursionar por esse país), o nível técnico do futebol olímpico não foi fortemente abalado. Mesmo assim, houve o desconforto de ver uma competição com três participantes a menos (Nigéria, Gana e Zâmbia) devido a problemas políticos.

Dessa vez, o Brasil montou uma equipe mais forte, que poderia até pensar em medalha. Jogadores que teriam passagem pela seleção principal como o goleiro Carlos, o zagueiro Edinho, o volante Batista e o lateral Rosemiro estavam no Canadá. E, na primeira fase, a seleção teve excelentes resultados, vencendo a Espanha de Arconada e empatando com a forte Alemanha Oriental, resultados que garantiram o primeiro lugar ao Brasil no grupo que teria ainda a Nigéria.

No Grupo B, a França de Platini, Battiston e Luis Fernandez ficou em primeiro, seguida por Israel, México e Guatemala. Na chave que teria Gana, passaram Polônia e Irã, com Cuba ficando de fora. Por fim, União Soviética e Coréia do Norte desclassificaram os anfitriões (Zâmbia desistiu).

Nas quartas-de-final (a fórmula de disputa adotada em Munique, com dois grupos semifinais foi abandonada), o Brasil goleou Israel e garantiu uma vaga nas semifinais do futebol pela primeira vez em uma edição dos Jogos Olímpicos. Com dificuldade, a União Soviética bateu o Irã. Mais tranqüilas foram as vitórias de Alemanha Oriental sobre a França (4×0) e da Polônia sobre a Coréia do Norte (5×0).

A esperança do primeiro ouro olímpico do futebol brasileiro acabou com dois gols do polonês Szarmach nas semifinais. E, no final, o Brasil acabou sem medalha alguma, pois perdeu por outro 0x2 para a União Soviética na disputa do bronze. A decisão foi favorável à Alemanha Oriental, que se mostrou superior à Polônia e venceu por 3×1. Foi a maior conquista do futebol alemão-oriental e o único ouro olímpico conquistado por alemães, mesmo que a história dê à atual Alemanha os créditos do lado ocidental.

FICHA TÉCNICA
Alemanha Oriental 3×1 Polônia
Local:
estádio Olímpico (Montreal-CAN)
Público: 71.617
Árbitro: Ramón Barreto (Uruguai)
Alemanha Oriental: Croy; Dörner; Weise, Kische e Lauck; Kurbjuweit, Häfner e Schade; Löwe (Gröbner), Riediger (Bransch) e Hoffmann
Polônia: Tomaszewski (Mowlik); Wieczorek; Stymanowski, Zmuda e Wawrowski; Maszczyk, Deyna e Kasperczak; Lato, Szarmach e Kmiecik
Gols: Schade (7/1º), Hoffmann (14/1º), Lato (15/2º) e Häfner (39/2º)

Classificação final: 1º Alemanha Oriental, 2º Polônia, 3º União Soviética, 4º Brasil, 5º França, 6º Israel, 7º Irã, 8º Coréia do Norte, 9º México, 10º Guatemala, 11º Cuba, 12º Canadá, 13º Espanha.

Olimpíadas de Moscou (1980)

Tchecoslováquia contra Alemanha Oriental na final de Moscou 1980 (reprodução/Youtube)

O Pré-Olímpico sul-americano para os Jogos de 1980 foi disputado na Colômbia. O Brasil fez uma péssima campanha e terminou em quinto em um torneio com 7 seleções. Assim, pela primeira vez desde 1952, o Brasil ficava de fora do futebol olímpico por motivos técnicos.

Mas, pouco antes dos jogos de Moscou, os Estados Unidos decidiram boicotar o evento, levanto consigo uma série de países (a maioria sem grande expressão). O que afetou – e muito – o futebol. Na América do Sul, a Argentina renunciou à sua vaga. O terceiro colocado no Pré-Olímpico, o Peru, também aderiu ao movimento dos norte-americanos. Assim, ao lado da Colômbia, participou do futebol a Venezuela (!!!).

A série de boicotes não se limitou à Argentina. Os próprios Estados Unidos tinham vaga no futebol em Moscou. Em seu lugar foi Cuba. O mesmo ocorreu com Noruega (substituída pela Finlândia), Egito (Zâmbia), Gana (Nigéria), Malásia (Iraque) e Irã (Síria). Com isso, a competição ficou extremamente enfraquecida.

Para se ter uma ideia, Cuba, Kuait e Iraque passaram de fase! Ao lado da União Soviética, os caribenhos superaram Venezuela e Zâmbia no Grupo A. Enquanto isso, os kuaitianos ficaram na liderança ao lado da Tchecoslováquia, à frente de Colômbia e Nigéria. Os iraquianos foram melhores que Finlândia e Costa Rica, só perdendo para a Iugoslávia. Das seleções menos tradicionais, a única que merece algum crédito é a Argélia, que eliminou a Espanha e, na Copa de 1982, mostrou que tinha uma seleção realmente competitiva.

Foram as quartas-de-final mais previsíveis da história olímpica, com União Soviética x Kuait, Tchecoslováquia x Cuba, Alemanha Oriental x Iraque e Iugoslávia x Argélia. Basta ver a tradição das equipes para saber quem venceu os confrontos. Nas semifinais, a Alemanha Oriental provou que contava com uma boa geração e venceu por 1×0 a União Soviética, favorita por jogar em casa. A Tchecoslováquia passou pela Iugoslávia (2×0). Na final, os tchecoslovacos evitaram o bicampeonato dos alemães-orientais com um gol de Svoboda.

Para os Jogos de Los Angeles, o COI afrouxou a proibição de profissionais, o que mudou drasticamente os critérios do futebol olímpico. Com isso, as seleções do Leste Europeu perderam terreno e deixaram de ser as únicas forças da modalidade nos Jogos.

FICHA TÉCNICA
Tchecoslováquia 1×0 Alemanha Oriental
Local: estádio Luzhniki (Moscou-URS)
Público: 70 mil
Árbitro: Azim Zade (União Soviética)
Tchecoslováquia: Seman; Mazura, Macela, Radimec e Rygel; Rott, Berger e Stambachr; Vizek (Svoboda), Licka e Pokluda (Nemec)
Alemanha Oriental Rudwaleit; Muller, Hause (Liebers), Trieloff e Ullrich; Schnuphase, Terletzki e Steinbach; Baum, Netz e Kuhn
Gol: Svoboda (33/2º)

Classificação final: 1º Tchecoslováquia, 2º Alemanha Oriental, 3º União Soviética, 4º Iugoslávia, 5º Kuait, 6º Iraque, 7º Cuba, 8º Argélia, 9º Finlândia, 10º Espanha, 11º Colômbia, 12º Venezuela, 13º Nigéria, 14º Síria, 15º Zâmbia, 16º Costa Rica.

JOGOS OLÍMPICOS – PERÍODO MODERNO

Olimpíadas de Los Angeles (1984)

O time da França em 1984 (Divulgação/Olympics)

Para os Jogos de 1984, a Ffa e o COI decidiram mudar a regra que permitia apenas a participação de atletas oficialmente amadores no futebol. Era uma forma de valorizar e dar um tom mais realista ao torneio, dominado por países da Europa Oriental desde 1952. Foi até um momento oportuno, pois o boicote liderado pela União Soviética tirou praticamente todos os países comunistas da disputa. A partir das Olimpíadas de Los Angeles, poderiam disputar os Jogos atletas profissionais que nunca tivessem participado de Copas do Mundo.

Era a brecha que o Brasil precisava para sonhar pela primeira vez com o ouro olímpico. O fato de muitos clubes não haverem cedido seus jogadores não tirou as possibilidades daquela seleção, composta basicamente por atletas do Internacional e dirigido por Jair Picerni, técnico do Corinthians na época.

A primeira fase deu motivos para otimismo, com 100% de aproveitamento em um grupo que tinha a Alemanha Ocidental (com os futuros campeões mundiais Brehme e Buchwald), Marrocos (time que viria a se tornar a revelação da Copa de 86) e Arábia Saudita. Os alemães-ocidentais ficaram com o segundo lugar na chave.

Nas outras chaves também não houve grandes surpresas. França e Chile superaram Noruega e Catar, Iugoslávia (único país do Leste Europeu a disputar o futebol olímpico em 84) e Canadá passaram por Camarões (de Roger Milla) e Iraque e Itália e Egito deixaram pelo caminho Estados Unidos e Costa Rica.

Nas quartas de final o Brasil teve problemas. Após um empate em 1×1 com o Canadá (o gol brasileiro foi de Gilmar Popoca), a vaga nas semifinais foi decidida nos pênaltis. O Brasil venceu por 5×3 e continuou sua busca pelo ouro. O favoritismo também prevaleceu nas outras partidas, com vitórias de Itália, França e Iugoslávia sobre Chile, Egito e Alemanha Ocidental.

O Brasil decidiu com a Itália uma vaga na final e a garantia da conquista de uma medalha olímpica. A azzurra também estava com um time forte, com Tancredi, Vierchowod, Ferri, Filippo Galli, Franco Baresi, Bagni, Serena, Fanna e Massaro. O jogo terminou em 1×1, mas, na prorrogação, um gol do lateral-direito Ronaldo deu a vitória ao Brasil. Na outra semifinal, a França fez 2×0 no primeiro tempo, mas permitiu o empate iugoslavo. No prolongamento, os franceses fizeram mais dois gols e também chegaram à sua primeira final olímpica na modalidade.

Para azar do Brasil, 1984 parecia ser o ano da França. A seleção principal conquistara, em casa, a Eurocopa dois meses antes. Em Los Angeles, foi a vez da equipe olímpica garantir um título ao futebol gaulês. A vitória por 2×0 sobre o Brasil veio com dois gols no segundo tempo. Ainda assim, a prata foi o melhor resultado dos brasileiros na história do futebol olímpico.

FICHA TÉCNICA
França 2×0 Brasil
Local: estádio Rose Bowl (Los Angeles-EUA)
Público: 101.970
Árbitro: Jan Keizer (Holanda)
França: Rust; Jeannol, Bibard, Zanon e Ayache; Lacombe, Bijotat e Rohr; Lemoult, Brisson (Garande) e Xuereb (Cubaynes)
Brasil: Gilmar; Ronaldo, Pinga, Mauro Galvão e André Luís; Dunga, Ademir e Tonho (Milton Cruz); Silvinho, Gilmar Popoca e Kita (Chicão)
Gols: Brisson (10/2º) e Xuereb (17/2º)

Classificação final: 1º França 2º Brasil, 3º Iugoslávia, 4º Itália, 5º Alemanha Ocidental, 6º Canadá, 7º Chile, 8º Egito, 9º Estados Unidos, 10º Noruega, 11º Camarões, 12º Marrocos, 13º Costa Rica, 14º Iraque, 15º Catar, 16º Arábia Saudita

Olimpíadas de Seul (1988)

O ouro de 1988: A União Soviética tinha uma coleção de medalhas olímpicas significativa até 1988. Mesmo assim, a medalha em Seul tem valor especial, em um país que vivia o seu ocaso. Os soviéticos começaram a campanha deixando para trás a Argentina na primeira fase. Nas semifinais, eliminaram a Itália em partida dramática. Até o triunfo sobre o grande Brasil de Romário, Taffarel e outras lendas na decisão, por 2 a 1, na prorrogação.

Após duas edições com mega-boicotes, os Jogos de Seul voltariam a ter Estados Unidos, União Soviética e alguns de seus mais importantes coadjuvantes. Só Cuba ficou de fora, mas isso tem pouca relevância no futebol. E aquele foi o mais interessante torneio de futebol da história olímpica.

As quatro seleções mais vitoriosas do esporte – Brasil, Alemanha Ocidental,  Itália e Argentina – estavam na Coréia do Sul com equipes competitivas. Outra força era a União Soviética, que não contava mais com a vantagem do amadorismo de fachada, mas ainda era uma seleção de respeito.

O Brasil estava mais forte que em Los Angeles, levando alguns dos nomes que conquistaram o bicampeonato mundial Junior em 1985 e outros jogadores de destaque no futebol doméstico. Para se ter uma idéia, na seleção de Carlos Alberto Silva estavam atletas como Romário, Taffarel, André Cruz, Jorginho, Neto, Bebeto, Valdo, Ricardo Gomes e Mazinho.

Na primeira fase, o Brasil foi supremo, vencendo a forte Iugoslávia (de Stojkovic, Suker e Katanec, com base no time campeão mundial Junior em 1987), a Austrália e a ainda inofensiva Nigéria. Em um resultado surpreendente, os australianos venceram os iugoslavos e ficaram com o segundo lugar no grupo.

Mas nenhuma surpresa foi tão grande quanto a vista no grupo B. Tudo começou como esperado, com goleada da Itália sobre a Guatemala (5×2) e empate entre Zâmbia e Iraque (2×2). No entanto, na segunda rodada, os africanos venceram os italianos por humilhantes 4×0, dois gols do jovem Kalusha Bwalya. Na rodada final, os zambianos fizeram outro 4×0 (agora na Guatemala) e garantiram o primeiro lugar no grupo. A Itália teve de vencer o Iraque para poder passar de fase.

Nos outros grupos, resultados relativamente normais. Suécia e Alemanha Ocidental ficaram à frente de Tunísia e China e União Soviética e Argentina passaram por Coréia do Sul e Estados Unidos. Curiosamente, a classificação soviética foi assegurada com uma vitória por 4×2 sobre os norte-americanos.

Após os resultados da primeira fase, Zâmbia começou a ser vista com grande respeito. Por isso, a forma como os africanos caíram diante da Alemanha Ocidental foi surpreendente, uma goleada por 4×0. Também fácil foi a vitória da União Soviética sobre a Austrália (3×0). A Itália de Tacconi, Virdis, De Agostini, Rizzitelli e Carnevale, agora vista com desconfiança, venceu a boa Suécia de Limpar, Dahlin e Thern por 2×1 na prorrogação.

Para o Brasil, a vaga nas semifinais viria após uma dramática vitória em um clássico contra a Argentina. Claramente superiores, os brasileiros não conseguiam passar pela defesa platina. Até que, aos 31 do segundo tempo, Geovani pegou a bola em um rebote e ameaçou lançar. O goleiro Islãs tentou adivinhar o lance e se deslocou para a esquerda. Vendo o gol aberto, Geovani mudou a jogada e chutou direto ao gol, pegando o goleiro argentino no contra-pé.

Na primeira semifinal, a União Soviética empatou em 1×1 com a Itália. Na prorrogação, fizeram dois gols e garantiram a vaga. Os italianos até diminuíram no último minuto, mas não adiantou.

Houve emoção nessa partida, mas o melhor jogo do torneio foi protagonizado por brasileiros e alemães-ocidentais. Comandados por Hässler e Klinsmann, os germânicos saíram na frente aos 6 minutos do segundo tempo. Após muita pressão, Romário empatou para o Brasil. Na prorrogação, a Alemanha Ocidental teve um pênalti a seu favor, mas Taffarel defendeu a cobrança de Klinsmann. A decisão foi para os pênaltis e, mais uma vez, o goleiro brasileiro desequilibrou, defendendo mais uma cobrança.

O Brasil chegou como favorito à final e o gol de Romário – que assegurou a artilharia do torneio ao atacante vascaíno – só confirmava essa tendência. No entanto, os soviéticos equilibraram a partida no segundo tempo e conseguiram um empate de pênalti. Na prorrogação, o Brasil tomou a iniciativa e, em uma falha de André Cruz, Savichev aproveitou um contra-ataque e deu o ouro aos soviéticos.

FICHA TÉCNICA
União Soviética 2×1 Brasil
Local: estádio Olímpico (Seul-CSU)
Público: 73 mil
Árbitro: Gerard Biguet (França)
União Soviética: Kharine; Ketashvili, Yarovenko, Gorlukovich e Losev; Kuznetsov, Dobrovolski, Mikhailichenko e Tatarchuk; Liuty (Skliyarov) e Narbekovas (Savichev)
Brasil: Taffarel; Luís Carlos Winck, André Cruz, Aloísio e Jorginho; Andrade, Milton e Neto (Edmar); Careca, Bebeto (João Paulo) e Romário
Gols: Romário (30/1º), Dobrovolski (17/2º, de pênalti) e Savichev (14/1º da prorrogação)
Cartões vermelhos: Tatarchuk (5/2º da prorrogação) e Edmar (13/2º da prorrogação)

Classificação final: 1º União Soviética, 2º Brasil, 3º Alemanha Ocidental, 4º Itália, 5º Zâmbia, 6º Suécia, 7º Austrália, 8º Argentina, 9º Iraque, 10º Iugoslávia, 11º Coréia do Sul, 12º Estados Unidos, 13º Tunísia, 14º China, 15º Nigéria, 16º Guatemala

Olimpíadas de Barcelona (1992)

Time da Espanha comemora o gol do título de Kiko na final do futebol masculino na Olimpíada de 1992 (AP Photo/Thomas Kienzle)

Após duas tentativas frustradas de conseguir o ouro, o Brasil começou a tratar o futebol olímpico com uma importância maior que o normal. Por isso, preparou uma equipe forte para o Pré-Olímpico, que já refletia as novas orientações da Fifa. Agora, seriam permitidos apenas jogadores com menos de 24 anos nos Jogos Olímpicos, com exceção de 3 atletas.

No torneio classificatório, disputado no Paraguai, a seleção começou bem e até bateu a equipe da casa – que contava com Arce e Gamarra – na primeira fase. No entanto, as falhas da defesa foram fatais diante da Colômbia de Asprilla e a decisão da vaga ficou para a última rodada. Bastava uma vitória simples diante da fraca Venezuela, mas o Brasil conseguiu ficar em um empate em 1×1. Na outra chave do pré-Olímpico, a Argentina também se complicou e ficou atrás de Uruguai e Chile. Assim, paraguaios, chilenos, uruguaios e colombianos disputaram as duas vagas para as Olimpíadas de Barcelona. Melhor para os guaranis e os cafeteros.

Sem Brasil e Argentina, o favoritismo ficou para Espanha e Itália. Os donos da casa confirmaram as expectativas e ficaram em primeiro lugar em seu grupo, à frente de Catar, Egito e da decepcionante Colômbia (última da chave). A Itália passou, mas não conseguiu desenvolver seu jogo. Venceu os Estados Unidos com dificuldade (2×1), foi goleada pela Polônia (0x3) e bateu o frágil Kuait por 1×0. No grupo mais equilibrado do torneio, Gana e Austrália desclassificaram México e Dinamarca. Na chave restante, Suécia e Paraguai passaram por Coréia do Sul e Marrocos.

O primeiro jogo das quartas-de-final colocou as duas equipes favoritas antes das Olimpíadas começarem. Em um jogo equilibrado e pouco empolgante, a Espanha mereceu vencer a Itália por 1×0. Também passaram as duas equipes que despontavam como surpresas e possíveis campeãs: Gana (4×2 sobre o Paraguai na prorrogação) e Polônia (2×0 no Catar). A zebra da fase foi a Austrália, que venceu por 2×1 a Suécia.

A Polônia confirmou que tinha chances sólidas de ficar com o ouro ao massacrar a Austrália por 6×1 na primeira semifinal. Enquanto isso, a Espanha vencia Gana por 2×0. Na final em um Camp Nou lotado, os poloneses saíram na frente. Os espanhóis viraram, mas tomaram o empate em seguida. Nos descontos, após uma confusão na área eslava, Kiko Narváez fez o gol do título espanhol.

FICHA TÉCNICA
Espanha 3×2 Polônia
Local: estádio Camp Nou
Público: 95 mil
Árbitro: José Torres Cadena (Colômbia)
Espanha: Toni; López, Solozábal, Abelardo e Lasa (Amavisca); Ferrer, Guardiola, Luis Enrique e Berges; Alfonso Pérez e Kiko
Polônia: Klak; Lapinski, Waldoch, Kozminski e Jalocha (Swierczewski); Staniek, Brzeczek, Kobylanski e Gesior; Kowalczyk e Juskowiak
Gols: Kowalczyk (44/1º), Abelardo (20/2º), Kiko (27/2º), Staniel (31/2º) e Kiko (46/2º)

Classificação final: 1º Espanha, 2º Polônia, 3º Gana, 4º Austrália, 5º Itália, 6º Catar, 7º Suécia, 8º Paraguai, 9º Estados Unidos, 10º México, 11º Coréia do Sul, 12º Egito, 13º Dinamarca, 14º Colômbia, 15º Marrocos, 16º Kuait

Olimpíadas de Atlanta (1996)

Jogadoras dos EUA comemoram o primeiro ouro da história do futebol feminino em Atlanta 1996 (Team USA)

Feminino

Estes são os jogos que marcam uma mudança importante: foi a primeira vez que o futebol passou a ser disputado por homens e mulheres. Não é algo pequeno. Foi no começo da década que o futebol feminino tinha ganhado seu próprio Mundial, em 1991. Aquela primeira edição foi um teste, mas a segunda – e já reformulada e oficializada pela Fifa – foi também a primeira de Formiga. Em 1996, o futebol feminino, enfim, foi incorporado à Olimpíada, com uma diferença fundamental em relação ao masculino: sem qualquer limite para convocação. Ou seja: as seleções levam seus times principais. Com isso, a Olimpíada se tornou uma pequena Copa do Mundo.

Na estreia, eram apenas oito seleções participando do torneio. O Brasil caiu no mesmo grupo da então campeã mundial, a Noruega, e foi logo o jogo de estreia: 2 a 2, com dois gols de Pretinha. No segundo jogo, o adversário foi o Japão e as brasileiras venceram por 2 a 0, gols de Kátia e Pretinha. Fechou a primeira fase diante da Alemanha e empatou em 1 a 1, com o gol brasileiro marcado pela camisa 10 Sissi.

Os jogos eliminatórios já começavam na semifinal. O Brasil teve como adversária a forte China, semifinalista da Copa do Mundo no ano anterior. Em um jogo emocionante, a seleção brasileira acabou derrotada por 3 a 2. Qingmei abriu o placar aos cinco minutos e o Brasil empatou com Roseli, já aos 22 do segundo tempo. Pretinha viraria para o Brasil aos 27, mas Haiying marcaria duas vezes, aos 38 e aos 45, para virar e classificar à China à final. As brasileiras ainda disputariam o bronze, mas perderam da Noruega por 2 a 0, dois gols de Aarones.

Quem ficaria com o título na primeira edição do futebol feminino nos Jogos Olímpicos seria a seleção dos Estados Unidos, donas da casa. Na primeira fase, as americanas venceram Dinamarca (3×0) e Suécia (2×1) antes de empatar com a China (0x0). Na semifinal, bateu a Noruega só na prorrogação (2×1). Na decisão, novamente diante das chinesas, venceram por 2 a 1.

FICHA TÉCNICA

China 1×2 Estados Unidos
Local: Sstádio Sanford (Athens-EUA)
Público: 76.489
Árbitro: Bente Ovedie Skogvang (Noruega)

China: Gao Hong ; Wang Lipang (Yu Hongqti), Fan Yunjie, Xie Huilin, Sun Wen, Zhao Lihong, Shui Qingxia, Liu Ailing, Sun Qingmei, Liu Ying, Shi Guihong (Wei Haiying).
Estados Unidos: Scurry; Overbeck, Chastain, Fawcett, MacMillan, Foudy, Venturini, Lilly, Akers, Hamm (Gabarra), Milbrett (Roberts)
Gols: MacMillan (19/1º), Wen (32/1º), Milbrett (23/2º)

Classificação final: 1º Estados Unidos, 2º China, 3º Noruega, 4º Brasil, 5ºAlemanha, 6º Suécia, 7º Japão, 8º Dinamarca.

Masculino

Kanu comemora pela Nigéria (Imago / OneFootball)

Após a frustração dos Jogos de Barcelona, o Brasil montou a melhor equipe de futebol para a disputa de umas Olimpíadas. Com uma geração prolífica em talentos, Zagallo pôde juntar jovens como Ronaldo, Roberto Carlos, Dida, Juninho Paulista, Flávio Conceição, Zé Elias e Sávio aos veteranos Bebeto, Aldair e Rivaldo.

O favoritismo brasileiro era evidente. Durante a preparação, um vice-campeonato da Copa Ouro (perdendo do México na final), o título do Pré-Olímpico – disputado na Argentina – e uma vitória sobre uma seleção mundial em um amistoso realizado nos Estados Unidos uma semana antes dos Jogos de Atlanta. Apenas a Argentina parecia ter forças para encarar a seleção brasileira. Os platinos estavam com alguns jogadores que formariam a base do time principal anos depois, com Cavallero, Crespo, Ortega, Zanetti, Almeyda, Chamot, Simeone, Ayala e Gallardo.

Mas toda expectativa sobre a seleção brasileira ruiu na estreia. Com uma falta de desenvoltura absurda, o time não conseguiu levar perigo ao gol do Japão e, em um contra-ataque, Aldair e Dida trombaram e deixaram a bola livre para Ito dar a vitória aos orientais. Na segunda partida, nova trombada entre Aldair e Dida e o Brasil saiu perdendo da Hungria, de volta ao futebol olímpico depois da prata de 1972. Mas Ronaldo, Juninho Paulista e Bebeto garantiram a virada. A classificação veio com uma vitória magra e sofrida diante da Nigéria, 1 a 0, gol de Ronaldo. Com isso, Nigéria, Brasil e Japão empataram na liderança, com 6 pontos cada seleção. Sul-americanos e africanos passaram pelo saldo de gols.

A Argentina também passou com certo aperto. Após vencer os Estados Unidos e empatar com Portugal, a seleção platina garantiu a classificação com novo empate, contra a Tunísia. Ao lado dos platinos ficaram os portugueses. Estados Unidos ficaram logo atrás, mas estavam fora.

Dos grandes, o único que não superou as zebras foi a Itália. Mesmo com talentos como Pagliuca, Cannavaro, Nesta, Delvacchio e Tommasi, a Azzurra ficou em último lugar no Grupo C, com uma vitória sobre a Coréia do Sul e derrotas para México e Gana. Os Aztecas surpreenderam e ficaram em primeiro, seguido dos africanos. Só não houve resultados inesperados no Grupo B, em que França e Espanha foram muito superiores a Austrália e Arábia Saudita.

Nas quartas-de-final, o Brasil jogou sua única partida realmente convincente, ao bater Gana de virada (4 a 2). A Nigéria passou pelo México por 2 a 0, Portugal precisou da prorrogação para eliminar a França de Pires, Makelele e Wiltord (2 a 1) e a Argentina arrasou a Espanha de Raúl (4 a 0), tomando o favoritismo do instável Brasil.

Nas semifinais, o Brasil voltou a enfrentar a Nigéria. Havia um otimismo em torno da seleção verde-amarela após a vitória sobre a própria Nigéria e a boa seleção ganesa. E isso ficou mais acentuado após o gol de Flávio Conceição no primeiro minuto de jogo. A Nigéria empatou em um gol contra de Roberto Carlos, mas, ainda no primeiro tempo, o Brasil fez 3 a 1 com Flávio Conceição e Bebeto.

A vaga na final chegava com certa tranquilidade até que, aos 33 do segundo tempo, Ikpeba diminui a diferença. Os nigerianos começaram a pressionar em busca do empate e, já nos descontos, conseguiram levar a partida para a prorrogação com um gol de Kanu após confusão na área e falha de Dida. Na morte súbita, Kanu marcou novamente e o Brasil estava fora da final.

A outra vaga ficou com a Argentina, que bateu Portugal por 2 a 0. Com isso, brasileiros e lusitanos disputaram a medalha de bronze. Em um jogo em que os portugueses pareceram extremamente desconcentrados, o Brasil fez 5 a 0 sem muita dificuldade. Decepcionada com o terceiro lugar, a seleção nem esperou a final, no dia seguinte, para compor o pódio e receber as medalhas. Recebeu após aquela partida e voltou ao Brasil.

Na decisão, os argentinos estiveram duas vezes em vantagem (1 a 0 e 2 a 1), mas cederam o empate para os nigerianos nas duas vezes. Vale dizer que o primeiro gol dos africanos foi duramente contestado pelos platinos por suposto impedimento de Babayaro. Quando o jogo aprecia destinado à prorrogação, Amunike virou para os nigerianos, que conquistaram o ouro.

FICHA TÉCNICA
Nigéria 3×2 Argentina
Local: estádio Sanford (Athens-EUA)
Público: 86.100
Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)
Nigéria: Dosu; Obaraku (Oruma), West, Okechukwu e Babayaro; Oliseh, Ikpeba (Amunike), Okocha (Lawal) e Amokachi; Babangida e Kanu
Argentina: Cavallero; Zanetti, Ayala, Sensini e Chamot; Bassedas, Almeyda, Ortega e Morales (Simeone); Claudio López e Crespo
Gols: Cláudio López (3/1º), Babayaro (28/1º), Crespo (5/2º), Amokachi (29/2º) e Amunike (47/2º)

Classificação final: 1º Nigéria, 2º Argentina, 3º Brasil, 4º Portugal, 5º Fraca, 6º Espanha, 7º México, 8º Gana, 9º Japão, 10º Estados Unidos, 11º Coréia do Sul, 12º Itália, 13º Austrália, 14º Tunísia, 15º Arábia Saudita, 16º Hungria.

Olimpíadas de Sydney (2000)

Mia Hamm, dos EUA, contra a Noruega, que ficou com o ouro (Imago / OneFootball)

Feminino

Novamente disputado em um torneio de oito seleções em dois grupos. A seleção brasileira estreou com vitória sobre a Suécia por 2 a 0, gols de Pretinha e Kátia, mas perderia o segundo jogo para a Alemanha de Brigit Prinz por 2 a 1, com dois gols da atacante e um de Raquel para a equipe canarinha. Na rodada final, vitória do Brasil por 2 a 1 sobre a Austrália, gols de Raquel e Kátia. O Brasil ficou em segundo, atrás da Alemanha.

Mais uma vez viria a semifinal e, como é se de esperar, outro adversário de peso. Desta vez, os Estados Unidos. A consagrada Mia Hamm marcou o gol da vitória sobre as brasileiras e foi para a final. À Seleção, restou novamente a disputa do bronze. Lá, reencontrou a Alemanha, que mais uma vez venceu. Lingor e Prinz marcar os gols alemães na vitória por 2 a 0. A seleção brasileira terminou sem medalha.

Na disputa do ouro, uma revanche: as norueguesas enfrentaram as americanas. As duas seleções tinham jogado a semifinal na edição anterior. E poderia ter acontecido no ano anterior, na Copa do Mundo, mas as norueguesas foram atropelas pela China por 5 a 0 na semifinal e as americanas, nos pênaltis, venceram as chinesas para se consagrarem como campeãs mundiais.

Desta vez, as norueguesas pareciam perto de conquistar o título, porque venciam o jogo por 2 a 1 até os acréscimos do segundo tempo. Milbrett marcou primeiro pelas americanas, mas Espeseth igualou o placar e Gulbrandsen virou para as nórdicas. Mas Milbrett, mais uma vez, empatou, com um gol aos 47 minutos do segundo tempo. Na prorrogação, Mellgren, aos 12 minutos do primeiro tempo, fez o gol do título: o ouro era da Noruega.

FICHA TÉCNICA

Noruega 3×2 (na prorrogação) Estados Unidos
Local: Sydney Football Stadium (Sydney)
Público: 22.848
Árbitra: Sonia Denoncourt (Canadá)

Noruega: Bente Nordby; Brit Saudane, Goeril Kringen, Gro Espeseth, Silje Joergensen; Hege Riise, Solveig Gulbrandsen (Unni Lehn), Monica Knudesen, Margunn Haugenes; Marianne Pettersen, Ragnhild Gulbrandsen.
Estados Unidos: Siri Mullinix; Christie Rampone, Brandi Chastain, Joy Fawcett, Kate Markgraf; Lorrie Fair, Shannon MacMillan, Julie Foudy, Kristine Lilly; Mia Hamm, Tiffeny Milbrett.
Gols: Milbrett (5/1º, 47/2º), Espeseth (44/1º), Ragnhild Gulbrandsen (33/2º), Mellgren (12/2ºP)

Classificação geral: 1º Noruega, 2º Estados Unidos, 3º Alemanha, 4º Brasil, 5º China, 6º Suécia, 7º Austrália, 8º Nigéria

Masculino

Camarões venceu a Espanha na final olímpica de 2000 (Imago / OneFootball)

O Brasil passou sem grandes dificuldades pelo Pré-Olímpico, organizado em Londrina. Isso criou um grande clima de otimismo para a conquista do inédito ouro nos Jogos. E foi quando começaram os problemas.

A ideia inicial era chamar três jogadores acima de 23 anos, como Romário, que dava declarações se oferecendo para o técnico Vanderlei Luxemburgo na convocação olímpica. No entanto, o grupo do Pré-Olímpico começou a rejeitar a ideia, considerando que seria suficiente manter os jovens para a disputa dos Jogos de Sydney. Luxemburgo decidiu aceitar a sugestão dos garotos para evitar problemas no ambiente.

Mas o próprio treinador tinha problemas. Investigado pela CPI do Futebol, era acusado de ser “gato” (teria mentido a idade quando jovem para jogar em um time de futebol) e de ter negócio ilícitos. Desmoralizado, internamente, teve pouco comando do grupo, que não era bom como o de Atlanta, mas tinha jogadores de nível internacional como Ronaldinho Gaúcho, Alex e Lúcio.

Na primeira fase, o Brasil estreou bem, com uma vitória sobre a Eslováquia de virada (3×1). Em seguida, a seleção perdeu por 3×1 da África do Sul após uma atuação ridícula. A vaga na segunda fase teve de ser decidida contra o Japão, líder e uma das surpresas do torneio. Com um gol de Alex aos 5 minutos do primeiro tempo, o time de Luxemburgo ficou em primeiro lugar, já que a Eslováquia venceu a África do Sul.

Houve resultados inesperados em todos os grupos. No A, as favoritas Itália e Nigéria se classificaram, mas tiveram muitas dificuldades para passaram da perigosa seleção de Honduras. A Austrália decepcionou e, em casa, não fez um ponto sequer. No Grupo B, o Chile mostrou o melhor futebol da primeira fase. Liderada pelo atacante Zamorano, a Roja venceu Marrocos e Espanha com facilidade. Em um jogo que praticamente não valia nada, perdeu para a Coréia do Sul. Os espanhóis ficaram com a segunda vaga da chave. No Grupo C, A República Tcheca ficou em último, atrás de Kuait, Camarões e Estados Unidos. Os norte-americanos estavam com uma seleção forte e garantiram o primeiro lugar. Os camaroneses também passaram, azar do Brasil.

Na segunda fase, os africanos se encontraram com a seleção brasileira. Em outra atuação muito fraca, o Brasil não conseguiu conter os avanços de Camarões e saiu perdendo. Com um jogador a mais, os verde-amarelos tentaram pressionar em busca do empate, mas não conseguiam armar uma jogada com perigo real. Até que, nos descontos, o time africano cometeu uma falta na entrada da área. Ronaldinho Gaúcho empatou na cobrança e levou o jogo para a prorrogação. Pior ainda para os africanos, na falta cometida, Camarões teve mais um expulso. Mesmo com dois homens a mais no gramado, o Brasil não conseguiu entrar na defesa camaronesa e, pior, tomou um gol no contra-ataque. Novamente o ouro tinha de esperar.

No confronto de surpresas, Estados Unidos e Japão empataram em 2 a 2. A classificação norte-americana veio nos pênaltis. A Itália, que não entusiasmou em momento algum no torneio, também ficou de fora, perdendo para a Espanha por 1 a 0 com um gol de Gabri aos 41 do segundo tempo. Por fim, o Chile seguia em sua caminhada impressionante ao fazer 4 a 1 na favorita Nigéria.

Na primeira semifinal, os espanhóis souberam usar sua superioridade e controlaram os Estados Unidos: 3 a 1. Na outra partida da fase, o Chile dominou Camarões e saiu na frente aos 33 do segundo tempo com um gol contra de Abanda. Poderiam ter feito mais, mas os árbitros marcaram vários impedimentos inexistentes contra os sul-americanos. No desespero, os camaroneses partiram para o ataque e empataram aos 39, com Mboma (um dos “veteranos” e líder do time). Aos 44, os camaroneses conseguiram um pênalti e viraram de forma inesperada e injusta. Ao Chile restou o consolo da medalha de bronze com uma vitória por 2×0 sobre os Estados Unidos.

Camarões chegou à final como favorita, mas as falhas da defesa no primeiro tempo permitiram que a Espanha fizesse 2 a 0. Na segunda parte, os africanos conseguiram empatar em 15 minutos. Estranhamente, não conseguiram a vitória, o gol era provável, já que os ibéricos ficaram com dois jogadores a menos. Na decisão por pênaltis (a primeira de uma final olímpica), Camarões conseguiu o segundo ouro consecutivo para o futebol africano.

FICHA TÉCNICA

Camarões 2×2 Espanha (5×3 nos pênaltis)
Local: Estádio Australia (Sydney-AUS)
Público: não divulgado
Árbitro: Felipe Ramos Rizo (México)

Camarões: Kameni; Wome, Abanda, Nguimbat (Kome) e Branco (Epalle); Lauren, Geremi, Alnoudji (Meyong Ze) e Mimpo; Mboma e Eto'o
Espanha: Aranzubia; Puyol, Lacruz, Marchena e Amaya; Albelda, Xavi, Velamazan (Gabri) e Angulo (Capdevila); José Mari e Tamudo  (Ferron)
Gols: Xavi (2/1º), Gabri (45/1º), Amaya – contra (8/2º) e Eto’o (13/2º)
Cartões vermelhos: Gabri (25/2º) e José Mari (45/2º)

Classificação final: 1º Camarões, 2º Espanha, 3º Chile, 4º Estados Unidos, 5º Itália, 6º Japão, 7º Brasil, 8º Nigéria, 9º Coréia do Sul, 10º Honduras, 11º África do Sul 12º Kuait, 13º Eslováquia, 14º República Tcheca, 15º Austrália, 16º Marrocos.

Olimpíadas de Atenas (2004)

Americanas comemoram na final contra o Brasil (Imago / OneFootball)

Feminino

O torneio olímpico feminino foi expandido para 10 times. O Brasil foi novamente o único representante sul-americano. Na estreia, vitória por 1 a 0 sobre a Austrália, gol de Marta. No segundo jogo, derrota para as americanas por 2 a 0, gols de Mia Hamm e Abby Wambach. Goleou ainda a Grécia por 7 a 0, gols de Pretinha, Cristiane (três), Grazielle, Marta e Daniele.

Nas quartas de final, o Brasil atropelou o México: 5 a 0, gols de Cristiane (dois), Formiga (dois) e Marta. Nas semifinais, Pretinha fez o gol que levou a uma vitória por 1 a 0 sobre a Suécia e classificou à inédita final olímpica. Viria, então, a decisão. Os Estados Unidos, que já tinham vencido as brasileiras na primeira fase, seriam as adversárias. E o jogo teria ares dramáticos.

O time de Renê Simões foi melhor o tempo todo na decisão. Era quem chegava mais, arriscava, chutava… Mas faltava o gol. E as americanas puniram as brasileiras: aos 39 minutos, Lindsey Tarpley chutou de longe e abriu o placar: 1 a 0 para os Estados Unidos. Só que as brasileiras continuaram na pressão. O gol saiu: aos 28 minutos, em uma jogada espetacular de Cristiane, a goleira americana rebateu e Pretinha colocou para dentro: 1 a 1. Faltava um gol. Mas ele não veio.

O jogo foi para a prorrogação e a Seleção era superior, mas sem o gol. Até que veio um escanteio, aos sete minutos do segundo tempo, e Abby Wambach, especialista no jogo aéreo, cabeceou para a rede: 2 a 1. O ouro era americano. A torcida grega e até americana aplaudiu as brasileiras pelo jogo que fez. As brasileiras choraram, mas a prata era uma conquista imensa: a primeira medalha do futebol feminino brasileiro e um time que nunca mais seria esquecido.

FICHA TÉCNICA

Estados Unidos 2×1 (na prorrogação) Brasil
Local: Karaiskaki Stadium, Atenas
Público: 10.270
Árbitra: Jenny Palmqvist (Suécia)

Estados Unidos: Briana Scurry; Christie Rampone, Brandi Chastain (Cat Reddick), Joy Fawcett, Kate Markgraf; Lindsay Tarpley (Heather O'Reilly), Shannon Boxx, Julie Foudy e Kristine Lilly; Mia Hamm, Abby Wambach.
Brasil: Andreia; Juliana Cabral, Mônica e Tânia; Elaine (Renata Costa), Daniela Alves, Formiga, Rosana (Maycon) e Pretinha; Cristiane e Marta.

Argentina e Paraguai na final Olímpica em 2004 (Imago / OneFootball)

Masculino

Sem a seleção brasileira, que foi eliminada pelo Paraguai no Pré-Olímpico, o torneio ficou à mercê da Argentina, que contava com uma geração recheada de bons jogadores como Carlitos Tevez, Andrés D’Alessandro, Lucho González e Javier Saviola, além dos reforços acima dos 23 anos, como Killy González e os defensores Roberto Ayala e Gabriel Heinze. Itália, Paraguai e Portugal eram, na teoria, os principais adversários.

Logo na estreia, os albicelestes deram logo o cartão de visita, goleando Sérvia e Montenegro por 6 a 0. Depois, fizeram 2 a 0 na Tunísia e 1 a 0 na Austrália. O Paraguai, reforçado por Carlos Gamarra na defesa, desbancou a Itália no Grupo B e mostrou força já naquele momento, mas os italianos, que contavam com Andrea Pirlo e Daniele De Rossi, ficaram com a segunda vaga. A decepção ficou por conta de Portugal, que contava com Cristiano Ronaldo, mas foi o último colocado do Grupo D após ser derrotado por Costa Rica e Iraque, este último a grande surpresa do torneio.

Nas quartas de final, Tevez brilhou com três gols na goleada da Argentina sobre a Costa Rica por 4 a 0. O Iraque fez história ao derrotar a Austrália por 1 a 0 e chegar às semifinais. Nos outros jogos, a Itália superou Máli por 1 a 0 na prorrogação e o Paraguai parecia que venceria a Coreia do Sul com facilidade, mas levou dois gols no fim e segurou o 3 a 2 no sufoco.

Nas semifinais, Tevez abriu o caminho da tranquila vitória argentina por 3 a 0 sobre a Itália. Lucho e Mariano González fecharam o placar. Na outra partida, José Cardozo fez dois gols e garantiu o triunfo paraguaio por 3 a 1 sobre o Iraque, que mesmo assim estava em festa com a campanha realizada e com a possibilidade de conquistar a medalha de bronze.

Na final, disputada em 28 de agosto, um jogo truncado entre dois rivais sul-americanos colocava frente a frente a eficiência ofensiva da Argentina contra a segurança defensiva dos paraguaios, que tinham em Gamarra seu principal líder. Mais uma vez, Tevez decidiu, marcando o gol da vitória aos 16 minutos do primeiro tempo e garantindo o título do time comandado por Marcelo Bielsa. Na disputa pelo bronze, os italianos levaram a melhor sobre o Iraque.

FICHA TÉCNICA

Argentina 1×0 Paraguai
Local: Estádio Olímpico, em Atenas
Público: 41116 pagantes
Árbitro: Kyros Vassaras (Grécia)

Argentina: Lux, Heinze, Ayala e Coloccini; Mascherano, Rosales, Killy González, D’Alessandro e Lucho González; Tevez e Cesar Delgado (Clemente Rodríguez). Técnico: Marcelo Bielsa.
Paraguai: Barreto, Martínez, Manzur, Gamarra e Torres; Esquivel (Julio González), Enciso (Díaz), Giménez, Barreto (Cristaldo) e Figueiredo; Freddy Barero. Técnico: Carlos Jara Saguier.
Gol: Tevez (16/1º)

Classificação final: 1º Argentina, 2º Paraguai, 3º Itália, 4º Iraque, 5º Máli, 6º Coreia do Sul, 7º Austrália, 8º Costa Rica, 9º Gana, 10º México, 11º Marrocos, 12º Tunísia, 13º Japão, 14º Portugal, 15º Grécia, 16º Sérvia e Montenegro.

Olimpíadas de Pequim (2008)

Carli Lloyd comemora o gol do título (Imago / OneFootball)

Feminino

Pela primeira vez, o Brasil não teve uma classificação fácil: perdeu o Sul-Americano, em 2006, para a Argentina, dona da casa. Com isso, teve que jogar a repescagem em busca da vaga. Havia um certo ambiente de tensão: o jogo seria contra Gana, em abril de 2008, na China, em jogo único. O Brasil atropelou: 5 a 0. Vaga garantida para a equipe que perdeu a final do Mundial, no ano anterior, depois de atropelar as americanas, mas ser derrotada pela Alemanha na decisão.

O torneio teve 12 seleções. O Brasil estreou com um 0 a 0 com a Alemanha, venceu a Coreia do Norte por 2 a 1, gols de Daniela e Marta, e venceu também a Nigéria por 3 a 1, com três gols de Cristiane. Classificação tranquila e em primeiro lugar. Nas quartas de final, O Brasil venceu a Noruega, gols de Daniela e Marta e faria uma semifinal explosiva com a Alemanha, campeã mundial. Desta vez, foram as brasileiras que comemoraram: um atropelamento por 4 a 1, com Formiga, Cristiane (duas vezes) e Marta marcando pelo Brasil e Brigit Prinz pela Alemanha. Na disputa pelo bronze, as alemãs venceriam o Japão por 2 a 0, ficando com a medalha.

A decisão seria contra uma rival conhecida: Estados Unidos. Em mais uma final muito disputada, o Brasil não conseguiu marcar. O empate por 0 a 0 permaneceu nos 90 minutos da partida. O duelo, cerca de um ano antes, na mesma China, tinha acabado 4 a 0 para o Brasil. Mas as americanas aprenderam a lição e não deram a mesma facilidade às brasileiras. E conseguiram segurar a onda, até que a prorrogação veio. Aos seis minutos da prorrogação, Carli Lloyd chutou de fora da área, contou com a colaboração da goleira brasileira e marcou: 1 a 0. Seria o gol da vitória e do título. Medalha de ouro para as americanas.

FICHA TÉCNICA

Brasil 0x1 (na prorrogação) Estados Unidos
Local: Workers Stadium, Pequim
Público: 51.612
Árbitro: Dagmar Damkova (República Tcheca)

Brasil: Barbara; Simone (Rosana), Tânia, Renata Costa, Erika; Maycon, Daniela (Fabiana), Formiga (Francielle), Ester; Marta, Cristiane.
Estados Unidos: Hope Solo; Heather Mitts, Christie Rampone, Kate Markgraf, Lori Chalupny; Lindsey Tarpley (Lauren Cheney), Shannon Boxx, Heather O'Reilly (Natasha Kai), Carli Lloyd, Angela Hucles; Amy Rodrigues (Stephanie Cox).

Di María e Agüero nas Olimpíadas de 2008 (AP Photo/Petr David Josek)

Masculino

Pela primeira vez, o Pré-Olímpico da América do Sul foi o torneio Sul-Americano Sub-20 do ano anterior. E em 2007 o Brasil venceu a competição, comandado por Alexandre Pato e Lucas Leiva. Estava, junto com a Argentina, garantido em Pequim, mas os albicelestes contavam com um reforço de peso para as Olimpíadas: Lionel Messi.

Na primeira fase, o Brasil esteve longe de empolgar. Venceu a Bélgica por 1 a 0, gol marcado por Hernanes aos 34 minutos do segundo tempo. No segundo jogo, goleada sobre a frágil Nova Zelândia por 5 a 0 com dois gols de Ronaldinho Gaúcho, já em declínio na carreira e visivelmente acima do peso. Anderson, Alexandre Pato e Rafael Sóbis fecharam a conta. No terceiro jogo, vitória por 3 a 0 sobre a China, com dois gols de Thiago Neves e um de Diego.

A Argentina teve um caminho bem mais difícil e mostrou firmeza com três vitórias suadas sobre Costa do Marfim (2 a 1), Austrália (1 a 0) e Sérvia (2 a 0). Além de Messi, que ainda não era o melhor jogador do mundo naquele momento, o time contava com Sergio Agüero, Ángel Di María e Ezequiel Lavezzi, convocados com frequência para a seleção principal. Juan Román Riquelme era o camisa 10, deixando Messi com a 15.

Entre as outras seleções, destacavam-se a Nigéria, com os bons atacantes Chinedu Obasi e Peter Odemwingie, e a Bélgica, que contava com o meio-campista Marouane Fellaini, além de outros bons jogadores como Kevin Mirallas e uma dupla de zagueiros que hoje é titular da seleção principal: Vincent Kompany e Thomas Vermaelen.

Nas quartas de final, o Brasil tinha um trauma para superar: enfrentou Camarões, algoz em Sidney, e o jogo foi para a prorrogação. Mas Rafael Sóbis e Marcelo espantaram o fantasma da eliminação. A Argentina também precisou do tempo extra para eliminar a Holanda, enquanto a Nigéria superou Costa do Marfim por 2 a 1 e a Bélgica fez 3 a 2 na Itália do ótimo atacante Giuseppe Rossi.

Era chegada a hora da verdade. Brasil e Argentina se encontraram nas semifinais e, após um primeiro tempo tenso e sem muitas emoções, brilhou a estrela de Kun Agüero, que abriu o placar aos sete minutos e ampliou a contagem aos 12. Riquelme, aos 31, fechou o placar cobrando pênalti. Na outra semifinal, a Nigéria goleou a Bélgica por 4 a 1 com facilidade.

Na decisão disputada no dia 23 de agosto, argentinos e nigerianos se enfrentavam numa revanche de 1996, quando os africanos levaram a melhor. Em Pequim, porém, o time albiceleste foi superior, apesar do jogo bastante truncado, e venceu por 1 a 0 com justiça. O gol do bicampeonato foi marcado pelo meia-atacante Ángel Di María.

FICHA TÉCNICA

Argentina 1×0 Nigéria
Local: Estádio Nacional, em Pequim
Público: 89.102
Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)

Argentina: Romero, Zabaleta, Garay, Pareja e Monzón; Gago, Mascherano, Riquelme e Di María (Banega); Messi (Lavezzi) e Agüero (Sosa). Técnico: Sergio Batista.
Nigéria: Vanzekin, Okonkwo, Adeleye, Apam e Adefemi; Monday James, Ajilore, Obinna e Promise (Ekpo); Odemwingie e Okoronkwo (Anichebe). Técnico: Samson Siasia.
Gol: Di María (13/2º)

Classificação final: 1º Argentina, 2º Nigéria, 3º Brasil, 4º Bélgica, 5º Itália, 6º Costa do Marfim, 7º Holanda, 8º Camarões, 9º Estados Unidos, 10º Coreia do Sul, 11º Austrália, 12º Sérvia, 13º China, 14º Nova Zelândia, 15º Japão, 16º Honduras.

Olimpíadas de Londres (2012)

Seleção americanas comemora com Lloyd o gol na final (Imago / OneFootball)

Feminino

O Brasil chegou à Olimpíada de Londres como campeão sul-americano, mas já teve um desafio complicado no torneio, que tinha novamente 12 times. Estava no mesmo grupo das donas da casa, o Reino Unido, que montou um time para a disputa. No futebol, Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte competem separadamente, mas na Olimpíada precisam jogar juntos, por serem um só país e foram obrigados a formar um time.

A seleção feminina estreou com uma goleada sobre Camarões, gols de Francielle, Renata Costa, Marta e Cristiane. Contra a Nova Zelândia, vitória por 1 a 0; contra o Reino Unido, derrota por 1 a 0, gol de Stephanie Houghton. Nas quartas de final, as brasileiras não resistiram: diante do Japão, então, campeão do mundo, perderam por 2 a 0, gols de Yūki Nagasato e Shinobu Ohno.

As japonesas seguiram em frente e venceram também a França nas semifinais por 2 a 1, gols de Yūki Nagasato e Mizuho Sakaguchi. Eugénie Le Sommer descontou para as francesas. Enquanto isso, a dominante seleção americana também seguia firme: foi avassaladora em três vitórias na primeira fase contra França (4×2), Colômbia (3×0) e Coreia do Norte (1×0). Vieram as quartas de final com vitória sobre a Nova Zelândia (2×0) e na semifinal contra o Canadá, um jogaço que só foi decidido na prorrogação (4×3).

Na disputa do bronze, o Canadá venceu a França por 1 a 0 e ficou com a medalha. Na decisão do ouro, Estados Unidos e Japão voltavam a se enfrentar pouco mais de um ano depois da final da Copa do Mundo entre os mesmos dois países, com vitória das japonesas. E para mudar o resultado do ano anterior, as americanas contaram com a heroína da Olimpíada anterior: Carli Lloyd. Ela marcou o primeiro logo a oito minutos e as japonesas empataram aos 18 minutos com Yūki Nagasato. Só que Lloyd marcou aos nove minutos do segundo tempo e cravou: a medalha de ouro era das americanas.

FICHA TÉCNICA

Local: Estádio de Wembley (Londres)
Público: 80.203
Árbitra: Bibiana Steinhaus (Alemanha)

Estados Unidos 2×1 Japão
Estados Unidos: Hope Solo; Christie Rampone, Kelley O'Hara, Amy Le Peilbet, Rachel Buehler (Becky Sauerbrunn); Shannon Boxx, Carli Lloyd, Megan Rapinoe (Lauren Cheney), Tobin Heath; Alex Morgan, Abby Wambach.
Japão: Mihjo Fukumoto; Yukari Kinga, Azusa Iwashimizu, Saki Kumagai, Aya Sameshima (Mana Iwabushi); Mizuho Sakaguchi (Asuna Tanaka), Aya Miyama, Nahomi Kawasumi, Homare Sawa; Shinobu Ohno (Karina Maruyama), Yuki Nagasato.
Gols: Carli Lloyd (8/1º, 9/2º), Yūki Nagasato (18/2º)

Classificação final: 1º Estados Unidos, 2º Japão, 3º Canadá, 4º França, 5º, Reino Unido, 6º Brasil, 7º Suécia, 8º Nova Zelândia; 9º Coreia do Norte, 10º África do Sul, 11º Colômbia, 12º Camarões

México comemora título sobre o Brasil: medalha de ouro (Imago / OneFootball)

Masculino

A seleção brasileira foi aos jogos olímpicos com o técnico do time principal, Mano Menezes. O torneio olímpico teve os tradicionais 16 times e a seleção brasileira trazia um dos seus maiores talentos: Neymar. Lucas Moura era outra das estrelas daquele time, com Thiago Silva, Marcelo e Hulk como jogadores acima da idade. O time passou com tranquilidade pela primeira fase: vitórias contra o Egito por 3 a 2 (Rafael, Damião e Neymar), Belarus por 3 a 1 (Pato, Neymar, Oscar) e Nova Zelândia (Danilo, Damião, Sandro).

No mata-mata, o Brasil passou por Honduras por 3 a 2 (Damião duas vezes, Neymar) e Coreia do Sul por 3 a 0 (Rômulo, Damião duas vezes). O tão esperado ouro olímpico estava a um jogo de distância. O adversário na decisão, no icônico Wembley, seria o México. Os mexicanos tinham passado com tranquilidade na fase de grupos com duas vitórias e um empate. Sofreram nas quartas de final contra Senegal, passando só na prorrogação em vitória por 4 a 3. Na semifinal, o adversário foi o Japão e a vitória veio por 3 a 1, com um pouco mais de folga. A decisão seria a chance de um ouro também inédito aos mexicanos. Antes, na decisão da medalha de bronze, a Coreia do Sul venceu o Japão por 2 a 0 e garantiu a medalha.

Logo no primeiro minuto da decisão, o México saiu em vantagem com o atacante Oribe Peralta. Um gol que já preocupou os brasileiros. O jogo ficou difícil, os brasileiros fizeram uma partida muito abaixo do que se esperava e os mexicanos aproveitaram: aumentaram a conta aos 30 minutos com outro gol de Peralta. No desespero, o Brasil ainda diminuiu com Hulk, nos acréscimos, mas era tarde demais para uma reação: a medalha de ouro era do México. O sonho do brasileiro de acabar com essa sina foi adiado mais uma vez. E a derrota começou a balançar o técnico Mano Menezes, cobrado pela derrota.

FICHA TÉCNICA

Brasil 1×2 México
Local: Estádio de Wembley (Londres)
Público: 86.162
Árbitro: Mark Clattenburg (Reino Unido)

Brasil: Gabriel; Rafael (Lucas Moura), Thiago Silva, Juan Jesus e Marcelo; Sandro (Alexandre Pato), Rômulo, Oscar, Alex Sandro (Hulk); Neymar, Leandro Damião.
México: José Corona; Israel Jimenez (Nestor Vidrio), Carlos Salcido, Hiram Mier, Darvin Chavez, Diego Reyes; Hector Herrera, Javier Aquino (Miguel Ponce), Jorge Henriquez; Marco Fabián, Oribe Peralta (Raúl Jiménez).
Gols: Oribe Peralta (1/1º, 30/2º), Hulk (46/2º)

Classificação final: 1º México, 2º Brasil, 3º Coreia do Sul, 4º Japão, 5º Reino Unido, 6º Senegal, 7º Honduras, 8º Egito, 9º Uruguai, 10º Belarus, 11º Marrocos, 12º Gabão, 13º Suíça, 14º Espanha, 15º Emirados Árabes Unidos, 16º Nova Zelândia

Olimpíadas do Rio de Janeiro (2016)

Dzsenifer Marozsan comemora o gol da Alemanha contra a Suécia (Imago / OneFootball)

Feminino

A Olimpíada em casa era uma grande oportunidade para a seleção brasileira tentar o seu primeiro ouro olímpico. Dirigido por Vadão, o time começou muito bem: vitória por 3 a 0 sobre o Chile (Monica, Andressa, Cristiane), 5 a 1 sobre a Suécia (Beatriz duas vezes, Cristiane, Marta) e 0 a 0 com a África do Sul, fechando em primeiro do Grupo E.

No Grupo F, o Canadá avançou com três vitórias e a Alemanha ficou com a mesma pontuação da Austrália, mas avançou no saldo. Por fim, no Grupo G os Estados Unidos avançaram com facilidade, com duas vitórias e um empate, com a França em segundo lugar.

Nas quartas de final, a seleção brasileira sofreu. Um 0 a 0 com a Austrália, que só foi decidido nos pênaltis. Foi assim que o Brasil venceu por 7 a 6, em jogo sofrido. A Suécia, que tinha tomado uma goleada do Brasil, enfrentou os Estados Unidos. E diante das favoritas, travou o jogo com um estilo defensivo e eliminou as campeãs mundiais nos pênaltis, depois de empate por 1 a 1: 4 a 3 para as Suecas. Estariam no caminho do Brasil na fase seguinte.

Nas quartas de final, o que já vinha mal ficou pior: depois de um 0 a 0 com a Suécia, novamente jogando pouco contra o mesmo time que tinha goleado na primeira fase, o Brasil perdeu nos pênaltis por 4 a 3. Seriam as suecas as finalistas. Enquanto isso, a Alemanha eliminava o Canadá com uma vitória por 2 a 0 e também se classificava à final. O Brasil foi para a disputa do bronze, mas com um futebol sofrível, perdeu do Canadá por 2 a 1 e ficou sem medalha no torneio em casa.

Na final, a Suécia, comandada por Pia Sundhage, tentou novamente uma abordagem bastante defensiva para travar o bom jogo das alemãs. Só que desta vez, não teve jeito. A Alemanha saiu na frente com um gol da craque Dzsenifer Marozsán e ampliou o placar com um gol contra de Linda Sembrant. Emma Blackstenius descontou para as suecas, que ficaram com a prata.

FICHA TÉCNICA

Suécia 1×2 Alemanha
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 52.432
Árbitra:
Carol Chenard (Canadá)

Suécia: Hedvig Lindahl; Linda Sembrant, Nilla Fischer, Elin Rubensson (Magdalena Eriksson), Jessica Samuelsson; Kosovare Asllani (Pauline Hammarlund), Caroline Seger, Lisa Dahlkvist, Lotta Schelin; Olivia Schough, Sofia Jakobsson (Stina Blackstenius)
Alemanha: Almuth Schult; Saskia Bartusiak, Annike Krahn, Tabea Kemme, Leonie Maier; Dzsenifer Marozsán, Sara Däbritz (Svenja Huth), Melanie Behringer (Lena Goessling); Alexandra Popp, Anja Mittag, Melanie Leupolz.

Classificação final: 1º Alemanha, 2º Suécia, 3º Canadá, 4º Brasil, 5º Estados Unidos; 6º França, 7º Austrália; 8º China, 9º Nova Zelândia; 10º África do Sul, 11º Colômbia, 12º Zimbábue

Neymar comemora: Brasil medalha de ouro na Rio 2016 (Imago / OneFootball)

Masculino

A falta do ouro olímpico incomodava no masculino e no feminino. No Rio, o técnico da seleção olímpica foi Rogério Micale, que escolheu um time bastante reforçado: o Brasil voltou a ter Neymar, agora como um dos três acima da idade, e ele teria a companhia de Renato Augusto e Weverton, goleiro que substituiria o machucado Fernando Prass. Além deles, Rodrigo Caio, Marquinhos, Luan, Gabigol e Gabriel Jesus. Um time com muito talento.

Só que o início não foi o esperado. A estreia foi um 0 a 0 com a África do Sul que deixou dúvidas e o empate por novo 0 a 0 contra o Iraque só reforçou essa desconfiança. Foi só no último jogo da primeira fase que o time deslanchou: 4 a 0 sobre a Dinamarca, gols de Gabigol (dois), Gabriel Jesus e Luan.

No mata-mata, a Colômbia foi o primeiro adversário. Vitória por 2 a 0, gols de Neymar e Luan. Nas semifinais, um adversário fraco: Honduras, que não foi páreo: 6 a 0, gols de Neymar (dois), Gabriel Jesus (dois), Marquinhos e Luan. Os brasileiros estava na final e teriam pela frente outra seleção de camisa pesada entre as seleções principais, mas que também nunca tinha vencido uma medalha de ouro: a Alemanha.

O time alemão não teve alguns jogadores que tinham idade olímpica e não foram liberados pelos clubes. O principal deles era Leroy Sané. O time, porém, tinha alguns nomes interessantes: Niklas Süle e Matthias Ginter, ambos que anos mais tarde estariam na seleção principal, os irmãos Sven e Lars Bender, que foram como jogadores acima da idade, ao lado do centroavante Nils Petersen, que era reserva. O grande talento era Max Meyer, então do Schalke, mas visto como com potencial de futuro. Tinha também Serge Gnabry e Julian Brandt, ambos jogadores que se tornariam importantes no futebol alemão e na próxima seleção principal.

Na final, um jogo equilibrado. Neymar abriu o placar, ainda aos 27 minutos, em um belo gol de falta. No segundo tempo, porém, os alemães empataram com Max Meyer, completando uma boa jogada. O empate em 1 a 1 prevaleceu inclusive na prorrogação. A decisão seria nos pênaltis. Diante de um Maracanã cheio, todos os jogadores foram acertando suas cobranças, uma a uma. Foi só no quinto pênalti da Alemanha que Nils Petersen bateu e Weverton defendeu. Neymar fecharia a série de cinco pênaltis e só precisava marcar para dar o ouro olímpico ao Brasil. Ele cobrou, marcou, e enfim, colocou a medalha de ouro no peito do time masculino do Brasil. O primeiro título do futebol brasileiro na Olimpíada.

FICHA TÉCNICA

Brasil 1×1 Alemanha (5×4 nos pênaltis)
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 63.707
Árbitro: Alireza Faghani (Irã)

Brasil: Weverton, Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos; Walace, Renato Augusto; Gabriel Jesus, Luan, Neymar; Gabigol.
Alemanha: Timo Horn, Lukas Klostermann, Matthias Ginter e Niklas Suele; Sven Bender, Jeremy Toljan, Maximilian Meyer, Julian Brandt, Serge Gnabry e Lars Bender (Promel); Davie Selke (Petersen).
Gols: Neymar (27/º), Max Meyer (14/2º)

Classificação final: 1º Brasil, 2º Alemanha, 3º Nigéria, 4º Honduras, 5º Coreia do Sul, 6º Portugal, 7º Colômbia, 8º Dinamarca, 9º México, 10º Japão, 11º Argentina, 12º Iraque, 13º África do Sul, 14º Argélia, 15º Suécia, 16º Fiji.

Olimpíadas de Tóquio (2020)*

As canadenses derrubaram gigantes para ficarem com a medalha de ouro.

Foto: Icon Sport
As canadenses derrubaram gigantes para ficarem com a medalha de ouro.
Foto: Icon Sport

Feminino

Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados em um ano* (começando em 2021) devido à pandemia de coronavírus. As americanas chegavam mais uma vez a uma competição feminina como favoritas, ainda mais depois do título olímpico no Rio, em 2016, e o Mundial, em 2019. A meia-ala Megan Rapinoe chamava a atenção da mídia tanto pelo futebol quanto por seu ativismo com filantropia e causas LGBTQIA+.

O Brasil entrava em mais uma competição na esperança de vencer pela primeira vez com as mulheres, capitaneadas pela “Rainha” Marta. Em um grupo acessível, com Holanda, China e Zâmbia, o Brasil passou da primeira fase em segundo lugar.

Depois da estreia segura contra a China com a goleada por 5 a 0, a Seleção empatou em 3 a 3 em um jogo eletrizante contra a Holanda e deixou um gostinho de quero mais na última partida. O Brasil venceu Zâmbia por apenas 1 a 0 e isso fez a diferença para ficar atrás da Holanda (que fez 10 a 3 nas africanas).

Aparentemente, o Brasil havia dado sorte, já que as americanas decepcionaram e fizeram apenas 4 pontos na fase inicial (perdendo da Suécia, empatando com a Austrália e vencendo somente a Nova Zelândia). Assim, o Brasil pegaria o Canadá, teoricamente mais acessível.

Teoricamente. O Brasil novamente não foi efetivo no ataque e a partida de quartas de final contra o Canadá foi para os pênaltis. Marta, Debinha e Érica converteram suas cobranças, enquanto Fleming e Lawrence acertaram para as canadenses, mas Sinclair falhou. Nas duas últimas, o Brasil desperdiçou suas chances com Andressa e Rafaelle. O Canadá converteu com Leon e Gilles e avançou (4 a 3 nos pênaltis).

Nas semifinais, o Canadá surpreendeu mais uma vez e bateu as favoritas americanas por 1 a 0, com um gol de pênalti de Fleming aos 30 do segundo tempo. Na final, as canadenses completaram a sua história de Cinderela ao derrubar mais uma favorita, a Suécia. Depois do 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, o Canadá venceu mais uma nos pênaltis – 3 a 2.

FICHA TÉCNICA

Suécia 1×1 Canadá (2×3 nos pênaltis)
Local: International Stadium, Yokohama
Árbitra: Anastasia Pustovoitova (Rússia)

Suécia: Hedvig Lindahl; Hanna Glas, Amanda Illestedt (Emma Kullberg), Nathalie Björn e Magdalena Eriksson (Jonna Andersson); Filippa Angeldal (Hanna Bennison), Caroline Seger (C), Sofia Jakobsson (Lina Hurtig), Kosovare Asllani e Fridolina Rolfö (Anna Anvegard); Stina Blackstenius (Olivia Schough)

Técnico: Peter Gerhardsson

Canadá: Stephanie Labbé; Ashley Lawrence, Vanessa Gilles, Kadeisha Buchanan, Allysha Chapman (Jayde Riviere); Desiree Scott (Shelina Zadorsky), Jessie Fleming, Quinn (Julia Grosso) e Christine Sinclair (Jordyn Huitema); Janine Beckie (Adriana Leon) e Nichelle Prince (Deanne Rose). 

Técnico: Bev Priestman

Classificação final: 1º Canadá, 2º Suécia, 3º EUA, 4º Austrália, 5º Holanda; 6º Brasil, 7º Grã-Bretanha; 8º Japão, 9º Zâmbia; 10º China, 11º Chile, 12º Nova Zelândia

Masculino

Daniel Alves com a camisa da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Daniel Alves, condenado por estupro em 2024, teve sua última glória com a camisa da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Foto: Icon Sport

Livre da pressão de nunca ter ganho uma medalha de ouro no futebol (garimpada em casa, no Rio, em 2016), o Brasil estreava em Tóquio como real favorito. E a estreia foi a reprise da final carioca, contra a Alemanha – contundente vitória por 4 a 2, com hat-trick de Richarlison. Na sequência, o Brasil passou em branco contra a Costa do Marfim e ficou em primeiro do grupo ao derrotar a Arábia Saudita por 3 a 1.

Quartas de final e Semifinal foram apreensivas, já que o Brasil ganhou da margem mínima contra o Egito e espantou o algoz de Londres, nove anos antes, ao derrotar o México nos pênaltis por 4 a 1 (após placar em branco no tempo regular).

A final seria contra a temida Espanha. Matheus Cunha abriu o placar nos acréscimos do primeiro tempo. O ponta Oyarzabal empatou para a Espanha aos 14 do segundo, levando a partida para a prorrogação. Na segunda metade do tempo adicional, o ponta brasileiro Malcom recebeu lançamento de Anthony, invadiu a área e chutou cruzado para garantir o bicampeonato olímpico para o Brasil.

FICHA TÉCNICA

Brasil 2×1 Espanha (prorrogação)
Local: International Stadium, Yokohama
Árbitro: Chris Beath (Austrália)

Brasil: Santos; Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Arana, Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Reinier); Antony (Gabriel Menino), Richarlison (Paulinho) e Mateus Cunha (Malcom)
Técnico: André Jardine
Espanha: Unai Simón; Óscar Gil (Jesus Vallejo), Eric Garcia, Pau Torres e Marc Cucurella (Juan Miranda); Zubimendi (Moncayola), Merino (Carlos Soler) e Pedri; Dani Olmo, Oyarzabal (Rafa Mir) e Marco Asensio (Bryan Gil).
Técnico: Luis De La Fuente

Gols: Matheus Cunha (45+2′), Oyarzábal (59′) e Malcom (109′)

Classificação final: 1º Brasil, 2º Espanha, 3º México, 4º Japão, 5º Coréia do Sul; 6º Nova Zelândia, 7º Costa do Marfim; 8º Egito, 9º Alemanha; 10º Argentina, 11º Romênia, 12º Austrália, 13º França, 14º Honduras, 15º Arábia Saudita, 16º África do Sul

Foto de Ubiratan Leal

Ubiratan Leal

Ubiratan Leal formou-se em jornalismo na PUC-SP. Está na Trivela desde 2005, passando por reportagem e edição em site e revista, pelas colunas de América Latina, Espanha, Brasil e Inglaterra. Atualmente, comenta futebol e beisebol na ESPN e é comandante-em-chefe do site Balipodo.com.br. Cria teorias complexas para tudo (até como ajeitar a feijoada no prato) é mais que lazer, é quase obsessão. Azar dos outros, que precisam aguentar e, agora, dos leitores da Trivela, que terão de lê-las.
Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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