Platini e a cara de pau ao falar da Copa 2022 e da oposição a Blatter
A Copa do Mundo do Catar está com um entrave grande para acontecer. A Associação de Clubes Europeus (European Clubs Association, ECA, em inglês) quer que a Copa do Mundo seja disputada entre 28 de abril e 29 de maio. Só que a Fifpro, associação dos jogadores, disse que boicotaria a Copa do Mundo em maio pelas altas temperaturas nessa época – ainda que mais amenas que em junho e julho, chegariam a 40°C. Nesta quarta, Michel Platini deu declarações rejeitando a hipótese de jogar em maio para disputar a competição no inverno europeu, ou seja, início do ano de 2022.
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“Nunca será em abril, maio ou junho. Será no inverno”, afirmou Platini, em entrevista à BBC. Para adequar o calendário, o presidente da Uefa afirmou que as semifinais e finais da Champions League podem ser empurradas para junho, se for necessário. “Não são os clubes que estão jogando, são os jogadores e não é possível jogar em maio quando a temperatura está em 40°C”, afirmou o francês, de 59 anos. Tudo bem, Platini, mas você doi um dos que defendeu justamente que a Copa fosse para o país do Oriente Médio, fazendo campanha para isso. Como é que fica? Bom, os interessados já se manifestaram muitas vezes.
As grandes ligas do mundo, Premier League, La Liga e Bundesliga acreditam que a Copa do Mundo ser antecipada para maio cauraria menos prejuízos ao calendário dos clubes e evitaria o pior momento do calor. Mas os dirigentes falam em datas em novembro e dezembro ou janeiro e fevereiro. Diversos dirigentes se reuniram nesta segunda-feira para tentar encontrar uma solução para a questão e em janeiro deve haver um novo encontro para discutir essa questão.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, já concordou que a Copa deve ser disputada em novembro e dezembro, para não conflitar com as Olimpíadas de Inverno, em janeiro e fevereiro. A ideia, porém, não é bem vista pelos membros da Uefa, entidade que Platini preside. Jogar entre novembro e dezembro signifcaria impactar diretamente na fase de grupos da Champipons League. Além disso, muitos campeonatos no mundo acabam em novembro e dezembro, na América do Sul e na Amérida do Norte.
Apesar da oposição dos clubes e ligas europeias, Platini defende a mudança de data da Copa. “Como presidente da Uefa, eu não tenho problema se for em novembro, dezembro, janeiro ou fevereiro. Não tenho problema. Para a disputa da Champions League, nós não temos problema”, disse Platini, em uma convenção da Football Association, a federação inglesa. “Seus clubes na Inglaterra, sua liga (Premier League) têm um problema… Mas nós temos que encontrar um compromisso. Todo mundo vai perder alguma coisa, mas no fim eu acho que o inverno é uma boa data”, disse ainda o dirigente.
Perguntado então se não era lamentável o fato de depois de quatro anos da escolha do Catar como sede, Platini disse que não. “Não é lamentável para mim. Eu não me arrependo de ter cotado no Catar”, afirmou o dirigente. Os repórteres perguntaram, então, se a credibilidade da Copa não foi prejudicada pela controvérsia em torno da Copa do Catar. “Eu não acho”, disse. “Eu sempre disse que esperava que fosse no Catar e no inverno. Muitas pessoas votaram no Catar, não só eu”, declarou ainda o presidente da Uefa.
Com tantos problemas para encontrar uma data, é normal que se especule que a Copa pode não ser realizada no Catar. Perguntado sobre essa possibilidade, Platini deixou claro que só se for em caso de corrupção comprovada a mudança se justificaria. “Se houver algum problema com corrupção, nós temos que fazer uma nova votação. Se não, por que nós deveríamos mudar?”, declarou.
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Oposição a Blatter?
Platini era o principal candidato à sucessor de Blatter na Fifa na eleição presidencial em 2015, mas a decisão do suíço de concorrer mais uma vez tirou o francês da disputa. Ele disse que irá concorrer a mais um mandato na Uefa. Porém, não irá apoiar Blatter na eleição, como fez na última, em 2011.
“Eu disse muitas vezes que eu não irei apoiá-lo mais porque ele pediu que o futebol europeu votasse para ele por uma última vez [em 2011]”, explicou. “Depois de 40 anos envolvido como secretário-geral e presidente, é hora de algo novo”, continuou o francês. “Eu sou parte da Fifa como vice-presidente, mas a imagem não é muito boa. Pela fama da Fifa ao redor do mundo, para ter melhor transparência, melhor governança, eu acho que é hora de Sepp deixar o cargo”, afirmou. Perguntado se ele acha que Blatter pode ser derrotado na disputa eleitoral em 2015, Platini mostrou-se simpático à oposição. “Eu espero que sim. É possível”.
O único candidato declarado de Blatter até agora é Jérôme Champagne, francês que já foi secretário-geral da entidade. Quem sinalizou com a possibilidade de concorrer também foi Harold Mayne-Nicholls, ex-presidente da Federação Chilena. Seja quem for, eles precisarão de cinco nomeações de federações nacionais, como determina as novas regras para a eleição da Fifa em 2015. Se Platini quer mesmo fazer oposição a Blatter, precisa começar a articular com as federações de futebol pelo mundo para nomearam Champagne para o cargo. Se não, é só um discurso vazio.