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Fifa divulga nomeados ao prêmio The Best 2023 — sem Vinícius Júnior de novo

Destaque na temporada, mais uma vez Vinícius Júnior ficou fora dos nomeados de forma difícil de explicar, especialmente por quem apareceu na lista

A Fifa divulgou nesta quinta-feira (14) os indicados ao prêmio The Best 2023 e, mais uma vez, o brasileiro Vinícius Júnior, um dos melhores da Europa nos últimos dois anos, não está entre os indicados. Enquanto o prêmio feminino inclui a Copa do Mundo da categoria, o masculino avalia apenas o período após a Copa do Mundo até agosto deste ano. Portanto, o desempenho no Catar não deveria ser um fator — este ficou com o prêmio 2022, vencido por Lionel Messi.

O período analisado é, segundo informado pela Fifa, 19 de dezembro de 2022 a 20 de agosto de 2023. O que a lista indica, porém, é que a Copa do Mundo ainda teve algum peso, mesmo que tecnicamente ela não devesse contar. E, portanto, Vinícius Júnior foi mais uma vez um jogador importante na temporada europeia, levando o Real Madrid até a semifinal do torneio como seu principal jogador.

É importante dizer como essa lista é elaborada. Segundo informado pela Fifa, a lista é formada por um “painel de especialistas que revisaram longas listas compiladas pela Fifa baseada nas conquistas dos candidatos durante os períodos de elegibilidades respectivos”.

A eleição, agora, será feita de forma aberta e qualquer pessoa no mundo pode votar em todas as categorias da premiação. Além do voto popular, ainda há um júri que votará a partir de agora composto por capitães das seleções; técnicos das seleções; e jornalistas escolhidos.

Nada justifica a ausência de Vinícius Júnior dos 12 melhores pelo segundo ano seguido. Faz muito pouco sentido que ele não esteja ao menos na lista final desses nomes. Ganhar é outra coisa, é muito provável que um jogador do Manchester City vença (olá, Haaland). Não ter sido nem indicado é realmente algo que nos faz pensar que há outras razões para que ele não esteja entre os finalistas mais uma vez. E não são razões futebolísticas.

Champions League teve grande peso nas indicações

Há fatores claramente políticos, como a tentativa de indicar alguém da finalista da Champions League, Inter de Milão. O escolhido foi Marcelo Brozovic, um jogador de peso, mas que na campanha da Champions League, teve muito menos peso que, por exemplo, Lautaro Martínez ou Alessandro Bastoni, para ficar em dois exemplos. O peso da final da Champions também aparece com Simone Inzaghi indicado a melhor técnico.

O Manchester City, campeão da Tríplice Coroa, tem seis indicados entre os 12 indicados: Julian Álvarez, Kevin De Bruyne, Ilkay Gündogan, Erling Haaland, Rodri e Bernardo Silva. Isso além de Pep Guardiola, indicado a melhor técnico.

A indicação de Julian Álvarez na lista faz pouco sentido, se for considerar apenas o que ele fez pelo clube, e não o que ele fez na Copa do Mundo. É impossível pensar que a temporada de Álvarez tenha sido melhor que a de Vinícius Júnior, que foi até a semifinal da Champions como um dos melhores jogadores.

Há representantes também de um dos melhores times, em desempenho, na temporada: o Napoli. As indicações de Khvicha Kvaratskhelia e Victor Osimhen são justíssimas. Os dois foram os principais destaques de um time que brilhou muito na Itália, em uma temporada história. O técnico Luciano Spalletti, comandante dos Partenopei, também foi indicado a melhor técnico. Ele agora comanda a seleção italiana.

Entre os indicados de melhor jogador também aparece Declan Rice, que atuou na temporada passada pelo West Ham, campeão da Conference League. Embora ele tenha sido um destaque importante, é difícil imaginar que o seu nome foi indicado muito mais pela transferência ao Arsenal e por ser inglês do que pelo que jogou. Se fosse só pelo futebol, os jogadores do Arsenal brilharam muito mais na própria Inglaterra, como Martin Odegaard e Bukayo Saka, por exemplo.

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Lista de treinadores no masculino chama a atenção

Dois nomes da lista de cinco indicados chamam muito a atenção. Se por um lado Pep Guardiola, Simone Inzaghi e Luciano Spalletti são indicações óbvias, como citadas acima, os nomes de Ange Postecoglou e de Xavi não são tão óbvios assim.

Xavi foi campeão espanhol pelo Barcelona, o que evidentemente tem muito mérito. Mas apesar disso, o time não foi encantador, muito longe disso. O próprio técnico admitiu que o time não jogou como o esperado, embora fosse extremamente eficiente com uma defesa muito fechada.

O caso de Ange Postecoglou é ainda mais curioso. Ele também foi campeão da sua liga nacional, a Escocesa, já que dirigia o Celtic. O treinador conseguiu ser muito eficiente e fazia um ótimo trabalho pelos Bhoys, mas sua indicação também soa como um anglocentrismo: ele foi contratado para ser treinador do Tottenham e, de fato, começou muito bem. Como o período avaliado pega muito mais a sua vida pelo Celtic, chama a atenção ele estar indicado. Se pensarmos na Inglaterra mesmo, Mikel Arteta fez um trabalho histórico pelo Arsenal e talvez merecesse mais.

Copa do Mundo terá muito peso no Futebol Feminino

Ao contrário do masculino, o futebol feminino inclui o período da Copa. Segundo a Fifa, o período analisado é de 1º de agosto de 2022 a 20 de agosto 2023. Como todo ano de Mundial, o torneio certamente pesará muito em todos os prêmios, de melhor jogadora, melhor técnico (a) e melhor goleira.

A Espanha, campeã do mundo, tem quatro indicadas: a meio-campista Aitana Bonmati, do Barcelona e principal jogadora da Copa, Jennifer Hermoso, outra que brilhou intensamente no torneio (antes de ser alvo de assédio de Rubiales), Salma Paralluelo, que brilhou na Copa e é outra do Barcelona, e Mapi León, esta, porém, não esteve na Copa do Mundo. Não porque não mereceu, ao contrário: brilhou pelo Barcelona, que foi campeã da Champions, mas recusou estar disponível para convocação para a Copa por protesto contra Jorge Vilda, o técnico.

O Barcelona, aliás, foi muito lembrado, como normalmente acontece com times que conquistam a Champions League. Além de Aitana Bonmati, Paralluelo e Mapi Leon, ainda tem a inglesa Keira Walsh, Inglaterra.

A boa campanha australiana certamente pesou nas indicações. São três australianas indicadas na lista de melhores jogadoras: Caitlin Foord, Sam Kerr e Mary Fowler. A japonesa Hinata Miyazawa, do Manchester United e que brilhou na Copa, é outra indicada, assim como a colombiana Linda Caicedo, do Real Madrid, e que foi bem na Copa.

Critérios para colocar clube ou seleção na lista

Abaixo você pode ver todos os indicados. Consideramos os períodos indicados para atribuir o clube ou seleção. Como no futebol masculino o período não comporta a Copa do Mundo, não colocamos as seleções dos jogadores, já que não houve evento de seleção relevante para isso.

Também consideramos o clube do jogador na temporada 2022/23, que foi a considerada pela Fifa. Portanto, Gündogan aparece como jogador do Manchester City, não do Barcelona, e Ange Postecoglou apareceu como técnico do Celtic, não do Tottenham.

No caso do futebol feminino, consideramos também a seleção das atletas, porque a Copa do Mundo está dentro do período avaliado e ela, evidentemente, tem um peso enorme. Veja todas as listas:

Melhor jogadora

  • Aitana Bonmati (Barcelona/Espanha)
  • Linda Caicedo (Real Madrid/Colômbia)
  • Rachel Daly (Aston Villa/Inglaterra)
  • Kadidiatou Diani (Lyon/França)
  • Caitlin Foord (Arsenal/Austrália)
  • Mary Fowler (Manchester City/Austrália)
  • Alex Greenwood (Manchester City/Inglaterra)
  • Jennifer Hermoso (Pachuca/Espanha)
  • Lindsey Horan (Lyon/Estados Unidos)
  • Amanda Ilestedt (Arsenal/Suécia)
  • Lauren James (Chelsea/Inglaterra)
  • Sam Kerr (Chelsea/Austrália)
  • Mapi Leon (Barcelona/Espanha)
  • Hinata Miyazawa (Manchester United/Japão)
  • Salma Paralluelo (Barcelona/Espanha)
  • Keira Walsh (Barcelona/Inglaterra)

Melhor jogador

  • Julian Álvarez (Manchester City)
  • Marcelo Brozovic (Inter de Milão)
  • Kevin De Bruyne (Manchester City)
  • Ilkay Gundogan (Manchester City)
  • Erling Haaland (Manchester City)
  • Rodri (Manchester City)
  • Khvicha Kvaratskhelia (Napoli)
  • Kylian Mbappé (PSG)
  • Lionel Messi (PSG)
  • Victor Osimhen (Napoli)
  • Declan Rice (West Ham)
  • Bernardo Silva (Manchester City)

Melhores treinador (a) — Futebol Feminino

  • Peter Gerhardsson (Suécia)
  • Jonatan Giraldez (Barcelona Feminino)
  • Tony Gustavsson (Austrália)
  • Emma Hayes (Chelsea Feminino)
  • Sarina Wiegman (Inglaterra)

Melhor treinador — Futebol Masculino

  • Pep Guardiola (Manchester City)
  • Simone Inzaghi (Inter de Milão)
  • Ange Postecoglou (Celtic)
  • Luciano Spalletti (Napoli)
  • Xavi (Barcelona)

Melhor Goleira

  • Mackenzie Arnold (West Ham/Austrália)
  • Ann-Katrin Berger (Chelsea/Alemanha)
  • Catalina Coll (Barcelona/Espanha)
  • Mary Earps (Manchester United/Inglaterra)
  • Christiane Endler (Lyon/Chile)
  • Zecira Musovic (Chelsea/Suécia)
  • Sandra Panos Garcia-Villami (Barcelona/Espanha)

Melhor Goleiro

  • Yassine Bounou (Sevilla)
  • Thibaut Courtois (Real Madrid)
  • Ederson (Manchester City)
  • Andre Onana (Inter de Milão)
  • Marc-Andre ter Stegen (Barcelona)

Melhor torcedor Fifa

  • Torcedor do Club Atlético Colón
  • Fran Hurndall
  • Miguel Ángel, torcedor do Millonarios
Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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