Messi ultrapassou Benzema na reta final para ser eleito o melhor jogador do mundo pela 7ª vez
Na última curva, Messi foi o grande destaque (e a grande história) da Copa do Mundo e superou o craque da Champions League e vencedor da Bola de Ouro

Karim Benzema parecia barbada para levar os principais prêmios individuais do futebol mundial. O nível de exibição que apresentou principalmente no mata-mata da Champions League o colocou como favorito, e teve uma Copa do Mundo no meio do caminho, e nela, Lionel Messi fez o suficiente para ser eleito o melhor jogador do mundo pela sétima vez, segundo os critérios da Fifa, ampliando sua vantagem para Cristiano Ronaldo.
E além disso, Karim Benzema não teve a chance de ampliar o excepcional currículo que apresentou ao colégio eleitoral da entidade. Em uma história ainda meio mal contada, foi cortado por causa de uma lesão na coxa, na véspera da abertura da Copa do Mundo. A França não chamou um substituto, e ele retornou aos treinos com o Real Madrid na altura da quartas de final contra a Inglaterra. Sem o craque, a seleção francesa ainda chegou à decisão, mas perdeu da Argentina. Benzema se aposentou do time nacional pouco depois do fim do torneio no Catar.
Se a Copa do Mundo teve tanto peso, Kylian Mbappé ainda poderia ficar com o prêmio se a França tivesse defendido seu título. Como não o fez, Messi tornou-se um candidato fortíssimo. Ele não teve uma grande temporada pelo Paris Saint-Germain. Em números, foi de muito longe a sua pior desde que era um garoto promissor com a camisa do Barcelona. Em desempenho e conquistas, tampouco brilhou. Mas o período estendido permitiu que ele começasse a pegar embalo nos meses antes do Mundial.
Apenas na bola, Messi não foi o melhor jogador do mundo no período considerado pela Fifa (aproximadamente o último ano e meio), mas o peso da Copa do Mundo sempre seria enorme, e ele teve muita coisa a seu favor no Catar. Começando pelas atuações, foi decisivo em momentos cruciais, como na segunda rodada da fase de grupos contra o México, nas oitavas de final contra a Austrália e nas quartas de final contra a Holanda. Ele ainda deu um show de bola diante da Croácia na semifinal e marcou duas vezes na final, com justiça eleito o craque do torneio. Em termos de conquista, levou o troféu mais importante em disputa em 2022 com um papel de protagonismo.
E Messi também teve a narrativa. A campanha no Catar foi o fim cinematográfico de uma trajetória de muitos altos e baixos pela seleção argentina. Dos fracassos na Copa do Mundo às três finais perdidas em sequência, passando pela breve aposentadoria e mais um fracasso no Mundial da Rússia. Aos 35 anos, talvez fosse sua última chance de ser campeão do mundo, na primeira edição depois da morte de Maradona, ao qual é tanto comparado. E ele entregou até mais do que se imaginava.
O prêmio da Fifa passou por uma certa crise de identidade nos últimos anos, mas essa é a sétima vez que Messi leva o troféu. Ele ganhou uma vez, em 2009, antes da fusão com a Bola de Ouro. Durante o período conjunto, de 2010 a 2015, Messi dominou com quatro vitórias. Desde a separação e o rebatismo para Fifa The Best, ganhou em 2019 e agora em 2022. Cristiano Ronaldo é o segundo da lista, com cinco. Ronaldo Fenômeno e Zinedine Zidane têm três cada um.
Scaloni, o melhor técnico

Outra prova do peso da Copa do Mundo na votação é que o comandante da seleção argentina, Lionel Scaloni, foi eleito o melhor técnico do mundo, à frente de Carlo Ancelotti, campeão europeu e espanhol, e de Pep Guardiola, que é só muito, muito bom – e ganhou a Premier League mais uma vez. E não dá para contestar demais os seus méritos naquela campanha, desde a maneira como conduziu um elenco sob muita pressão renovou contrato nesta segunda-feira até 2026.
Os técnicos começaram a ser incluídos na votação em 2010, quando houve a fusão entre os prêmios da Fifa e da France Football. Scaloni é o primeiro sul-americano e não-europeu a conquistá-lo. Diego Simeone, Jorge Sampaoli, pelo seu trabalho com o Chile, Mauricio Pochettino e Marcelo Bielsa chegaram a ficar em terceiro lugar. Costuma ser um prêmio de alta rotatividade. Klopp, com duas vitórias, é o que foi mais vezes homenageado.
As grandes competições internacionais costumam ter muita influência. Vicente Del Bosque perdeu em 2010 para a Tríplice Coroa de José Mourinho pela Internazionale, mas ganhou dois anos depois, pelo título da Eurocopa. Joachim Löw foi eleito em 2014, e Didier Deschamps em 2018, ambos campeões da Copa do Mundo. Fernando Santos, campeão europeu em 2016, ficou em terceiro lugar. Roberto Mancini, que fez o mesmo pela Itália em 2021, foi o segundo colocado naquele ano. Sampaoli chegou ao pódio depois de conquistar a Copa América pelo Chile, e Zlatko Dalic ganhou uma menção pelo vice-campeonato mundial pela Croácia na Rússia.

Emiliano Martínez, outro destaque da campanha da Argentina, foi eleito o melhor goleiro do mundo, na sexta edição desse prêmio, que é um pouco mais democrático. Édouard Mendy, de Senegal, e o brasileiro Alisson, do Liverpool, já o haviam conquistado, junto com Gianluigi Buffon, Thibaut Courtois e Manuel Neuer. Como nos últimos dois anos, porém, houve uma divergência entre o vencedor pelo colégio eleitoral da Fifa – que conta técnicos, capitães e representantes da imprensa de todas as seleções – e a seleção montada pela FIFPro, o sindicato mundial dos jogadores.
Courtois, excepcional pelo Real Madrid no título europeu, especialmente na final, começa a escalação, atrás de Achraf Hakimi, João Cancelo e Virgil Van Dijk. O meio-campo tem Kevin de Bruyne, Luka Modric e Casemiro, o único representante brasileiro em todas essas premiações que levou alguma coisa. No ataque, Lionel Messi, Kylian Mbappé, Karim Benzema e Erling Haaland.