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Bola de Ouro: Rodri pode tirar o prêmio de Vini Júnior?

Espanhol foi eleito o melhor jogador da Euro e vira concorrente de Vini Jr pelo prêmio de melhor do mundo

O tema é polêmico por natureza. Os prêmios que escolhem o melhor jogador de futebol do mundo a cada temporada mexem com o imaginário de jogadores, torcedores e analistas em todo o mundo. As escolhas trafegam da unanimidade à contestação, ao gosto dos clientes.

Nesta semana ganhou corpo uma tese de que está sendo colocado em prática um lobby da mídia e dos dirigentes espanhóis para que Rodrigo Hernandez Castante receba o prêmio e ofusque o brilho de Vini Júnior, um brasileiro vítima de racismo por idiotas na Espanha.

Porém, cabe argumentação futebolística.

Vini e Rodri são jogadores de perfis diferentes. O brasileiro é exuberante, faz gols que decidem partidas e campeonatos. O espanhol é um ritmista do meio-campo, um condutor de partidas. Vini seria o solista de uma orquestra regida por Rodri.

Outro aspecto que deve ser avaliado nesse tipo de escolha é o ambiente de destaque do jogador. O que é mais importante, o desempenho pelo clube ou pela seleção? Vini não fez com a camisa do Brasil nada parecido com o que faz pelo Real Madrid.

Rodri, embora não tenha sido o destaque individual da Espanha na Euro, é o centro do sistema nervoso da seleção e do Manchester City e, como o brasileiro. já decidiu uma Champions League.

O brasileiro é um jogador sempre relacionado à alegria, à festa, que participa da complementação das jogadas e do êxtase no futebol. É o típico ponta sul-americano, veloz, driblador e irreverente.

O espanhol é um pensador de partidas, que muitas vezes não aparece para o torcedor. Herdeiro natural de Busquets, outro grande volante espanhol, que superou o mentor no refino técnico no passe, com mais elegância e que bate menos.

Bola de Ouro costuma premiar jogadores mais ofensivos

Os prêmios de melhor jogador do mundo são geralmente dados para atacantes ou meio-campistas ofensivos, que fazem muitos gols. São duas premiações distintas, que durante algum tempo foram fundidas em uma: Bola de Ouro, entregue pelas publicações francesas “LÉquipe” e “France Football”, e o The Best, oferecido pela FIFA.

As premiações concedidas ao zagueiro italiano Fabio Cannavaro, em 2006, e ao meio-campista croata Luka Modric, em 2018, geram discussão até hoje.

A Europa é o centro do futebol mundial, e a Euro e a Liga dos Campeões têm peso decisivo para a escolha de premiações individuais em ano sem Copa do Mundo.
Com lobby ou sem lobby, o título da Espanha fortalece Rodri e até o adolescente Lamine Yamal, eleito melhor jogador jovem da Euro, nessa disputa. Assim como a participação ruim de Vini na Copa América e o cartão amarelo bobo que o tirou da partida contra o Uruguai tiram pontos do brasileiro nesse confronto. 

O inglês Jude Bellingham, que começou a temporada muito bem no Real Madrid, também aparece com boa cotação. Pesa contra ele o fato de a Inglaterra ter perdido a final da Euro pela segunda vez consecutiva. Resta saber se o belo gol de bicicleta contra a Eslováquia seduzirá os eleitores.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
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