A capa do Guardian mostra quanto os ingleses ligam para o Mundial (spoiler: quase nada)
Um dos principais jornais da Inglaterra simplesmente relegou ao canto um conquista inédita do Manchester City, o que mostra quanto eles (não) ligam para o Mundial
O The Guardian é um dos principais jornais da Inglaterra — se não o principal. E a maneira como sua edição online tratou o título mundial inédito do Manchester City, que goleou por 4 a 0 o Fluminense nesta sexta-feira (22), é mais uma evidência de que os ingleses não se importam quase nada com o Mundial de Clubes, competição que nós, no Brasil, damos um valor absurdo (talvez até superestimado).
Não eram passados nem trinta minutos da goleada do Manchester City contra o Fluminense quando tiramos a captura de tela que você pode ver abaixo. Nela, é necessário praticamente procurar por onde o jornal coloca a vitória inglesa no Mundial. Ficou relegada a um pequeno quadrado, enquanto os destaques principais iam para o jogo do Aston Villa, pela Premier League, e para a lista de 100 melhores jogadores do mundo que o Guardian tradicionalmente divulga todos os anos.
Não é que o desprezo dos ingleses, presença constante nas edições recentes do Mundial de Clubes, diminua por completo a importância da competição. Mas dá uma mostra de como a superestimamos por aqui e como, para eles, é só mais um jogo — talvez meio que uma recopa como as que eles jogam no começo de suas temporadas. Perder para equipes da América do Sul é uma surpresa desagradável, mas ganhar não muda nada na vida de times como o Manchester City.
Isso não quer dizer, no entanto, que os clubes europeus entrem para perder ou que os sul-americanos campeões (e temos que retornar 11 anos no tempo para achar o último, o Corinthians) não tenha seus méritos. Não é isso. Mas é evidente que há uma disparidade gigantesca quando tratamos a importância que damos a essa competição e como ela é vista da ótica dos times e torcedores europeus.
Muitos brasileiros, poucos europeus na torcida no Mundial
Trivela esteve em Jeddah, assim como muito torcedores do Fluminense. Mas não muitos torcedores do Manchester City. Assim como o time brasileiro, o inglês também havia sido campeão continental pela primeira vez. Venceu sua única Champions League na história até agora e, com a taça do Mundial, passou a poder dizer que possui todos os troféus de elite possíveis para uma equipe do futebol europeu. Mas nem isso animou a torcida dos Citizens, que compareceu em número bem menor que a do Flu ou até mesmo do Al Ahly, equipe do Egito que os brasileiros eliminaram nas semifinais.
Haaland, De Bruyne e a (não) importância que os europeus dão ao Mundial
Ao longo da última semana, direto da Arábia Saudita, publicamos aqui na Trivela uma matéria após acompanharmos in loco o treinamento do Manchester City. Nele, vimos um Kevin De Bruyne em totais condições de jogo, assim como um Erling Haaland que não parecia ter tantas limitações físicas. Se fosse um jogo decisivo da Premier League, não tenha dúvidas, os dois estariam em campo, diferente do Mundial, quando sequer foram escritos.
A falta de importância dada ao Mundial por lá fica evidente nestes detalhes. Novamente, não diminui a conquista nem do Manchester City e muito menos dos clubes sul-americanos que já conquistaram o troféu. Mas dá mostras da disparidade que separa nosso futebol do futebol deles: mesmo sem o maior dos interesses, eles não perdem para nós desde 2012. E não parece que perderão em breve.