Handanovic se despede da Inter como símbolo de um período de redenção

Samir Handanovic marcou uma era na Internazionale. O goleiro permaneceu como uma grande certeza na meta dos nerazzurri por uma década. O esloveno pode ficar abaixo de Walter Zenga em termos de identificação e de Júlio César entre as maiores conquistas, mas liderou um período de reconstrução do clube e viveu sua glória com a conquista do Scudetto em 2020/21. O arqueiro será um sinônimo de um período importante na história interista. No entanto, as últimas temporadas evidenciaram também a queda de nível de Handanovic. A sensação de adeus se aproximava. E a despedida do clube se confirmou nesta quarta-feira: aos 38 anos, Handanovic não teve seu contrato renovado e deixará a Inter.

“Uma referência absoluta, um líder nos vestiários, um capitão corajoso. Samir Handanovic foi tudo isso, nas 11 temporadas em que ele defendeu o gol nerazzurro. Sua assinatura com a Inter aconteceu em 9 de julho de 2012, demonstrando desde o primeiro momento as qualidades técnicas excepcionais combinadas com um grande carisma, que fez dele um dos melhores goleiros na história da Inter. Prova disso são suas 455 partidas, com 166 jogos sem sofrer gols”, agradeceu a Inter, em sua nota oficial.

“Graças a esses números, Samir igualou Ivan Córdoba no décimo lugar do ranking de jogadores com mais aparições em todas as competições. É um feito histórico e prestigioso para o goleiro esloveno, que é o segundo jogador estrangeiro com mais aparições na história da Serie A, abaixo apenas de Javier Zanetti. Igualmente prestigioso é o recorde de pênaltis defendidos na liga: 32 no total. Ninguém fez tanto na história da Serie A. Uma carreira extraordinária que, além do Scudetto, rendeu duas Copas da Itália e duas Supercopas. Saudamos, agradecemos e oferecemos o carinho sincero de todos os torcedores e de toda a família nerazzurra a Handanovic. Obrigado, Samir!”, finalizou o clube.

A trajetória de Handanovic na Inter

Handanovic chegou à Internazionale em 2012. Foi contratado para substituir Júlio César e vinha com ótimas credenciais, diante de suas boas temporadas com a Udinese na Serie A. A partir de então, Handanovic foi uma das grandes referências dos nerazzurri em tempos de enfraquecimento. Não sentiu o peso de suplantar o antigo titular da seleção brasileira. Manteve-se como titular absoluto e um dos melhores jogadores do time. Depois de um período vitorioso, as glórias se tornavam cada vez mais distantes para a Inter, com as dificuldades do clube em se classificar até mesmo para a Champions League. Apesar disso, o goleiro segurava as pontas e fazia a diferença, como um dos melhores em atividade na Serie A.

Desde que chegou à Inter, Handanovic foi eleito duas vezes o melhor goleiro da Serie A. Os milagres ao longo da última década foram bastante frequentes. A partir de 2019, o goleiro também se tornou capitão da Internazionale. Tinha uma liderança expressa em campo e também qualidade que o referendava como uma figura intocável. Porém, durante os últimos anos, a queda de nível de Handanovic se tornou evidente. Já não era um goleiro muito confiável, diante das falhas recorrentes. Mas não foi isso que o impediu de conquistar a Serie A pela primeira vez em 2020/21. Teve papel preponderante em alguns jogos decisivos, em especial no clássico contra o Milan no segundo turno, em que fez aquela que talvez tenha sido a melhor atuação da carreira.

Handanovic, no entanto, indicava como a transição no gol da Internazionale deveria acontecer em breve. O goleiro ainda manteve a titularidade na temporada 2021/22, sem uma sombra na posição. Já em 2022/23, ganhou a concorrência de André Onana. Simone Inzaghi ainda bancou Handanovic no início da Serie A, até que a titularidade de Onana se tornasse imperativa. O camaronês esteve entre os melhores jogadores dos nerazzurri em 2022/23, em especial na caminhada até a final da Champions League. Isso não significava, contudo, que o veterano se tornou descartável no banco.

O grand finale de Handanovic na Inter aconteceu na decisão da Copa da Itália, contra a Fiorentina. Sua titularidade na ocasião era uma homenagem, mas também um sinal de confiança em tudo o que o esloveno representa. E ele não decepcionou. Realizou boas defesas sobretudo no segundo tempo, em que segurou a tentativa de reação dos violetas. Era o pleno reconhecimento com um novo título, ainda mais como capitão. Handanovic voltou ao alto do pódio para erguer mais um troféu com os nerazzurri. O último de uma respeitável trajetória.

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As marcas de Handanovic

• Segundo estrangeiro com mais partidas na Serie A (566 jogos)
• Quarto goleiro com mais partidas na Serie A (566 jogos)
• Sétimo jogador com mais partidas na Serie A (566 jogos)
• Décimo jogador com mais partidas pela Inter (455 jogos)
• Segundo goleiro com mais partidas pela Inter (455 jogos)
• Segundo estrangeiro com mais partidas pela Inter (455 jogos)
• Mais pênaltis defendidos na Serie A (32 no total)
• Mais pênaltis defendidos numa mesma temporada (seis no total)

As mudanças no gol da Inter

Handanovic não é o único goleiro que deixa a Internazionale rumo à próxima temporada. Outro que se despediu nesta quarta-feira foi Alex Cordaz, veterano de 40 anos que começou no clube e rodou por diferentes times italianos até voltar como terceira opção para o setor em 2021. Além disso, André Onana provavelmente não ficará em Milão. O camaronês é fortemente especulado pelo Manchester United, especialmente pela relação que possui com o técnico Erik ten Hag desde os tempos de Ajax.

O mercado da Inter está bastante movimentado. Marcelo Brozovic (Al-Nassr), Milan Skriniar (PSG), Edin Dzeko (Fenerbahçe), Roberto Gagliardini (Monza) e Danilo D'Ambrosio (sem clube) são outras figuras relevantes que saíram. Já a lista de reforços se destaca pelas chegadas de Davide Frattesi, trazido do Sassuolo, e de Marcus Thuram, que veio sem custos ao fim de seu contrato com o Borussia Mönchengladbach. Yann Aurel Bisseck reforçará a zaga, anunciado nesta quarta por €7 milhões, comprado do Aarhus. Kristjan Asllani e Francesco Acerbi também foram contratados em definitivo.