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Conte achava que Zaza não servia para a Juve, mas na Itália é seu novo xodó

Antonio Conte iniciou o novo ciclo da seleção italiana com tranquilidade. A Azzurra deu seu cartão de visitas ao vencer a Holanda no primeiro amistoso e estreou nas Eliminatórias da Euro 2016 com um bom resultado: se impôs sobre a Noruega em Oslo, em um triunfo no qual os 2 a 0 no placar ficaram até baratos. E a seleção italiana conta com um protagonista inesperado nessa nova etapa. Simone Zaza foi de uma boa temporada com o Sassuolo à condição de sensação na equipe nacional. Depois de uma boa estreia contra a Holanda, o atacante de 23 anos foi o melhor em campo diante dos noruegueses.

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A carreira de Zaza é errante, como a de muitas jovens promessas do futebol italiano, que dificilmente ganham chances em clubes da Serie A. Nascido no sul da Itália, o garoto começou a ter um pouco mais de projeção na Atalanta. Todavia, os problemas disciplinares fizeram com que o clube de Bérgamo o repassasse à Sampdoria. E a oportunidade que poderia ter em Gênova nunca veio, mesmo defendendo as seleções de base. Foi emprestado para Juve Stabia, Viareggio e Ascoli, onde foi um dos artilheiros da Serie B 2012/13. Só então pôde disputar a Serie A de maneira consistente, mas não na Samp.

Zaza foi contratado em copropriedade por Juventus e Sassuolo. Entretanto, receberia mesmo chances nos neroverdi, na primeira temporada do clube na primeira divisão. Ao lado de Domenico Berardi (que, cotado para a Copa de 2014, ficou de lado por questões disciplinares), foi uma das referências da campanha que manteve o time a salvo na Serie A, autor de nove dos 43 gols. O suficiente para que ganhasse uma chance de mostrar seu valor neste novo momento da seleção italiana. A presença física combinada com a mobilidade, assim como a capacidade na finalização, certamente pesaram.

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A ironia é que a chance a Zaza foi dada por Conte. O técnico ainda estava na Juventus quando os bianconeri abriram mão do jovem e venderam a sua metade na copropriedade ao Sassuolo, por € 7,5 milhões – mas com opção de recompra no futuro. Se não servia na Velha Senhora, o atacante se tornaria útil na Azzurra, compondo a linha de frente ao lado de Ciro Immobile – curiosamente, outro renegado em Turim. E, nesta terça, Zaza compensou a confiança jogando demais contra a Noruega. Marcou o seu gol, acertou o travessão e quase fez uma pintura, ao pedalar sobre a marcação e tocar por cobertura na saída do goleiro. Para seu azar, um defensor salvou acima da linha.

Com o seu tento em Oslo, Zaza se tornou o primeiro jogador da história do Sassuolo a anotar um gol pela seleção. Diz um pouco sobre o momento do futebol italiano, com os clubes maiores preferindo apostar em atacantes estrangeiros e raros talentos locais surgindo na Serie A. Porém, também mostra que essa observação dos times menores pode dar resultados. Zaza agora pode servir de exemplo. E o empenho nos treinos, que rendeu elogios de Conte, bem como as boas atuações nos jogos, devem garantir o prodígio nas próximas convocações.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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