Serie A

Çalhanoglu foi uma oportunidade de negócio para a Inter, que terá um substituto na ausência de Eriksen

Meia turco deixou o Milan para juntar-se ao rival de cidade e é difícil ver sua contratação sem ligar ao que aconteceu com Eriksen

A Internazionale confirmou na última terça-feira a contratação de Hakan Çalhanoglu, meia de 27 anos da seleção turca. O próprio jogador já tinha confirmado que iria para o clube. O jogador tem contrato com o Milan até o fim deste mês, mas o clube decidiu não atender sua demanda por um aumento salarial e optou por não renovar o contrato. Surgiu então o rival, que sentiu ser uma oportunidade para contratar sem custos um jogador para substituir Christian Eriksen, que ainda não se sabe quando poderá jogar (e nem se ele poderá, na verdade).

O Milan está com uma política financeira de contenção de gastos e, por isso, não quis ir além dos € 4 milhões por ano de salários para Çalhanoglu. Aconteceu o mesmo com Gianluigi Donnarumma, que queria um aumento substancial para permanecer no clube. O clube decidiu não renovar o contrato do goleiro da seleção italiana e contratou Mike Maignan, destaque do campeão francês Lille.

Para a Inter, é difícil não associar a contratação de Çalhanoglu com o que aconteceu com Eriksen. O meia dinamarquês tem uma situação indefinida e Çalhanoglu foi visto como uma possível reposição sem ter que gastar muito. São dois jogadores de características similares e que podem exercer o mesmo papel.

“Quero ganhar algum título durante o meu tempo na Itália”.

“Eu estou muito feliz, estar na Inter é algo grande”, afirmou Çalhanoglu à Inter TV, ao ser anunciado. “É um grande time, um grande clube, uma grande atmosfera, uma grande torcida. Eu sei o que significa vir para cá, é uma sensação forte. Nós queremos ganhar o scudetto, como na temporada passada”.

Çalhanoflu estava no Milan desde 2017, quando foi contratado por € 23,3 milhões. Teve seu melhor momento no último um ano e meio, já com o técnico Stefano Pioli. O treinador conseguiu tirar o melhor do seu camisa 10, que estava antes na porta de saída do clube. Na última temporada, 2020/21, foram 43 jogos, com nove gols e 12 assistências. Esteve na Eurocopa com a Turquia, mas os turcos não conseguiram um ponto sequer e perderam os três jogos.

Na Inter, Çalhanoglu deve ter um papel um pouco diferente do que fazia no 4-2-3-1 de Pioli, onde era o meia central que se aproxima do atacante. Simone Inzaghi, novo treinador nerazzurro, deve usar um 3-5-2, como nos tempos de Lazio, e o turco deve fazer o papel de Luis Alberto na Inter, como um meia que vem de trás para armar as jogadas.

“Eu já falei com Inzaghi. Eu conheço seu sistema tático e eu gostei muito da conversa que tivemos e eu ouvi algumas coisas maravilhosas. A Inter tem grandes objetivos e eu gosto disso. Eu quero ganhar algum título durante o meu tempo na Itália”.

No total, foram 172 jogos oficiais pelo Milan, com 32 gols e 48 assistências. “Eu prefiro fazer assistências que marcar gols, já que eu não tenho aquele egoísmo de querer fazer gols a qualquer custo. O time vem primeiro”, disse Çalhanoglu.

“Eu quero trazer qualidade e quantidade. Eu sei que tenho que trabalhar duro, porque ninguém dá de graça uma camisa de titular. Se você sofrer e trabalhar duro, você sempre ganha a sua chance”, disse ainda o meia.

Çalhanoglu ainda conversou com um compatriota que já tinha jogado pela Inter antes: Emre Belozoglu. “Nós conversamos sobre isso, ele me disse algumas coisas sobre a Inter, que trabalham bem aqui e são muito organizados em todas as áreas. Ele me disse que a Inter é um grande clube e eu devo aproveitar”, contou o meia.

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Irregularidade também era problema de Luis Alberto

Hakan Çalhanoglu é conhecido por suas qualidades técnicas tanto quanto pela sua irregularidade. Ao longo das temporadas, ele tem sempre bons momentos, mas sofre para manter uma constância de atuações. Por isso, pode ser que ele seja uma boa opção de elenco, mas caso precise de um titular regular, Çalhanoglu pode não conseguir entregar tudo que sabe.

No Milan, exerceu um papel bem específico no sistema tático de Pioli, de camisa 10, atrás do atacante, onde ele tem as menores responsabilidades defensivas. Com Simone Inzaghi, deve ser ligeiramente diferente. O papel de meio-campista central criador de jogadas, como Luis Alberto exercia, exige mais dedicação física e fechar os espaços sem a bola.

O trunfo que a Inter tem é justamente Inzaghi. Luis Alberto teve problemas similares ao de Çalhanoglu até chegar à Lazio: muita qualidade técnica, pouca regularidade. Formado pelo Sevilla, chegou a ser contratado pelo Liverpool em 2013, mas nunca conseguiu se estabelecer no clube inglês. A qualidade técnica estava lá, mas a falta de regularidade o tornou uma opção deixada quase sempre no banco.

Nos empréstimos que teve ao Málaga e ao Deportico La Coruña, voltou a ter algum destaque e foi quando a Lazio resolveu apostar nele, em 2016. Desde então, se tornou um jogador importante na capital, É normalmente meio-campista central, que atua ao lado de jogadores que defendem mais do que ele, mas que ele é capaz de preencher os espaços também sem a bola. Pela Lazio, foram 175 jogos e 18 gols, além de 21 assistências.

Çalhanoglu tem mais experiência do que Luis Alberto tinha quando chegou à Lazio. Inzaghi também tem mais experiência e, por isso, pode ser uma forma de lidar com o novo contratado do seu novo clube. Este será um dos desafios de Inzaghi na Inter: fazer Çalhanoglu, seu primeiro contratado, render. Será um desafio grande, mas o que ameniza isso é que, em princípio, Çalhanoglu não chega para ser titular. Deve ter sua chance de agradar e ganhar o seu espaço. Veremos como será a experiência.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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