Itália

Seleção italiana pode ter problemas com o Napoli se escolher Spalletti como técnico

Apesar de estar sem trabalhar, Spalletti tem uma questão jurídica com o Napoli que o impede de assumir outra equipe, mesmo que seja a seleção italiana

O presidente do Napoli, Aurelio De Laurentiis, exige que o pagamento de uma compensação da Federação Italiana de Futebol (FIGC) se Luciano Spalletti foi contratado como novo técnico da seleção italiana. O nome do ex-treinador do Napoli é bastante especulado para assumir o cargo deixado por Roberto Mancini, mas há um problema jurídico que precisa ser resolvido com o atual campeão italiano.

A Azzurra procura um técnico depois da repentina saída de Roberto Mancini, no último domingo. Na segunda-feira, em entrevista, Mancini disse que a má relação com os dirigentes da FIGC foi o que motivou sua saída. O treinador deixou o cargo há menos de um ano da Eurocopa, depois de conquistar o título dessa mesma competição em 2021, mas falhando em classificar o time à Copa 2022. Seja como for, a federação italiana ficou com um pepino nas mãos e o nome de Luciano Spalletti é o mais especulado, justamente pelo seu feito pelo Napoli.

Spalletti conseguiu acabar com o jejum do Napoli, que durava 33 anos, com a conquista do título da Serie A. Ele deixou o cargo em seguida porque alegou que estava cansado e precisava descansar. Ele ainda tinha um ano de contrato com os Partenopei. Ele não pagou multa para sair, mas também não pode assumir outro clube ou seleção, a não ser que essa multa seja paga. É exatamente isso que o presidente do Napoli exige, caso a FIGC decida que ele deve ser o técnico da Azzurra.

Salletti tem contrato vigente e multa para descumprimento

Aos 64 anos, Spalletti é um treinador bastante experiente, mas a sua contratação exigiria o pagamento de €3,25 milhões para o Napoli para romper o vínculo do treinador com os Partenopei. Surgiram especulações que a FIGC não teria que pagar a multa por não ser um clube, o que deixou o presidente do clube furioso.

“Depois de uma avalanche de reportagens enganosas e imprecisas em vários meios de comunicação, divulgadas por comentaristas e profissionais conceituados do mundo da comunicação, considero necessário esclarecer a situação de Luciano Spalletti em relação à sua possível nomeação como técnico da seleção da Itália”, afirma comunicado assinado por De Laurentiis.

“Sempre tive imenso respeito pela seleção e, quando era jovem, era o único time além do Napoli pelo qual era apaixonado. Apesar de ter um ano de contrato com o Napoli, depois de ganhar o Scudetto, Spalletti expressou seu desejo de ter algum tempo descansando do trabalho de técnico, dado que ele disse que estava ‘muito cansado’. Como reconhecimento pelo excelente trabalho que ele havia feito, nem pisquei, embora pudesse ter pedido a ele que respeitasse seu contrato. Portanto, dei a ele a chance de ter um longo período de descanso”, diz ainda De Laurentiis.

Sem Spalletti, o Napoli contratou o técnico Rudi Garcia, que tem passagem pela Roma e dirigiu o Al Nassr, da Arábia Saudita, na temporada passada — com Cristiano Ronaldo e tudo. De Laurentiis acredita que o francês fará um “trabalho maravilhoso” e disse que conversou om Spalletti pedindo garantias que ele respeitaria o seu ano sabático, incluindo uma pena caso o contrato não fosse respeitado.

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Crítica a Mancini e à fragilidade dos contratos na Federação Italiana

De Laurentiis é um dirigente que adora falar e não se furtou de fazer críticas sutis tanto ao técnico Roberto Mancini por abandonar o cargo quanto à FIGC por permitir um rompimento de contrato de forma tão simples — algo que o Napoli é especialista em evitar, ao menos não sem uma compensação robusta.

“Em relação à Federação Italiana de Futebol, olhando a situação atual, o que me impressiona mais é que estamos a poucas semanas de dois jogos cruciais para a Itália com Roberto Mancini entregando sua demissão nesse momento”, afirmou o presidente do Napoli.

“As duas principais considerações para considerar são: relações não estão sendo mantidas com os colegas de trabalho, os levando a se demitir sem ter as ferramentas jurídicas necessárias para os manter e garantir que os contratos sejam respeitados, com o recurso de penas específicas se necessário”, continuou De Laurentiis.

“Se a escolha recair sobre Spalletti, e com razão, como um técnico brilhante com 25 anos de experiência no mais alto nível na carreira, cujo time do Napoli jogou o melhor futebol da Europa na última temporada, e você oferece a ele um salário líquido anual de €3 milhões por três anos, você não deve se desanimar por ter que pagar €1 milhão brutos por ano em nome do treinador para liberá-lo de suas obrigações contratuais — um compromisso não apenas com o Napoli, mas também com os milhões de torcedores do clube . Isso tudo é incoerente”, criticou De Laurentiis.

“Reconhecidamente, €3 milhões não é muito dinheiro para o Napoli e ainda menos para mim, mas a questão nesse caso não é do poderoso dinheiro, mas pelo princípio. Isso não afeta puramente o Napoli, mas todo o sistema do futebol italiano, que precisa se livrar dessa atitude amadora para encarar os desafios, ao mesmo tempo respeitando as regras de negócios, companhias limitadas e o próprio mercado”, disse ainda o presidente do Napoli.

“Enquanto a regra for tratada como excepção, o sistema do futebol irá permitir evoluir e iremos continuar a presenciar casos como esse e comentaristas com autoridade que não sabem como gerir um negócio de forma saudável continuarão a expressar suas visões”, continuou o dirigente, com sua metralhadora de críticas.

Spalletti já se mostrou interessado na seleção italiana

Luciano Spalletti ainda não se pronunciou sobre o assunto e tudo isso está no campo das especulações, já que a FIGC não fez, até onde se sabe, uma proposta pelo técnico. Ele, porém, é, reconhecidamente, o nome mais falado dentro da Federação Italiana. O treinador não falou sobre o assunto agora, mas foi perguntado sobre isso em maio.

Na época, com a conquista do título do Napoli e a saída do clube já em pauta, ele foi perguntado sobre um dia assumir a seleção italiana. Na época, ele respondeu: “Eu tenho que pensar no que me inspira e a seleção iria definitivamente ser inspiradora, porque isso me permitiria tirar um tempo de vez em quando. Definitivamente seria uma boa solução, mas preciso ter uma ideia de que tipo de seleção seria”.

Quando são os próximos jogos da Itália e qual situação da Azzurra

A Itália volta a campo pelas Eliminatórias da Eurocopa em setembro. No dia 9 de setembro, visita a Macedônia do Norte, em Skopje. Será um duelo contra a seleção que tirou a Itália da Copa do Mundo de 2022. No dia 12, a Itália recebe a Ucrânia, no Estádio San Siro.

A Itália está no Grupo C, em terceiro lugar, mas com apenas dois jogos disputados. A Inglaterra é líder com 12 pontos em quatro jogos, enquanto a Ucrânia tem seis pontos em três jogos. A Itália tem três pontos em dois jogos — perdeu da Inglaterra em casa e venceu Malta fora de casa. Os dois primeiros colocados se classificam à Eurocopa.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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