Fora do Milan após 4 meses, técnico recusou clubes do Brasil por cultura de demissões
Paulo Fonseca foi alvo de Corinthians e Flamengo, mas não quis trabalhar no Brasileirão por conta de calendário e falta de paciência com técnicos
Durou apenas quatro meses a passagem de Paulo Fonseca no Milan. O técnico assumiu o comando no início da atual temporada, mas o trabalhou não engrenou e o clube rossonero, em oitavo na Série A, optou pela demissão nesta segunda-feira (30).
O nome do profissional português não é estranho para o público brasileiro por já ter sido alvo do Corinthians e do Flamengo no passado. Ele optou por não assumir um time no Brasil justamente pela cultura de rápidas demissões, conforme revelou em entrevista à Trivela em novembro do ano passado, durante o evento TransferRoom Summit, realizado em Lisboa.
Paulo Fonseca justificou ‘não' a brasileiros usando fala de Abel Ferreira, do Palmeiras
À época, o treinador de 51 anos assumiu que recebeu convite das “melhores equipes”, mas disse seria “difícil” trabalhar no país porque não há tempo para treinar e nem tolerância para maus resultados, usando com gancho uma fala de Abel Ferreira, técnico do Palmeiras desde novembro de 2020, criticando o calendário brasileiro.
— Eu tive vários convites durante esses últimos tempos do Brasil, das melhores equipes. Agora, há coisas que eu devo confessar que não motivam no futebol brasileiro e é aquilo que o Abel disse. Para um treinador que gosta de construir uma forma atrativa de jogar, eu acho que no Brasil é impossível, porque não há tempo. As equipes jogam de dois em dois dias, viagens, não há tempo para treinar, não há tempo para recuperar. […] — iniciou, emendando:
— Como eu sou um treinador que gosta do jogo, gosta da forma de ganhar, para mim é difícil trabalhar no Brasil, porque não há tempo e não há tolerância. Quando existe menos tempo, maior tolerância deve haver porque se deve compreender que os treinadores não têm tempo para trabalhar e funciona [no Brasil] precisamente ao contrário. Então, se perde três ou quatro jogos e os treinadores são demitidos — completou.
Fonseca ainda elogiou o Brasileirão, o definindo como “altamente atrativo”, com “grandes jogadores” e “atmosferas incríveis nos estádios”, só que ressaltou que precisaria de tempo para construir algo.
No Milan, o português somou 24 partidas desde agosto deste ano (média de mais de cinco dias a cada jogo), tendo normalmente semanas livres para treinar, com exceção quando havia jogos da Champions League. Porém, com problemas de relacionamento e erros da direção, o time não engrenou.
Será outro português a substituir Fonseca. Sérgio Conceição, ex-Porto e também especulado em clubes brasileiros, foi anunciado pelo Rossonero hoje.