Itália

Milan vive ‘pior aniversário da história’ com protestos, Ibra vaiado e Maldini esquecido

Resultados em campo e gestão sem direção são as causas para momento conturbado do Rossonero

O último domingo (15) era para ser especial ao torcedor do Milan. Às vésperas do clube completar 125 anos, os comandados de Paulo Fonseca receberam o Genoa no San Siro, onde aconteceram homenagens à história da equipe e vários ídolos, como Gullit, Van Basten e outros. Só faltou combinar com a equipe.

O Rossonero apenas empatou com o 13º da Série A e caiu para oitava posição, 14 pontos atrás da líder Atalanta e sete do primeiro time na zona de Champions League (Fiorentina).

O clima já não era bom antes do apito inicial e ficou pior com o resultado. A festa virou um enterro e terminou marcada por protestos da torcida contra os gestores do time.

Torcida do Milan pede a venda do clube para donos americanos

Nos gritos dos fãs, era possível ouvir pedidos para que o dono americano do Milan, Gerry Cardinale, sócio da RedBird Capital Partners, venda o clube. “Não somos americanos!” e “Cardinale, você deve vender” foram alguns dos gritos.

Ainda antes da bola rolar, foi possível ver no San Siro a faixa “Vamos homenagear os nossos campeões, símbolos de um Milan que já não existe”. Shevchenko, Inzaghi, Franco Baresi foram outros jogadores históricos que compareceram. Essa foi uma das poucas mensagens que a polícia local permitiu que entrassem no estádio.

Principal alvo das críticas pelos resultados e projeto sem direção, a gestão ainda não convidou o eterno ídolo Paolo Maldini, ex-diretor técnico do Milan (2018-2023), que cutucou os executivos ao parabenizar o clube.

— Parabéns ao AC Milan pelo 125º aniversário! Ninguém poderá jamais minar a nossa ligação com a família Maldini, a história é memória — escreveu o ex-zagueiro, filho de outro ídolo do Milan, Cesare Maldini, e pai de um ex-jogador do clube, Daniel Maldini.

O técnico português Paulo Fonseca também recebeu questionamentos, vaiado antes mesmo do apito inicial. Nem o ídolo Ibrahimovic, hoje dirigente, escapou da perseguição por ser visto como o “representante” da RedBird.

Repórter lista motivos para Milan viver o pior aniversário da história

O jornalista Pietro Mazzara, conhecido por sua ligação com os Rossoneri, definiu esse momento do time italiano como o “o pior aniversário da história em termos de resultados, ambiente e desilusão” em sua coluna no portal “Milan News”.

— A situação atual do Milan é o resultado de um clima pesado que se faz sentir em Milão há meses. […] As pessoas estão cansadas de ter que ir ao estádio e sofrer sem esperança de conseguir reverter a tendência. Ouvir falar do scudetto até algumas semanas atrás já era difícil de acreditar, hoje é até difícil pensar em participar da próxima edição da Liga dos Campeões — analisou Mazzara, emendando:

— O conselho deve agora assumir as suas responsabilidades tal como Cardinale deve assumi-las. Fonseca também é culpado, mas agora os olhares de todos estão voltados para os donos. A abordagem que se pretendia dar ao Milan foi arruinada diante dos olhos de todos. E a postagem de Paolo Maldini, que chegou à meia-noite, foi o golpe final para uma noite que viu a tela rasgada sob o olhar daqueles que fizeram daquela tela uma obra-prima — completou.

Já nesta segunda-feira (16), data do aniversário, a torcida protestou do lado de fora do evento privado oficial do clube, dessa vez mirando para o elenco. “Jogadores sem vontade e dignidade, vocês são o espelho dessa direção”, foi o que escreveram nas faixas.

As razões para fase milanista são distintas. Boa parte acontece pelo momento atual, um time sem liderança no vestiário, jogadores limitados e técnico com dificuldades (no meio do ano, a torcida pediu Antonio Conte ou outro técnico vencedor, mas a gestão quase trouxe Lopetegui e acabou fechando com Fonseca).

O outro restante é a relação desgastante com a RedBird, dona do clube desde agosto de 2022, quando foi comprado por 1,2 bilhão de euros (cerca de R$ 6,25 bilhões à época). Cardinale raramente concede entrevista para falar sobre o Milan com os torcedores.

O clube volta a jogar no San Siro em 29 de dezembro, quando enfrenta a Roma e deve receber ainda mais críticas da torcida, mas será a única partida em casa até 11 de janeiro, o que pode diminuir um pouco da pressão.

Sequência de jogos do Milan:

  • 20/12 — vs Verona, fora de casa — 17ª rodada da Série A
  • 29/12 — vs Roma, em casa — 18ª rodada da Série A
  • 03/01 — vs Juventus, na Arábia Saudita — Supercopa da Itália
Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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