Itália

Balotelli vai na contramão do bom senso e faz declaração polêmica sobre racismo

Perguntado sobre os recentes casos de racismo no futebol mundial, Mario Balotelli deu uma resposta atravessada

Se tem um tema recorrente no futebol é o racismo. Independentemente do lugar, casos de preconceito acabam virando comuns. Na Colômbia, a estreia do Flamengo na Libertadores ficou marcada por um torcedor do Millonarios imitando um macaco em direção aos brasileiros. Na Espanha, Vinicius Júnior é atacado quase que diariamente com preconceito. Em meio a esse cenário, Mario Balotelli deu sua opinião.

Atualmente defendendo o clube turco Adana Demirspor, o centroavante de 33 anos é conhecido por suas polêmicas ao longo da carreira. Com um potencial absurdo, Balotelli nunca atingiu o futebol que era esperado pelos fãs. Por outro lado, as declarações aos microfones quase sempre rendem matérias controversas. Perguntado sobre os recentes casos de racismo no futebol mundial, o italiano foi na contramão do bom senso e deu uma resposta atravessada.

Em entrevista ao So Foot, Mario Balotelli declarou que algumas pessoas usam o racismo “como desculpa”. Segundo o atacante, insultos discriminatórios vindos de torcedores dentro dos estádios, tais como sons de macaco ou xingamentos semelhantes, não seriam realizados no dia a dia, já que essa é uma cultura das arquibancadas. Além disso, o italiano saiu em defesa de seus compatriotas:

– Alguns negros são hostis comigo porque usam o racismo como desculpa. O racismo não está em todo lugar. […] Os italianos não são racistas. Eles simplesmente sempre emigraram e demoraram mais que outros para se acostumarem com a imigração. A verdade é que eles não estavam acostumados a ver pessoas como eu.

“O problema é que sempre foi permitido dizer e fazer coisas racistas nos estádios. Mas garanto uma coisa: nem todo mundo que fala certas coisas nos estádios as diria na rua, na vida real. Tenho 100% de certeza disso. Então, tenho dificuldade em dizer a mim mesmo que essas pessoas são racistas. Eles fazem isso para me irritar, como se dissessem ‘filho da…'. Eles deveriam entender que racismo não é um insulto. É muito mais do que isso”.

Balotelli foi vítima de racismo no futebol ao longo da carreira

Filho de imigrantes ganeses radicados na Itália, Mario Balotelli foi vítima de racismo ao longo de sua trajetória no esporte. Em seus tempos de Serie A, o centroavante foi atacado com insultos racistas em Napoli, Roma, Florença… até mesmo enquanto se preparava com a seleção do país para a Copa do Mundo de 2014, ele foi alvo de comentários preconceituosos.

Em 2015, um levantamento realizado pela organização Kick it Out, empresa que combate a discriminação racial no futebol, mostrou que Balotelli era o mais perseguido com ofensas racistas na internet entre os atletas daquela Premier League. À época, o atacante defendia as cores do Liverpool. Dois anos depois, o italiano foi atacado por torcedores do Bastia, que imitaram sons de macaco, em partida contra o Nice.

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Racismo contra o atacante na Itália

Balotelli disse que a Itália não é racista. Ao mesmo tempo, ele foi vítima de preconceito em sua terra natal em diversas ocasiões. Talvez a mais marcante tenha acontecido em novembro de 2019, quando estava no Brescia. O atacante ouviu torcedores do Hellas Verona esbanjando palavras preconceituosas. Como reação, o jogador italiano pegou a bola e deu um bico em direção à arquibancada.

Mario Balotelli chegou a ameaçar abandonar a partida, mas foi convencido a continuar. Ele até mesmo balançou as redes, mas não evitou a derrota por 2 a 1. Poucos dias depois, o líder dos ultras do Verona deu uma entrevista dizendo que tudo não passou de uma “brincadeira”, comparando o caso de racismo contra o centroavante às piadas feitas com pessoas carecas ou de cabelos longos:

“Nós temos torcedores irreverentes, que fazem piada com jogadores carecas, ou aqueles que têm cabelos longos, jogadores do sul e aqueles de cor, mas não fazemos isso por razões políticas ou racistas. É folclore, nada mais que isso. Balotelli é italiano porque ele tem cidadania italiana, mas nunca vai ser totalmente italiano. Também temos um crioulo (sic) no time que fez um gol ontem. E todos o aplaudiram. Os cânticos vieram de apenas quatro pessoas. Balotelli ouviu isso na própria cabeça”, disse Luca Castellini, então líder dos ultras do Hellas Verona, em entrevista à Radio Café.

Foto de Matheus Cristianini

Matheus CristianiniRedator

Jornalista formado pela Unesp, com passagens por Antenados no Futebol, Bolavip Brasil, Minha Torcida e Esportelândia. Na Trivela, é redator de futebol nacional e internacional.
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