Aprende, Conmebol: Na Itália, jogador é suspenso por 10 jogos após caso de racismo
Em Bari x Cremonese, meia de 36 anos cometeu atos de racismo para ofender lateral de 24 anos na Serie B da Itália

Enquanto a Conmebol aplicou uma punição branda ao Cerro Porteño pelo caso de racismo contra Luighi, do Palmeiras, na Libertadores sub-20, a Itália foi mais incisiva: suspendeu um jogador por 10 jogos devido a ofensas discriminatórias.
Trata-se de Franco Vasquez, da Cremonese, que chamou Emile Dorval, do Bari, de “negro de merda” no dia 15 de fevereiro, no final da partida que terminou empatada por 1 a 1, no Estádio San Nicola, pela 26ª rodada do campeonato.
Depois de ser insultado pelo meia (de 36 anos), o lateral-direito (de 24) saiu de campo chorando. Em entrevista pós-jogo, o técnico do Bari, Moreno Longo, denunciou o racismo cometido pelo jogador argentino — que é naturalizado italiano:
— Defendo Dorval com unhas e dentes, lamento muito por ele. E sou obrigado a nomear Vazquez. Não dá mais para ficar calado, diante de uma ofensa tão séria. Ao varrer a poeira para debaixo do tapete, nunca se resolve nada.
A juíza desportiva da Serie B, Ines Pisano, fez um pedido ao Ministério Público italiano, para que “adquirisse novos testemunhos, um relatório adicional detalhado sobre os eventos ocorridos no final da partida”.
Após análise, Vasquez recebeu o gancho de 10 partidas nesta terça-feira (11). Com isso, o meia só pode voltar a atuar pela Cremonese em 2024/25 em um eventual playoff de acesso, já que restam apenas nove rodadas da temporada regular da Serie B. O time está na 4ª posição com 45 pontos.
Cremonese vai tentar recorrer da punição por racismo

Ao tomar conhecimento da pena de 10 jogos a Franco Vasquez, a Cremonese anunciou publicamente que irá recorrer da decisão. O clube defende a inocência do veterano, que é um dos destaques na campanha pelo acesso à Serie A:
— Nas instâncias subsequentes de julgamento, (Vasquez) poderá demonstrar o que ele mesmo já relatou aos colaboradores do Ministério Público Federal imediatamente após a partida, ou seja, sua absoluta não participação nos fatos que lhe foram impugnados.
A Cremonese declarou que seus advogados tomarão “todas as iniciativas cabíveis” para reverter a punição ao meia. Ainda assim, o time reforçou seu compromisso na luta contra o racismo em nota oficial:
— Condenamos firmemente qualquer forma de discriminação, (relembrando o) compromisso concreto da empresa no combate ao racismo através de inúmeras atividades de responsabilidade social que envolvem diretamente os seus associados e toda a comunidade.
Palmeiras exige mão firme da Conmebol para punir preconceito

Atacante do Palmeiras, Luighi foi alvo de racismo durante o jogo contra o Cerro Porteño, na última quinta-feira (6), pela Copa Libertadores sub-20. O Verdão venceu o duelo por 3 a 0 no Paraguai. Figueiredo também sofreu insultos discriminatórios.
Um torcedor — que estava com uma criança no colo — imitou um macaco em sua direção. O camisa 9 do Palmeiras ainda alertou a arbitragem sobre as ofensas, mas o juiz Augusto Menendez ignorou e deixou o jogo seguir normalmente. Logo após a cena, Luighi chorou copiosamente no banco de reservas.
Aos prantos, o jovem desabafou na entrevista após o jogo e se revoltou com a falta de perguntas sobre o crime que sofreu — o questionamento foi feito no microfone da própria Conmebol:
— É sério isso? Vocês não vão perguntar sobre o ato de racismo que fizeram comigo? Até quando a gente vai passar por isso? O que fizeram comigo foi um crime, pô. Vocês vão perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? CBF, sei lá.
A Conmebol, por sua vez, determinou ao Cerro Porteño multa de 50 mil dólares (cerca de R$ 290 mil), a realização de uma postagem nas redes sociais e a ausência de público na Libertadores Sub-20 – em que o time está eliminado.
Em resposta, o Palmeiras, em conjunto com a Libra e a LFU, enviou uma carta à Fifa para solicitar uma melhora nas medidas de combate aos crimes de discriminação racial que vêm sendo cometidos nas competições da América do Sul.