Palmeiras, Libra e LFU acionam a Fifa por ações mais fortes contra o racismo
Cubes demandam ações mais enérgicas por parte das entidades

O Palmeiras, em conjunto com a Libra e a LFU, enviou, nesta segunda-feira (10), uma carta à Fifa. O objetivo é solicitar que a entidade máxima do futebol melhore suas medidas de combate aos crimes de discriminação racial que vêm sendo cometidos nas competições da América do Sul.
O movimento conta com a participação de todos os principais clubes do país, que se uniram para pedir maior rigor nas penas aplicadas em casos de racismo.
No documento enviado à Fifa, os clubes listam um histórico dos episódios de racismo nas competições da Conmebol e as punições inócuas aplicadas pela entidade, que não trata o problema com a devida seriedade, na visão dos signatários.
Os clubes sugerem que a Fifa e Conmebol criem novas regulamentações para casos de racismo no futebol, por meio das quais os clubes possam ser responsabilizados.
A primeira medida seria a aplicação de multa de US$ 500 mil, que poderia ser reduzida a US$ 100 mil, se o torcedor for identificado e punido criminalmente. Em caso de reincidência, porém, o clube punido será sumariamente eliminado da competição.
Luighi, atacante do Palmeiras, foi alvo de racismo durante o jogo do clube alviverde contra o Cerro Porteño, nesta quinta-feira (6), pela Copa Libertadores sub-20. O Verdão venceu o duelo por 3 a 0 no Paraguai.
Figueiredo e Luighi sofreram ataques racistas no Estádio Gunther Vogel. O primeiro deles viu um torcedor — que estava com uma criança no colo — imitar um macaco em sua direção enquanto deixava o campo pela lateral.
Pouco depois, o mesmo indivíduo repetiu o gesto contra Luighi, que ainda levou uma cusparada. O camisa 9 do Palmeiras ainda alertou a arbitragem sobre as ofensas, mas o juiz Augusto Menendez ignorou e deixou o jogo seguir normalmente. Logo após a cena, Luighi chorou copiosamente no banco de reservas.
Aos prantos, o jovem desabafou na entrevista após o jogo e se revoltou com a falta de perguntas sobre o crime que sofreu — o questionamento foi feito no microfone da própria Conmebol.
É sério isso? Vocês não vão perguntar sobre o ato de racismo que fizeram comigo? É sério? Até quando a gente vai passar por isso? Me fala… até quando a gente vai passar isso? O que fizeram comigo foi um crime, pô. Vocês vão perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? CBF, sei lá — disse Luighi na saída de campo.
— Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso. O que fizeram foi um crime comigo, pô. A gente é formação. Aqui é formação, pô. A gente está aprendendo aqui — concluiu.
Leila sugere que clubes brasileiros avaliem mudança para a Concacaf
Em entrevista à “TNT” antes do clássico contra o São Paulo, válido pela semifinal do Paulistão, a presidente do Palmeiras Leila Pereira afirmou que vai propor uma reflexão a outros clubes brasileiros duante uma reunião na sede da CBF na próxima quarta-feira (12).
Leila afirmou que como a Conmebol não vem tratando os clubes brasileiros com o respeito necessário, os clubes poderiam avaliar uma mudança de confederação, indo para a Concacaf, que gere o futebol em América Central, do Norte e Caribe.
— Nós temos que tomar medidas firmes com relação à Conmebol, porque não é possível. O Brasil representando 60% da receita e os clubes brasileiros são tratados desta forma. Eu vou lançar até uma ideia, uma reflexão para todos nós: já que a Conmebol não consegue coibir esse tipo de crime, como a Conmebol não consegue tratar os clubes brasileiros com o tamanho que eles representam, por que não pensarmos em nos filiar à Concacaf? Eu acho que só assim vão respeitar o futebol brasileiro — afirmou a mandatária.