Kudus é a cereja do bolo no novo meio do West Ham, com talento e versatilidade
O West Ham aproveitou o dinheiro da venda de Declan Rice para garantir três bons jogadores na faixa central: Ward-Prowse, Edson Álvarez e Kudus
O West Ham ganhou muito dinheiro na atual janela de transferências, em especial pela venda de Declan Rice ao Arsenal. E os €116,6 milhões que os Hammers receberam pela saída do capitão foram muito bem reinvestidos: o clube montou um novo meio de campo, com três jogadores contratados para o setor. Edson Álvarez e James Ward-Prowse tinham sido dois excelentes negócios anteriores, já com seu impacto positivo na Premier League. E a adição mais cara do novo trio foi anunciada nesta semana: o ganês Mohammed Kudus, de 23 anos. O jovem pertencente ao Ajax custou €44,5 milhões, na segunda maior transferência da história dos londrinos. É uma excelente compra por sua versatilidade – pode inclusive entrar no lugar de Lucas Paquetá numa eventual suspensão do brasileiro.
Kudus assinou com o West Ham por cinco temporadas, num acordo que pode render bônus futuros ao Ajax. O meio-campista chegou a negociar com o Brighton na atual janela de transferências e houve um acordo do clube com os holandeses, mas não com o jogador em seus valores pessoais. O West Ham aumentou a pedida pelo ganês e ele aceitou. Terá a chance de disputar a Liga Europa da mesma maneira, enquanto cumpre o sonho de jogar a Premier League, o que ele apontou como um fator decisivo para a sua assinatura.
GH boy touched down in the East End 🇬🇭 pic.twitter.com/1UvMIc4XRW
— West Ham United (@WestHam) August 27, 2023
Grande temporada pelo Ajax
Kudus é um dos tantos talentos descobertos pelas academias de futebol que fincam bases na África. O meia surgiu na Right to Dream, um dos principais projetos existentes em Gana. A academia foi criada por um antigo olheiro do Manchester United e tamanha é sua força que se tornou dona do Nordsjaelland, clube da primeira divisão do Campeonato Dinamarquês. Kudus aproveitou o intercâmbio constante e se mudou à Dinamarca em 2018, aos 18 anos. Sua estreia pelo clube aconteceu sob as ordens de Kasper Hjulmand, o atual treinador da seleção dinamarquesa, com ampla história no Nordsjaelland e inclusive um título da liga à frente da agremiação.
Duas temporadas bastaram para Kudus apresentar seu talento no Nordsjaelland. Começou a ganhar minutos em 2018/19, antes de se tornar um dos principais jogadores da equipe em 2019/20 – e atuando em quase todas as posições do meio para frente. Seu potencial não passou despercebido e o Ajax desembolsou €9 milhões para contratar o jovem de 20 anos em agosto de 2020. Entretanto, o início do ganês em Amsterdã teria as suas tribulações. Kudus sofreu com diferentes lesões e, em suas duas primeiras temporadas, não conseguiu ter grande sequência pelos Ajacieden.
Mohamed Kudus estourou mesmo no Ajax durante a última temporada. O trabalho feito pelo clube não era bom e gerou a atual renovação na Johan Cruyff Arena. Mesmo assim, o ganês esteve entre as melhores notícias da equipe. Rendeu com diferentes treinadores e também em diferentes posições. O jovem atuou como meio-campista, ponta e também falso 9. Anotou 18 gols e deu sete assistências em 42 partidas pelos Ajacieden, com ótimas atuações até na fraca participação do clube na Champions League. Já na atual temporada, Kudus tinha começado bem. Sua despedida teve três gols contra o Ludogorets na última fase qualificatória da Liga Europa.
Destaque na Copa do Mundo
Kudus se destacou desde muito jovem na seleção de Gana. Após participar do Mundial Sub-17 em 2017, sua estreia pelo time principal aconteceu em 2019, mas raras vezes o prodígio esteve à disposição por causa das leões. Não pôde disputar a Copa Africana de Nações em 2022 por contusão e de longe veria a campanha vexatória dos Estrelas Negras, a pior do país na história da competição. Ao menos, o jovem se recuperou para disputar os duelos finais contra a Nigéria nas Eliminatórias e, titular em ambas partidas, deu sua contribuição para que os ganeses se garantissem no Mundial do Catar – com dois empates.
Já na Copa do Mundo, Kudus se firmou como uma das principais alternativas do time. O técnico Otto Addo aproveitou o camisa 20 no meio-campo, até mais próximo dos volantes, mas também o escalou eventualmente no ataque. Independentemente da posição, Kudus acelerou o jogo dos ganeses e buscou demais o drible. Não teve medo de partir para cima e arriscar as jogadas. Foi o melhor do time na estreia contra Portugal, anotou dois gols contra a Coreia do Sul e também infernizou o Uruguai. A eliminação precoce dos ganeses não atrapalhou seu destaque. Não fosse a queda, Kudus era candidato seríssimo ao prêmio de melhor jovem da Copa do Mundo.
Tal versatilidade certamente pesou no interesse do West Ham por Kudus. O garoto pode nem chegar como titular absoluto, mas é um candidato a se revezar em diferentes posições no time. Pode ser importante inclusive diante da situação de Lucas Paquetá. O brasileiro é investigado por um caso de apostas esportivas. Ainda não está certo se ele pegará algum gancho da Premier League, mas a vinda de Kudus oferece uma opção de talento e capacidade individual similar. Enquanto nada se resolve, a parceria entre os dois será bem promissora.
Os reforços do West Ham e o desmanche do Ajax
O West Ham gastou €137,3 milhões em reforços nesta janela de transferências. O valor dos três meio-campistas contratados está no mesmo patamar do dinheiro recebido pela venda de Declan Rice. Kudus veio por €44,5 milhões, Edson Álvarez custou €38 milhões e Ward-Prowse chegou por €34,8 milhões. Outro bom negócio feito pelos Hammers foi o zagueiro Konstantinos Mavropanos, comprado junto ao Stuttgart por €20 milhões. O elenco dos londrinos fica mais encorpado para competir novamente na Liga Europa e melhorar seu desempenho na Premier League. O início é positivo, com sete pontos – incluindo as vitórias sobre Chelsea e Brighton.
Por outro lado, o West Ham recebeu €156,4 milhões em vendas. O grosso do dinheiro vem da saída de Declan Rice para o Arsenal. Os Hammers também venderam nomes como Gianluca Scamacca, Nikola Vlasic e Arthur Masuaku, que não emplacaram no clube. Quem também saiu foi Manuel Lanzini, de momentos importantes em Londres, mas sem o mesmo espaço recentemente. Ao final de seu contrato, o meia voltou para a Argentina e assinou com o River Plate.
O Ajax, por sua vez, atravessa um mercado de profunda renovação. Os Godenzonen fizeram suas maiores vendas para a Inglaterra, inclusive com as saídas de Kudus e Álvarez juntos rumo ao West Ham. Dentre as outras figuras importantes que saíram também estão Jurrien Timber (Arsenal), Calvin Bassey (Fulham) e Mohamed Daramy (Stade de Reims), além do ídolo Dusan Tadic, que encerrou seu contrato antecipadamente e seguiu para o Fenerbahçe.
Os Ajacieden embolsaram €156,4 milhões em vendas e reinvestiram por enquanto €78,3 milhões. A lista de reforços inclui o zagueiro Josip Sutalo (Dinamo Zagreb), o ponta Carlos Forbs (Manchester City), o lateral Gastón Ávila (Royal Antwerp), o centroavante Chuba Akpom (Middlesbrough) e o volante Branco van de Boomen (Toulouse). A maioria absoluta dos novatos são jogadores abaixo dos 23 anos.