Sequestradores do pai de Luis Díaz impõe condições para libertação acontecer
Autor do sequestro, o grupo Exército de Libertação Nacional espera "garantias de segurança" para liberar o pai de Luis Díaz
O atacante Luis Díaz vive um drama familiar há mais de uma semana. No dia 29 de outubro, os pais do camisa 7 do Liverpool foram sequestrados na Colômbia enquanto o jogador estava concentrado com o restante do elenco em um hotel e se preparava para ser titular contra o Nottingham Forest. A mãe do atleta foi resgatada em algumas horas, ao contrário do pai que segue como refém. No entanto, o grupo rebelde colombiano Exército de Libertação Nacional (ELN), que assumiu a autoria do sequestro na quinta-feira (2), planeja liberar Luis Manuel Díaz em breve e impôs algumas condições para isso acontecer.
Em um comunicado assinado pelo comandante José Manuel Martinez Quiroz, o ELN exigiu “garantias de segurança” do governo colombiano para libertá-lo. O pai de Luis Díaz foi raptado no município de Barrancas, cidade natal do atacante que fica localizada próxima da fronteira com a Venezuela e que atualmente está repleta de policiais e militares. O alto número de autoridades no local seria o motivo pelo qual o sequestro ainda está em andamento.
— No dia 2 de novembro informamos ao país a decisão de libertar Luis Manuel Díaz. A partir dessa data, iniciamos o processo para concretizar isso o mais breve possível. Estamos fazendo esforços para evitar incidentes com forças governamentais. A área ainda está militarizada. Eles estão realizando sobrevoos, desembarcando tropas, transmitindo e oferecendo recompensas como parte de uma intensa operação de busca. Esta situação não permite a execução do plano de libertação de forma rápida e segura, onde Luis Manuel Diaz não corre risco — afirmou o grupo colombiano.
— Se as operações continuarem na área, atrasarão a liberação e aumentarão os riscos. Compreendemos a angústia da família Díaz Marulanda, a quem afirmamos que cumpriremos a nossa palavra de libertá-lo unilateralmente, assim que tivermos garantias de segurança para o desenvolvimento da operação de libertação — finalizou José Manuel Martinez Quiroz.
Mais de 250 pessoas foram mobilizadas nas buscas por Luis Manuel Díaz, incluindo soldados do exército colombiano, policiais, membros da unidade de operações especiais militares conhecida como Comandos Jungla e da tropa de elite do Exército Nacional da Colômbia, o Grupo de Ação Unificada pela Liberdade Pessoal (GAULA). Segundo comunicado feito pelas forças armadas do país, pelotões motorizados, drones, postos de controles, helicópteros e até mesmo um avião com radar especializado para a busca também estão sendo utilizados. Foram oferecidos 200 milhões de pesos, cerca de R$ 240 mil, por informações que auxiliem no resgate do pai de Luis Díaz e captura dos envolvidos no sequestro.
Luis Díaz fez apelo após marcar em empate do Liverpool
Mesmo em meio ao drama familiar, Luis Díaz decidiu voltar aos treinamentos do Liverpool e entrou em campo no domingo diante do Luton Town. Nos acréscimos, o colombiano fez o gol que sacramentou o empate em 1 a 1 em Kenilworth Road com uma cabeçada na segunda trave. Na comemoração, o atacante levantou a camisa dos Reds e mostrou outra que continha uma mensagem que não precisa de tradução: “Libertad para papa”.
Após a partida, o jogador da seleção colombiana emitiu um comunicado nas redes sociais onde reiterou o apelo pela liberdade do pai “em nome do amor e compaixão”.
— Hoje não é o jogador de futebol que fala, hoje quem fala é Lucho Díaz, filho de Luís Manuel Díaz. Mane, meu pai, é um trabalhador incansável, nosso pilar na família e está sequestrado. Peço ao ELN a pronta liberação do meu pai, e solicito aos órgãos internacionais que intercedam por sua liberdade — suplicou.
— Cada segundo, cada minuto cresce nossa angústia; minha mãe, meus irmãos e eu estamos desesperados, angustiados e sem palavras para descrever o que estamos sentindo. Este sofrimento só terminará quando o tivermos de volta em casa. Suplico que o liberem de imediato, respeitando sua integridade e terminando o quanto antes com essa espera dolorosa. Em nome do amor e compaixão, pedimos para reconsiderar suas ações e nos permitam recuperá-lo — complementou Díaz.
Este gol es por la libertad de mi padre y de todos los secuestrados de mi país.
Gracias a todos por su apoyo.??@europapress @bbcmundo @el_pais @AFP @cruzrojacol @ONU_derechos @ONUcolombia @RevistaSemana @nytimes @Reuters @CNNEE @ElTIEMPO @elheraldoco pic.twitter.com/KuRqYkTPhv
— Luis Fernando Díaz (@LuisFDiaz19) November 5, 2023
O atacante ainda agradeceu o apoio, carinho e solidariedade que tem recebido durante o período delicado. Por causa do sequestro, a comissão técnica do Liverpool optou por não relacionar Luis Díaz para o jogo diante do Nottingham Forest, em Anfield Road, que aconteceu no dia seguinte ao crime. Os Reds venceram por 3 a 0 com direito a gol e homenagem de Diogo Jota, companheiro de ataque do colombiano que levantou a camisa com nome e número do amigo durante a comemoração.
Gianni Infantino, presidente da Fifa, e a Federação Colombiana de Futebol também se manifestaram sobre o ocorrido, enquanto jogadores colombianos manifestaram solidariedade e apoio ao amigo com a hashtag #SomosTodosLucho.
Familiar diz que pai de Díaz estava “sendo ameaçado há meses”
De acordo com o general Alejandro Zapata, vice-diretor da Polícia Nacional da Colômbia, sequestro não foi um ato “espontâneo”, mas sim um crime com “planejamento prévio”. Em entrevista a La W Radio, da Colômbia, um primo do pai de Luis Díaz revelou que ele já estava sendo ameaçado, o que corrobora com um crime elaborado.
— Estava sendo ameaçado há meses, sempre me dizia — afirmou Feli Ureche, primo de Luis Manuel.
O familiar de Díaz ainda contou mais detalhes sobre o dia do sequestro. Segundo ele, Luis Manuel estava abastecendo o carro quando foi levado. Para Ureche, os sequestradores são da região de La Guajira, onde o sequestro aconteceu, pois conhecem bem o local.
Logo após o sequestro, houve uma circulação de áudios afirmando que o pai de Luis Díaz já tinha sido libertado. No entanto, eles eram falsos e foram criados pelos próprios sequestrados para tentar evitar uma ação da polícia, segundo Ureche. Também foi levantada a suspeita que Luis Manuel havia sido levado para a Venezuela, mas isso foi descartado pelas autoridades.