Guardiola quer árbitros mais humildes: “O papel principal é dos jogadores”
O técnico do Manchester City também voltou a reclamar (bastante) do calendário que vai ficando cada vez maior
O gol anulado de Luis Díaz na derrota do Liverpool para o Tottenham no último sábado deu início a uma ampla discussão sobre a arbitragem no futebol inglês que está saindo do escopo do assistente de vídeo, principal responsável pelo erro. Pep Guardiola, treinador do Manchester City, simpatizou com a irritação dos Reds e disse que seria uma boa ideia se os árbitros adotassem uma postura mais humilde, para deixar o protagonismo das partidas com os jogadores.
A comissão de arbitragem da Inglaterra admitiu que houve um “erro humano significativo” no lance que abriria o placar para o Liverpool no norte de Londres. O assistente de vídeo confundiu a decisão de campo e, quando anunciou checagem completa ao árbitro Simon Hooper, achou que estava confirmando a validade de gol, não o anulando. O áudio da comunicação do VAR foi entregue ao Liverpool e deve ser disponibilizado na próxima semana, segundo o The Times.
– (O VAR) mudou o trabalho dos árbitros porque agora eles não tomam as decisões. Elas vão para o VAR. Eu entendo completamente quão chateado o Liverpool deve estar neste caso. Os chefes dos árbitros decidirão o que fazer e vamos seguir – disse, antes de ser questionado se teria sugestões para melhorar a arbitragem.
– Não. Eu não estou envolvido nisso e não me importo. Temos que contar com as pessoas que estão lá. Todos sabem que cometeram um erro e o Liverpool sofreu uma grande consequência disso. Eles terão que encontrar um sistema em que os papéis principais são os jogadores e o próprio jogo. Em todos os países, não apenas aqui. Os árbitros e o VAR são os protagonistas. E o Oscar vai para… eles têm que dar um passo atrás. São os jogadores. Em alguns jogos, ser mais humilde e deixar os jogadores fazer o que têm que fazer e eles serão melhores – completou.
Cada vez mais jogos
Pep Guardiola faz parte de um coro recorrente de grandes treinadores reclamando do excesso de jogos do calendário europeu e, principalmente, que a voz dos personagens mais importantes do futebol – eles e os jogadores – raramente são ouvidas. Um dos seus pupilos, Vincent Kompany, chegou até a dar uma sugestão radical de limitar o número máximo de partidas dos jogadores a 60 ou 65 por temporada.
No horizonte, o problema deve piorar com a mudança de formato da Champions League, acrescentando pelo menos duas datas, e com o Mundial de Clubes expandido prestes a sair do forno da Fifa. Guardiola, aliás, também usou a cozinha como metáfora.
– Boa comida precisa de tempo para cozinhar. Micro-ondas não é a mesma coisa. Tudo é tão rápido. É tudo mais difícil porque a demanda é maior. A demanda é dos presidentes, chefes, imprensa, torcedores, eles querem mais, mais e mais, faça melhor, e quando perdemos (na Copa da Liga Inglesa), a pergunta era se estávamos decepcionados por não vencer o Quádruplo. Estão brincando? Tudo é demais. Vamos jogar as competições. É o que eu disse nos outros dias. Apenas os jogadores podem parar isso – disse.
– O formato da Champions League está mudando, mas não sei a desvantagem se você chegar às quartas ou às semis. Há mais times, mas não sei quantos jogos a mais. 15 ou 17 jogos (versus 13 atualmente). Dois ou três a mais é um mês. Nós falamos de qualidade e quantidade. Exaustos? Nós vamos jogar o Mundial de Clubes nos Estados Unidos (em 2025). Você termina a temporada duas semanas depois. E talvez tenhamos alguns jogos internacionais! É o mesmo argumento.
– Os treinadores que jogam na Europa dizem isso. Eles fazem a competição. Eles conversam com os jogadores? Com os capitães dos grandes clubes? Treinadores dos grandes clubes? Eu leio os jornais e digo ‘ah, haverá mais jogos’. Vocês me perguntam e eu respondo. Minha pergunta vai mudar alguma coisa? Não. Na Espanha, (Carlo) Ancelotti está dizendo o mesmo. Na Itália, (Maurizio) Sarri, o mesmo – encerrou.