Premier League

Premier League faz vista grossa e aceita ‘drible fiscal’ que evitou punição no Chelsea

Negociação entre empresas de mesmo dono evitou que Blues tivessem prejuízo de 166,4 milhões de libras na temporada 2022/23

Neste século, o Chelsea sempre foi um time muito ativo na janela de transferências, em especial após a aquisição do oligarca russo Roman Abramovic, em 2003. A saída do bilionário em 2022 deu lugar a outro ricaço: Todd Boehly, que não mudou a política de gastar muito dinheiro.

Na era Boehly, apenas dois anos e alguns meses, os Blues contrataram quase 40 jogadores, nos quais gastou mais de 1 bilhão de euros.

Esse dinheiro, jorrado quase que sem nenhum critério, levanta muitas questões sobre como o clube londrino consegue se adequar às regras de Lucro e Sustentabilidade (P&S, da sigla em inglês) da Premier League, responsáveis por tirar pontos de Everton (8) e Nottingham Forest (4) na última temporada.

Parte da resposta é porque eles conseguem vender muitos atletas da base, o que dá 100% do valor negociado abatido no balanço. Mas não é só isso que pesa e uma ação da gestão do Campeonato Inglês prova que há certa vista grossa em relação às contas do membro do Big Six.

Chelsea lucrou com venda de propriedades para si mesmo e impediu punição na Premier League

Para as contas da temporada 2022/23, fechadas oficialmente em junho de 2023, o Chelsea registrou que vendeu os hotéis Millennium e Copthorne, próximos a Stamford Brigde, por 76,5 milhões de libras para a empresa BlueCo 22 Properties Ltd.

A ironia é que a BlueCo 22 é uma companhia de Todd Boehly e Clearlake Capital, donos dos Blues. Então, para registrar mais 76,5 no balanço, os gestores venderam para si próprios em valor definido por “dois avaliadores independentes”, garante o próprio clube.

Esse fato deixou clubes do Campeonato Inglês “aterrorizados”, conforme a Trivela publicou em abril com informações do The Guardian.

Mesmo assim, a Premier League aprovou essa transação nesta quarta-feira (4) e confirmou que está tudo dentro dos conformes, incluindo o valor de mercado das propriedades.

London, England, 11th March 2024. Chelsea chairman Todd Boehly during the Premier League match at Stamford Bridge, Londo
O empresário e dono do Chelsea, Todd Boehly (Foto: IMAGO / Sportimage)

Com isso, os Blues tiveram apenas 89,9 milhões de libras de prejuízo em 22/23, que poderiam ser 166,4 milhões se não fosse os hotéis.

A P&S permite que os times da liga inglesa tenham prejuízo de até £ 105 milhões em um período de três anos — foi a quebra disso que causou a dedução nas pontuações de Toffees e Forest. Ou seja, o Chelsea se salvou de uma possível punição de pontos com essa venda.

Ironicamente, os clubes da Premier League tiveram a oportunidade de barrar essa manobra financeira entre empresas que são “irmãs” em junho deste ano, mas na votação apenas 11 aderiram, sendo necessários 14 para que uma nova regra seja implementada.

Neste momento, o campeonato segue com essa brecha que pode ser aproveitada para mascarar as finanças. Já a Uefa e a English Football League (EFL), que administra as divisões inferiores na Inglaterra, não permitem que tais negociações sejam feitas.

Segundo a BBC, para esta temporada, a gestão de Boehly ao menos acredita que os Blues estarão em conformidade com as regras financeiras por conta da alta receita que deve vir do “SuperMundial de Clubes, disputado por 32 times entre junho e julho de 2025.

Foto de Carlos Vinicius Amorim

Carlos Vinicius AmorimRedator

Nascido e criado em São Paulo, é jornalista pela Universidade Paulista (UNIP). Já passou por Yahoo!, Premier League Brasil e The Clutch, além de assessorias de imprensa. Escreve sobre futebol nacional e internacional na Trivela desde 2023.
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