Premier League

Como o Bournemouth foi de candidato ao rebaixamento para sensação da Premier League em dois meses

Após não vencer nenhum dos primeiros nove jogos na Premier League 2023/24, o Bournemouth conquistou 22 dos últimos 27 pontos que disputou e ultrapassou o Chelsea

Na temporada passada, o Bournemouth retornou à Premier League após três anos como vice-campeão da Championship e terminou na 15º colocação com cinco pontos de vantagem para a zona da degola, mesmo tendo ocupado a lanterna da competição ao fim da 26ª e 27ª rodada. Já na temporada 2023/24, os Cherries somaram apenas três pontos em seus primeiros nove compromissos, sem nenhuma vitória, e só não estavam em último lugar porque o Sheffield United havia conquistado somente um. Inevitavelmente, tudo isso colocava a equipe da costa sul da Inglaterra como uma das grandes favoritas ao rebaixamento.

Dois meses depois, no entanto, ninguém mais do Bournemouth pensa na parte de baixo da tabela. Com sete vitórias, um empate e uma derrota, o time comandado por Andoni Iraola tem pouco mais de 80% de aproveitamento nas últimas nove rodadas e está mais próximo da zona de classificação para Liga Europa do que da zona de descenso. É difícil explicar o sucesso tão grande e rápido dos Cherries, mas elencamos algumas razões para o então favorito para voltar à Championship agora ser a sensação da Premier League.

Sequência mais tranquila de jogos

O Bournemouth não deu muita sorte em sua sequência inicial de partidas nesta Premier League. Dos primeiros nove adversários, cinco estão entre os nove primeiros colocados atualmente: Liverpool, Arsenal, Tottenham, West Ham e Brighton. Contra esses adversários, os Cherries somaram um ponto, empatando com o West Ham em 1 a 1 na primeira rodada, no Vitality Stadium.

Já nos últimos nove jogos, o Bournemouth enfrentou cinco das últimas oito equipes na tabela de classificação: Sheffield United, Burnley, Nottingham Forest, Crystal Palace e Fulham. Contra estes times, foram cinco vitórias, 13 gols marcados e quatro sofridos.

A única derrota do time de Iraola nas últimas nove rodadas da Premier League foi justamente para o atual tricampeão Manchester City, no Etihad Stadium. Já o empate foi com o Aston Villa, atualmente na terceira posição, em casa.

Confiança no trabalho de Iraola

A direção do Bournemouth dificilmente seria contestada se demitisse Andoni Iraola após a goleada por 6 a 1 sofrida para o Manchester City, no início de novembro. Na ocasião, os Cherries somavam seis pontos após 11 rodadas e abriam a zona de rebaixamento da Premier League, além de terem sido eliminados pelo Liverpool na Copa da Liga Inglesa. O treinador espanhol, no entanto, recebeu um último voto de confiança e foi capaz de conseguir bons resultados desde então.

Iraola assumiu o comando da equipe em junho e substituiu Gary O’Neil, que deixou o clube. O ex-jogador do Athletic Bilbao vinha de três boas temporadas com o Rayo Vallecano, conseguindo o acesso à La Liga logo em seu primeiro ano.

Na temporada 2021/22, manteve o Rayo na elite espanhola com o 12º lugar e ainda igualou a melhor campanha da história do clube na Copa do Rei, sendo eliminado pelo futuro campeão Real Betis nas semifinais com o placar agregado de 3 a 2. Já na temporada passada, comandou o time de Vallecas em sua melhor campanha em La Liga em dez anos, finalizando sua passagem com a 11ª posição.

O ótimo trabalho no Rayo Vallecano fez com que Iraola passasse a ser cotado na seleção espanhola e visto como sucessor de Luis de La Fuente, escolhido após a Copa do Mundo e a saída de Luis Enrique. Os questionamentos em relação ao técnico, pelo futebol apresentado, o colocavam como o principal nome para o cargo, mas o título da Espanha na Liga das Nações fortaleceu De La Fuente e amenizou as especulações. Com isso, Iraola foi para o Bournemouth.

Melhora do ataque

Após a nona rodada da Premier League, o Bournemouth era dono do pior ataque da Premier League, com somente seis gols marcados. De acordo com o Sofascore, os Cherries desperdiçaram todas as grande chances que tiveram nas derrotas para Liverpool e Everton e no empate com o Chelsea, além de duas das três que criou no revés para o Brighton e no empate com o Brentford.

Desde então, foram 21 gols marcados, mais do que qualquer outro time da Premier League no período (o Manchester City também fez 21 gols de lá para cá). Além de uma maior conversão no número de oportunidades claras, a melhora ofensiva passa diretamente pelo bom aproveitamento na bola aérea.

Até a nona rodada, o Bournemouth não havia marcado nenhum gol dessa forma. Já nos últimos nove jogos pela Premier League, foram três gols originados por cobranças de escanteio e cinco por cruzamentos. Dominic Solanke e Antoine Semenyo são os artilheiros do time na competição, se provaram excelentes cabeceadores e têm 1,87m e 1,85m, respectivamente.

Solanke, inclusive, é o grande destaque dos Cherries. Com 12 gols em 18 partidas, ele está empatado com Mohamed Salah e atrás apenas de Erling Haaland, com 14, na artilharia da Premier League. Durante a sequência inicial ruim na competição, o camisa 9 foi responsável direto por cinco dos seis gols do Bournemouth, com quatro bolas na rede e uma assistência.

Vale destacar também que uma característica que o time de Andoni Iraola tem desde as primeiras rodadas é a pressão na saída de bola adversária. Assim, o Bournemouth conseguiu seis gols no Campeonato Inglês, três deles nas nove primeiras rodadas e outros três nos últimos nove jogos.

Melhora da defesa

E não foi só o ataque que melhorou. Ao fim da 11ª rodada, o Bournemouth havia sido vazado em dez partidas e era dono da segunda pior defesa da Premier League junto com o Burnley, ambos com 27 gols sofridos. De lá para cá, por outro lado, foram apenas cinco tentos concedidos em sete exibições.

Alguns dos motivos para o alto número de gols sofridos nos compromissos iniciais, além da força dos adversários como já foi destacado anteriormente, eram os muitos erros em cruzamentos, na saída de bola, na proteção da própria área e em arremates de fora da área.

Os problemas nas bolas aéreas permanecem, mas diminuíram consideravelmente: foram dois gols sofridos a partir de cruzamentos e um em cobranças de escanteio nos últimos sete jogos. Na saída de bola, apenas um erro originou gol do adversário. Já dificuldades em fechar arremates de fora da área parecem ter acabado, já que o Bournemouth foi mais vazado em lances do tipo.

Foto de Felipe Novis

Felipe NovisRedator

Felipe Novis nasceu em São Paulo (SP) e cursa jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Antes de escrever para a Trivela, passou pela Gazeta Esportiva.
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