Inglaterra

O United atropelou o City e o resultado diz muito sobre as perspectivas das duas equipes

O favoritismo antes da partida estava claro, mas nada que se pudesse cravar. O Manchester United vivia um momento bem melhor, ainda que o City tivesse as virtudes de um time cheio de estrelas. A vitória em Old Trafford, no entanto, escancarou o presente das duas equipes. E também indica as perspectivas para um futuro próximo. Os Red Devils atropelaram por 4 a 2 e ganham confiança para uma temporada de volta ao topo do pódio, após dois anos sofridos. Enquanto isso, os Citizens vagueiam sem rumo, esperando mudanças que possam transformar nos próximos meses um grupo já desgastado.

Não quer dizer que o United de Louis van Gaal se tornou a oitava maravilha do mundo. Mas, de fato, a equipe se acerta e ganha perspectivas justamente com jogadores sob críticas. Ou quem apostaria, meses atrás, na gratidão que Ashley Young ganhou da torcida, após decidir com um gol e duas assistências? Assim como não joga fora a qualidade técnica que o City tem e o que Manuel Pellegrini conquistou com o clube. Só que a falta de comando, dentro e fora de campo, ficou mais que evidente na virada que os Citizens engoliram.

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Durante os primeiros dez minutos de partida, o City deu esperanças de que pudesse passar por cima dos rivais e recuperar o seu moral. A equipe iniciou o jogo com uma pressão enorme. Jesús Navas saiu na cara do gol e parou em De Gea, perdendo ótima chance de abrir o placar. Pouco antes de David Silva fazer ótima jogada de linha de fundo e, na frente do goleiro, preferir passar para Agüero. O argentino estufou as redes e deixou os visitantes em vantagem em Old Trafford.

O problema é que o City pareceu satisfeito com o resultado parcial e parou. Começou a ser acuado pelo United. Que também contou com a sorte para empatar o clássico. O lance nasceu em um chutão de De Gea. Na sequência, Ashley Young ficou em ótima posição para marcar. Chutou prensado, mas ficou com a sobra para completar à meta vazia, com Joe Hart batido. Nada que fizesse os Citizens esboçarem reação. E o segundo tento saiu em boa jogada coletiva. Blind avançou pela esquerda e passou para Young. O camisa 18 cruzou na medida para Fellaini completar de cabeça no segundo pau. Definitivamente, era uma tarde dos renegados.

Por mais que tenha vários jogadores de muito talento, o Manchester City não contou com um jogador que acalmasse o time e chamasse a responsabilidade. Agüero e David Silva não são esses caras e Yaya Touré, em baixa, parece não ser mais. A esperança era que os brios mudassem a partir do intervalo, o que não ocorreu. O time de Manuel Pellegrini pareceu até mais apático, e se permitiu ser abocanhado pelo United.

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Em impedimento, Juan Mata fez o terceiro, em mais uma boa trama da equipe, especialmente pelo lançamento de Rooney. Já a bola parada deu números à goleada aos 28 minutos, quando Young apareceu outra vez para colocar a bola na testa de Chris Smalling. Havia quem pedisse o troco pelos 6 a 1 de 2011/12. O United ainda não está com tanta bola para isso. Mas começa a ganhar uma cara de time, com organização coletiva. O encaixe que tanto se pediu a Van Gaal por meses começa a aparecer, mesmo que os reforços milionários esquentem um banco. Uma equipe joga mais na força do conjunto do que no talento de craques. E assim os Red Devils conquistam resultados, sem precisar ser brilhantes todas as vezes. Neste domingo, foi. No fim, Agüero ainda teve tempo para descontar, aproveitando o relaxamento dos rivais.

Para sorte do Manchester City, parece não haver campeonato suficiente para que se perca a vaga na Champions. São apenas mais seis rodadas para que o Southampton tire uma diferença de cinco pontos, ou Tottenham e Liverpool tirem sete pontos. Mas é bom não se duvidar de um time que não se encontra fora de casa e não impressiona dentro. Já o Manchester United pode se sentir garantido novamente na competição continental e, com esse resultado, direto na fase de grupos. Melhor do que isso, com um futebol para aumentar a confiança sobre o trabalho de Van Gaal para mais um ano. Os quatro gols no clássico ajudam bastante.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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