Inglaterra

Maguire retornou ao time e rapidamente assumiu as rédeas da defesa, o grande destaque da Inglaterra na Euro

O zagueiro do Manchester United perdeu as duas primeiras rodadas por lesão, mas já se consolidou como um dos destaques do torneio

Não foi um lance difícil, mas foi o último instante que poderia impedir a Inglaterra de chegar à final da Eurocopa. Uma bola lançada à área no desespero pela Dinamarca com o relógio chegando aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação. Harry Maguire rebateu. Harry Maguire tem rebatido tudo nesta competição. O setor defensivo é o mais forte do time de Gareth Soughate. O maior responsável por ter levado a seleção inglesa à sua primeira final de Euro e, desde que ele entrou no time, tem sido liderado pelo zagueiro do Manchester United.

Claro que os méritos são divididos entre todos os jogadores, como o goleiro Jordan Pickford que, aos 26 minutos da semifinal em Wembley, superou a marca de 721 minutos sem ser vazado que pertencia a Gordon Banks. Em seis partidas, a Inglaterra sofreu apenas um gol – uma cobrança de falta poderosa de Mikkel Damsgaard, em que Pickford poderia ter ido melhor. Mas Maguire impressiona pela solidez que acrescentou a uma defesa que já era bastante forte.

Com lesão no tornozelo, Maguire não disputou as duas primeiras rodadas da fase de grupos. Tyrone Mings formou a dupla de zaga com John Stones. Ele retornou contra a Tchéquia e não saiu mais de campo. Muito forte na bola aérea, marcou contra a Ucrânia e nesta quarta-feira finalizou três vezes. Em uma delas, exigiu uma defesa magnífica de Kasper Schmeichel. Os índices defensivos não chamam a atenção. Não lidera desarmes, interceptações ou bloqueios, mas é visível a confiança que sua presença concede à defesa inglesa.

Maguire é uma das vítimas da inflação das taxas de transferência do mercado – não da inflação do mercado em si porque dessa ele tira um polpudo salário. No entanto, o fato de ter custado £ 80 milhões, jogador mais caro da história para a sua posição, tem sido muito discutido desde que trocou o Leicester pelo Manchester United. A comparação com Van Dijk é frequente porque ambos foram contratados por um valor similar com a expectativa de que consertassem sozinhos a defesa dos seus novos clubes.

Maguire não é um zagueiro tão bom quanto Van Dijk, nem teve o mesmo impacto. É justo questionar por que custaram a mesma coisa – o que não é culpa do jogador e envolve o contexto do mercado. Mas, se é para fazer a comparação, não podemos ignorar os fatores coletivos. Primeiro que não foi sozinho que o holandês arrumou a defesa do Liverpool. Teve uma participação enorme, acompanhada de ajustes táticos e da contratação posterior de um grande goleiro. Maguire também chegou ao United em um estágio menos avançado do projeto e, por melhor trabalho que esteja fazendo, Solskjaer não é Jürgen Klopp.

Isso tudo para dizer que Maguire pode ao mesmo tempo não ser um zagueiro que justifique o que foi pago por ele e ser um ótimo zagueiro. As suas temporadas pelo Leicester não foram uma ilusão e ele tem mais do que bons momentos pelo Manchester United. Ele é claramente o melhor defensor do time que teve a quinta melhor retaguarda da última Premier League, e, embora às vezes falhe, também joga mais desprotegido do que na seleção inglesa.

Essa é uma diferença essencial. O Manchester United de Solskjaer gosta de jogar no contra-ataque e em transições rápidas, mas, como gigante que é, muitas vezes se vê na posição de ter que subir as linhas, ocupar o campo de ataque e tentar furar defesas fechadas. Maguire tem mais dificuldades nessa situação do que no toque de bola cadenciado e seguro da Inglaterra, às vezes com três zagueiros, mais vezes defendendo mais para trás e de maneira bem compacta.

Foi importante como ele se recuperou para fazer uma ótima temporada pelo United após começá-la sendo condenado por agressão e tentativa de suborno durante férias na Grécia – a apelação ainda está em andamento. E é um pouco surpreendente por ter encontrado uma sequência boa na Eurocopa apesar de ter chegado a ela com uma lesão no tornozelo que o havia impedido de disputar as últimas quatro rodadas da Premier League.

Embora tenha perdido as duas primeiras rodadas, Maguire chega à final como um candidato a zagueiro da seleção da Eurocopa e terá um desafio daqueles, tanto na defesa para parar o ótimo ataque da Itália, quanto no ataque, tentando ganhar bolas pelo alto contra jogadores como Chiellini e Bonucci. Se a Inglaterra for campeã, é muito provável que a sua defesa seja um destaque. E se a sua defesa for um destaque, é ainda mais provável que Maguire também seja.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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