Guia da Premier League 2021/22 – Aston Villa: Aprender a viver sem ter você
Jack Grealish foi embora, mas o Villa foi muito bem nas reposições e tentará terminar na parte de cima da tabela pela primeira vez em mais dez anos

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Cidade: Birmingham
Estádio: Villa Park (42.600 pessoas)
Temporada passada – 11º lugar
Foi boa, com um gostinho um pouco amargo. Mais próxima do que se esperava de um campeão europeu em seu retorno à Premier League com um alto investimento do que em 2019/20, quando escapou do rebaixamento por um fio de cabelo. O começo foi excepcional, com oito vitórias em 13 rodadas, incluindo 7 x 2 sobre o Liverpool. O que parecia um resultado muito fora da curva foi um presságio tanto da temporada complicada que o então atual campeão teria pela frente quanto da melhora do Villa. Como passou boa parte da Premier League com jogos a menos, esteve até o fim na discussão por vagas europeias, mas meio que foi pouco a pouco caindo na real. Depois de derrotar West Brom e Crystal Palace na época do Natal, voltaria a ganhar duas partidas seguidas apenas nas últimas duas rodadas. Apesar dessa queda, o saldo foi positivo e estabeleceu uma base sobre a qual Dean Smith pode construir. Só tem um probleminha.
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Mercado
Jack Grealish ainda foi o ponto focal de tudo que o Aston Villa fez do meio para a frente e ele agora defende outro clube. Diante da impossível missão de substituir um ídolo que tanto contribuiu para a sua recuperação recente, o Villa até que fez um bom trabalho em ampliar o seu leque de opções.
Começou substituindo Grealish com um novo guardião da memória institucional do Villa ao repatriar Ashley Young. Antes de sair para ganhar títulos por Manchester United e Internazionale, Young somou quase 200 partidas pelo clube de Birmingham em um período no qual ele ocupava com frequência as primeiras posições da Premier League. É um jogador que inspira boas memórias do passado.
O desafio mais duro, porém, era repor a criatividade de Grealish. Para isso, espalhou os mais de € 100 milhões que recebeu do Manchester City em três jogadores. E, olha, em que pese o risco que uma contratação sempre implica, parece ter acertado em cheio. Para os lados do campo, trouxe Leon Bailey e Emi Buendía, dois pontas que misturam velocidade e habilidade, sabem driblar, dão assistência e até fazem uns golzinhos. A grande sacada é que, apesar de jovens, eles também têm experiência em alto nível. Bailey atuou 156 vezes pelo Bayer Leverkusen, e Buendía tem campanhas pelo Getafe em La Liga e pelo Norwich na Premier League.
Por mais que Ollie Watkins tenha feito um bom trabalho como principal responsável pelos gols do Aston Villa, a contratação de Danny Ings representa uma melhora. Após superar os problemas físicos que o impediram ter uma chance de verdade no Liverpool, Ings renasceu com 46 gols em 100 jogos pelo Southampton e foi o vice-artilheiro em 2019/20, um gol atrás de Jamie Vardy e empatado com Aubameyang.
O elenco
Tudo começa com um grande goleiro, e o Villa encontrou o seu na reserva do Arsenal. Emiliano Martínez teve uma temporada fantástica tanto na Premier League, quanto mais tarde segurando a barra da Argentina campeã da Copa América. Passa muita segurança a uma defesa que atua em linha de quatro, idealmente com Matty Cash pela direita, Matt Targett na esquerda, posição que vem sendo ocupada por Young nos amistosos de pré-temporada, e Ezri Konsa e Tyrone Mings como dupla de zaga. Konsa às vezes quebra o galho de lateral, e Elmohamady ganhou algumas chances.
Com Grealish, o Villa entrava em campo em um 4-2-3-1, com o capitão brilhando como camisa 10, mas, enquanto ele esteve indisponível por lesão entre fevereiro e maio, a formação foi mais parecida com um 4-3-3. Quatro meias se revezaram em três vagas, com Douglas Luiz e John McGinn na dianteira, mas Jacob Ramsey e Marvelous Nakamba ganharam mais oportunidades na segunda metade da Premier League. Morgan Sanson é uma quinta opção e, quando Smith queria manter o 4-2-3-1, escalava Ross Barkley, que retornou de empréstimo ao Chelsea.
Agora definitivamente sem Grealish, ele dá sinais na pré-temporada que apostará nesse 4-3-3. El Ghazi e Bertrand Traoré foram os principais atacantes pelos lados do campo. Provavelmente serão superados por Buendía e Bailey, com Trezeguet correndo por fora. Olie Watkins também pode atuar pelos lados se necessário, e há o brasileiro Wesley, voltando de uma séria lesão no joelho, para ajudar a dar mais profundidade para o ataque. Mas Ings, em forma, deve ser titular.
O técnico
Torcedor do Aston Villa, filho de um antigo funcionário que amava tanto o clube que o acompanhou até Roterdã para a histórica final da Copa dos Campeões, Dean Smith conseguiu o acesso à Premier League. A sua ligação afetiva, porém, foi bastante testada na primeira temporada na elite. Saiu da zona de rebaixamento apenas na penúltima rodada. Smith manteve o emprego sob desconfianças, mas conduziu uma segunda campanha positiva para as condições financeiras do Villa. Perdeu seu principal jogador, mas ganhou boas reposições para agora quebrar o empate: vai ou racha?
Expectativa para a temporada
Por um lado, perdeu metade do time. Por outro, manteve a segunda metade. Terá que se adaptar a jogar sem Grealish, mas, se os reforços se encaixarem como se espera, dependerá menos de apenas um craque, e quase todo o resto do time atua junto há uma ou duas temporadas. Essa coesão pode ajudar a terminar na parte de cima da tabela da Premier League pela primeira vez desde 2010/11, o objetivo principal, e, se os adversários bobearem, não é impossível brigar pelo menos por vaga na Conference League.