Inglaterra

Futuro do Manchester United não passava mais por Fred, novo reforço do Fenerbahçe

O meia brasileiro superou desconfianças e se firmou como um dos mais regulares dos Red Devils, mas havia começado a perder espaço com Ten Hag

Alvo frequente de críticas na seleção brasileira, Fred teve um papel importante em anos complicados do Manchester United. Não passou ileso pela falta de direção dos Red Devils, que apenas agora parecem ter encontrado um caminho com Erik ten Hag. E por mais que tenha contribuído, esse caminho não parecia passar pelo volante de 30 anos que foi anunciado neste domingo pelo Fenerbahçe.

O clube turco está apostando em nomes rodados do futebol europeu, uma receita que rendeu o último título turco ao Galatasaray, e apenas nesta janela levou Edin Dzeko e Dusan Tadic, além do ponta Cengiz Ünder, do Olympique de Marseille, também confirmado neste domingo. O investimento é para tentar encerrar um jejum de nove anos sem conquistar a liga nacional.

– Estou muito feliz por vir para o maior clube da Turquia, um clube com grande história. Também quero fazer parte dessa história. Espero que todos tenham ficado felizes também. Minhas primeiras impressões são muito boas e positivas. Todos me receberam bem. Eu estava muito feliz por isso também. Existem jogadores importantes na história do Fenerbahçe, como os brasileiros Alex e Roberto Carlos. Também quero dar o meu melhor, ganhar todos os troféus e contribuir para todos os sucessos – disse.

“Vivi o sonho”

Cria do Internacional, Fred foi contratado do Shakhtar Donetsk em 2018 por quase € 60 milhões. Foi um alto investimento do Manchester United e dá para discutir se correspondeu a tanto. Mas não que fez o melhor que podia para tentar ajudar um clube meio perdido. Chegou meses antes de José Mourinho ser demitido e não teve muito espaço no começo do trabalho de Ole Gunnar Solskjaer. Foi reserva, com apenas 25 jogos por todas as competições.

Trabalhando com Michael Carrick, então um dos auxiliares de Solskjaer, começou a evoluir no ano seguinte. Quando a temporada foi interrompida em 2020 por causa da pandemia, era um dos destaques dos Red Devils. A lenda do clube, Peter Schmeichel, foi mais longe e disse que era de fato o melhor do time. Em entrevista à Trivela naquela época, Fred afirmou que, além de adaptar a vida pessoal (a esposa estava grávida quando chegou à Inglaterra), teve que mudar um pouco seu estilo.

– No Shakhtar, eu tinha uma função de chegar mais ao ataque, fazia vários gols e controlava bastante o jogo, mas também pelo estilo do Campeonato Ucraniano. Já na Premier League é difícil. O meio de campo fica muito congestionado, é muita pressão, o jogo é muito rápido. Então é difícil você ficar muito tempo com a bola, tem que ser muito rápido, tem que pensar muito antes de a bola chegar a você – afirmou.

Fred passou três anos como um titular do Manchester United e um dos mais regulares. Ajudou a dar equilíbrio ao meio-campo depois da chegada de Bruno Fernandes, acumulando funções defensivas e ofensivas, ao lado de Scott McTominay. Em 2021/22, ano da demissão de Solskjaer e do tenebroso período com Ralf Rangnick de interino, ganhou até gosto pelo gol e garantiu a primeira vitória do austríaco contra o Crystal Palace com uma bela batida de fora da área.

No entanto, o seu espaço diminuiu na última temporada. Casemiro chegou para assumir o esteio do meio-campo, e Ten Hag prefere que o restante do setor tenha outra característica. Christian Eriksen também foi contratado para atuar ao lado do volante. Quando machucou, o United foi buscar Marcel Sabitzer por empréstimo. Agora, também tem Mason Mount, que pode jogar mais recuado. O próprio McTominay parece vulnerável, com interesse do West Ham.

Fred apareceu bastante, com gols na Copa da Inglaterra e outro na semifinal da Copa da Liga Inglesa contra o Nottingham Forest. Teve a oportunidade, aliás, de ser titular na final dessa segunda competição contra o Newcastle e conquistou seu único título na Inglaterra. Na Premier League, porém, começou jogando apenas 12 vezes. Não parecia mesmo que teria muito espaço daqui para a frente.

– Obrigado por tudo, Manchester United. Terminou uma das etapas mais bonitas da minha carreira. Vivi o sonho de vestir a camisa de um dos maiores clubes do mundo. Por altos e baixos, eu saio com a convicção que sempre dei meu melhor durante todos os treinos e jogos. Foram cinco anos de um verdadeiro sonho para mim e para minha família. Sempre serei grato pela oportunidade. Para sempre um Red – despediu-se, pelas redes sociais.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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