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Di María é a reafirmação de grandeza que o United precisava

A torcida do Manchester United, enfim, pode abrir um largo sorriso. Ángel Di María foi confirmado como o grande astro que os Red Devils tanto esperavam. A transferência sairá por um alto preço, é claro. O clube desembolsará cerca de € 72 milhões para tirar o argentino do Real Madrid, naquele que é não apenas o maior negócio da história de Old Trafford, como também do futebol inglês. Ainda assim, por tudo o que o meio-campista vem jogando, o investimento exorbitante vale a pena.

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Afinal, Di María sai do Santiago Bernabéu deixando um vazio na torcida do Real. Os torcedores merengues queriam a permanência daquele que foi o segundo melhor do time na conquista da Liga dos Campeões e que foi decisivo na final, sobretudo na prorrogação. Entretanto, a falta de espaço no clube, mais uma vez, atrapalhou o meia. As contratações de James Rodríguez e Toni Kroos limitavam suas chances e sua venda acabou sendo o caminho. Em Old Trafford, o argentino chega para ser protagonista.

O encaixe de Di María ao esquema de jogo de Louis van Gaal é uma questão, mas não parece ser grande problema. Porque, se o meio-campista vive uma fase tão boa, é exatamente por sua capacidade de se adaptar. Durante três temporadas, foi um ponta de futebol agudo e muita velocidade no time de José Mourinho. Já desde a chegada de Carlo Ancelotti, passou a atuar mais recuado, como fazia na seleção argentina. Tornou-se um armador completo, com alta capacidade de criação e de ligação. Um jogador com características únicas no futebol atual e, mais importante, muitíssimo funcional.

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A importância de Di María, aliás, vai muito além de suas atuações individuais. O meio-campista teve a sorte de jogar com os dois melhores jogadores da década, Cristiano Ronaldo e Messi. Foi o melhor companheiro que os dois tiveram nos últimos meses, graças às tabelas e aos passes precisos. Tanto quanto uma flecha para o United, o argentino também poderá ser um arqueiro para Rooney e Van Persie, potencializando o talento dos dois principais atacantes à disposição de Louis van Gaal. Jogador com maior número de assistências na última temporada europeia (ajudando os números impressionantes de Cristiano Ronaldo) e segundo maior finalizador da Copa de 2014 (aproveitando Messi na função de camisa 10), o meio-campista não precisa mostrar mais como sabe aproveitar as qualidades dos craques ao seu lado.

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E, não bastassem os ganhos que Di María traz ao time, ainda há o impacto fora de campo com a contratação. Durante a pré-temporada, os dirigentes do Manchester United afirmaram que dinheiro não seria o problema para reforçar a equipe. Contudo, os fracassos nas negociações com alguns astros, entre eles Marco Reus e Thomas Müller, colocava os Red Devils na parede. A transferência do ex-merengue também serve para reafirmar a força do clube como um gigante europeu, algo que nem sempre costuma se traduzir no mercado de transferências.

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Antes da chegada de Di María, a contratação mais cara da história do United tinha sido a de Rio Ferdinand, há 11 anos. Com Alex Ferguson, o clube se caracterizou a montar grandes times, mas não necessariamente quebrando a banca no mercado. Muitos dos ídolos recentes em Old Trafford foram formados no próprio clube ou trazidos em boas oportunidades, a exemplo de Cristiano Ronaldo ou Ruud van Nistelrooy. A chegada de Di María se aproxima à repercussão do negócio feito com Van Persie, embora a forma como os mancunianos se aproveitaram da situação contratual do artilheiro tenha o garantido por um valor mais baixo do que custaria em situações normais. Contando o impacto geral, é a principal transferência dos Red Devils desde a chegada de Rooney, em 2004.

Van Gaal ainda terá que trabalhar um bocado para colocar o Manchester United nos trilhos para conquistar a Premier League nesta temporada, especialmente depois dos tropeços nas duas primeiras rodadas. Di María, no entanto, é o grande complemento a um mercado satisfatório ao clube – embora nem todas as carências estejam sanadas. Se, depois de meses sofríveis, houve uma grande oportunidade para que o Manchester United voltasse a se sentir grande, esta veio agora. E os torcedores não querem que este sentimento vá embora tão cedo.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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