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O apego às raízes explica por que Reus e Müller recusaram o Manchester United

Um dos principais assuntos desta quarta-feira na imprensa inglesa tem sido a recusa de duas estrelas alemãs a ofertas do Manchester United. Thomas Müller e Marco Reus teriam sido alvo de propostas polpudas dos Diabos Vermelhos, mas mesmo o caminhão de dinheiro prometido não os convenceu a irem para Manchester. Diante da dificuldade que a atrapalhada diretoria do clube inglês tem tido nesta janela, os jornais aproveitaram as revelações para reforçar a ideia de que o time está perdido na missão de se reforçar. No entanto, há outro lado a se analisar nessas duas revelações quase simultâneas: as fortes raízes que ligam Reus e Müller aos clubes que agora representam e o conforto que sentem onde já são ídolos.

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Enquanto para o bávaro o futuro próximo ainda deva reservar muito tempo de Bayern, o aurinegro tem uma predisposição maior a eventualmente se transferir do Dortmund, mas não sem antes deixar uma impressão ainda melhor que a que tem mostrado desde que chegou ao clube. O laço de Marco Reus com sua equipe é tão forte quanto poderia ser para um jogador que está no começo de sua carreira. Torcedor declarado dos aurinegros, é feliz no time que defende simplesmente pelo fato de provavelmente estar realizando o sonho de quando era moleque. Some a isso o fato de que o Reus ainda não levantou uma taça sequer com a camisa aurinegra, e sua motivação para permanecer no time é ainda maior. Vice-campeão da Liga dos Campeões, da Bundesliga e da Copa da Alemanha desde que chegou à equipe em 2012, o camisa 11 ainda tem o que provar para si mesmo em seu clube do coração.

Outro dificultador circunstancial para uma eventual saída de Reus é o cenário de jogadores que deixaram o clube nas últimas temporadas. Mario Götze, em 2013, e Lewandowski, agora em 2014, trocaram os aurinegros pela maior projeção, pela promessa de títulos e pelos salários melhores do Golias Bayern. Uma saída de Reus neste momento, mesmo que não para os bávaros, poderia acabar colocando o jogador no mesmo “pacote” que seus dois ex-companheiros na maneira como os torcedores possam percebê-lo. Embora seja bom lembrar que, ao contrário de Götze, Lewandowski deixou o time muito aplaudido pelas arquibancadas do Signal Iduna Park.

A história da permanência de Müller é um pouco diferente. O que mais o prende aos bávaros, apesar de ter a possibilidade de ganhar uma fortuna e trabalhar com Van Gaal (que lhe deu a primeira oportunidade entre os profissionais) foi mais um fator de personalidade, relacionado à relação do jogador com suas raízes e também ao jeito mais reservado. Müller nunca se encaixou no estereótipo das grandes estrelas do futebol mundial e, diferentemente delas, não precisa se provar o todo tempo e conquistar “novos territórios”. Vencedor de tudo o que disputou com o Bayern, sente-se confortável, reconhecido e desafiado suficientemente para seguir com vontade de defender o clube. A ótima Copa do Mundo, sobretudo, serviu para reforçar o seu moral, um pouco abalado depois de algumas partidas no banco com Guardiola na última temporada.

É claro que alguma situação não prevista agora possa tornar a saída de Müller do Bayern plausível. Hoje, no entanto, não parece que o jogador pretende ir a lugar algum pelos próximos anos. Já no caso de Marco Reus, a transferência deve ser tema recorrente. O assédio ao atleta é muito grande, e o Borussia, apesar dos crescimentos de visibilidade e econômico das últimas temporadas, ainda parece não estar em posição de recusar ofertas astronômicas de algum outro gigante europeu. Beckenbauer aposta na saída do camisa 11 já na janela de verão de 2015, por exemplo. Até lá, Reus tem tempo de mais uma investida na busca por títulos pelos aurinegros. Não há razão para apressar uma mudança que deve acontecer naturalmente.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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