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Real começa La Liga em ritmo lento e precisa se repensar com a saída de Di María

A torcida do Real Madrid não ficou tão satisfeita com o que viu no Estádio Santiago Bernabéu. Para quem queria uma goleada logo na estreia em La Liga, o placar e a própria atuação ficaram abaixo do esperado. Os merengues entraram em campo ainda em ritmo de pré-temporada para fazer a sua parte e bater o Córdoba por 2 a 0. O time visitante adotou uma postura defensiva e a organização valeu muito para segurar os anfitriões, é verdade. Ainda assim, o Real precisa acertar as suas engrenagens. O estilo de jogo deve mudar sem uma das peças principais, Ángel Di María, pronto para se mudar à Inglaterra.

Nesta segunda, o Real Madrid esteve longe de ser o time vertical que sobrou na última Liga dos Campeões. Cristiano Ronaldo, voltando de lesão, parecia se poupar de esforços maiores, enquanto o meio-campo não era tão criativo quanto se supunha, mesmo com Modric, Kroos e James Rodríguez formando a trinca titular. Parando no goleiro Juan Carlos, os blancos dependeram da bola parada para abrir o placar, em um escanteio cobrado por Kroos que Benzema completou de cabeça.

Já na segunda etapa, o Real tirou o pé do acelerador de vez, e chegou até mesmo a ser pressionado pelo Córdoba em alguns momentos. Dos 15 aos 37 minutos, os merengues sequer chutaram a gol. Só conseguiram ampliar a margem aos 45, em um chutaço indefensável de Cristiano Ronaldo, fruto de suas jogadas individuais. Pouco antes, Ancelotti tinha até fechado o time, trocando Benzema por Khedira, o que gerou alguns chiados das arquibancadas.

A princípio, James Rodríguez foi o jogador escalado para substituir Di María pelo flanco esquerdo do meio-campo. O colombiano, no entanto, ficou preso demais à lateral, sem demonstrar a criatividade e a amplitude de jogo do argentino. Pois, se há uma função difícil de se substituir no Real Madrid, é a que o meia fazia. Di María é um jogador com características raras no futebol mundial. Possui um ritmo impressionante, combinado a ótima noção tática e qualidade nos passes. Era o grande responsável por ligar meio-campo e ataque em um time de arrancadas tão rápidas e, assim, foi o grande garçom do time na última temporada.

Durante a preparação do Real Madrid para 2014/15, e mesmo no jogo de ida da Supercopa da Espanha, Di María mostrou como ainda era fundamental ao Real Madrid, mudando o jeito de jogar do time ao sair do banco. Entretanto, o clube preferiu se encher de estrelas da Copa do Mundo a manter o espaço do principal parceiro de Cristiano Ronaldo. Preterido pela segunda vez em dois anos, o argentino não quis provar seu valor, como fez na última temporada, e a sua ida ao Manchester United é iminente.

A Carlo Ancelotti, resta repensar o time. Por mais que James Rodríguez seja um jogador espetacular, é difícil de imaginar que ele possa fazer exatamente o papel de Di María, pelas próprias características. O Real Madrid desta temporada não poderá se prender ao que deu certo nos últimos meses, e aí é que está o maior desafio para se manter no tempo. Ainda que, mesmo sem Di María, o elenco continua muito qualificado para que Ancelotti consiga realizar esse trabalho.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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