Em momento de transição, Rooney precisa mostrar protagonismo compatível com seu salário

As circunstâncias sob as quais se encontra o Manchester United dá pouca esperança de melhora a curto prazo. Louis van Gaal chegou agora, ainda tenta emplacar sua filosofia na cabeça de um elenco desmotivado pela péssima campanha passada e se vê diante de muitas lesões, que combalem o já deficiente grupo de jogadores. Em uma situação como essa é que os grandes craques devem se levantar, bater no peito e pedir a bola, resolver a parada mesmo. Hoje, Rooney deveria ser esse cara, mas o empate de 1 a 1 com o Sunderland foi apenas mais uma das vezes em que o camisa 10 ficou devendo.
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Em meio a uma temporada ruim em 2013/14, o Manchester United renovou o contrato de Wayne Rooney, que passou a receber absurdos € 1,5 milhão por mês, salário que o coloca como o terceiro jogador mais bem pago do mundo, atrás apenas de Messi e Ronaldo. A questão salarial por si só já deveria ser o bastante para a cobrança sobre o inglês ser enorme. Porém, mais que isso, Van Gaal chegou ao clube já deixando claro que esperava que o atacante fosse o protagonista. Entregou-lhe a faixa de capitão em um claro sinal de que confia em sua liderança, mas o retorno tem sido frustrante.
Sem poder contar com nenhuma de suas contratações, o Manchester United não mostrou melhora em relação à estreia com derrota para o Swansea. Encontrou um gol em jogada de Valencia, que cruzou para Mata empurrar para a rede, mas foi basicamente nulo na criação de oportunidades claras. O meio de campo com Cleverley e Fletcher pareceu não existir, Van Persie não deixou o seu, e Mata pouco fez. Mas nenhum desses deve ser mais cobrado que Wayne Rooney. O holandês ainda retoma sua melhor forma física, tanto é que saiu na metade do segundo tempo por cansaço e preservação, e o espanhol não tem o maior salário ou a faixa de capitão do time.
Rooney ficou escondido do jogo enquanto esteve ao lado de Van Persie e começou a aparecer mais apenas quando o holandês deixou o campo. Foi então que passou a errar as tentativas de levar o time ao ataque. O United passa por uma transição, os melhores reforços ainda estão por vir, as lesões atrapalham a montagem da equipe, e, embora todos entendam que seja difícil apresentar um bom futebol sob essas circunstâncias, o resultado precisa vir.
É claro que Van Gaal tem uma parcela importante de culpa. Ele pode facilmente justificar o futebol apresentado. Como disse em entrevistas nesta semana, o técnico “não é um mágico”, para fazer um time tão fragilizado tecnicamente funcionar de imediato. O holandês precisa de tempo e tranquilidade para aplicar da melhor maneira sua filosofia, que diz ser a parte mais importante de seu trabalho. Para isso, vai precisar da liderança técnica de Rooney, que por enquanto não apareceu.