Inglaterra

Dean Smith escreve carta de despedida: “Continuo orgulhoso por ter me tornado técnico do Aston Villa”

O torcedor apaixonado do clube de Birmingham foi demitido no fim de semana após cinco derrotas seguidas pela Premier League

Treinar o Aston Villa não era um trabalho comum para Dean Smith. Era o clube da sua infância, o clube do seu pai, fiscal de estádio do Villa por muitos anos que esteve na final da Copa dos Campeões em Roterdã em 1982 e morreu de Covid-19. Ser guardião de um legado tão poderoso era e continua sendo um motivo de orgulho para Smith, mesmo após a demissão do último domingo, dias depois da derrota para o Southampton, a quinta seguida pelo Campeonato Inglês.

Smith, 50 anos, assumiu o Villa em outubro de 2018 após experiências pelo Walsall e pelo Brentford. Conquistou o acesso em sua primeira temporada e, às duras penas, sobreviveu ao retorno à Premier League. A última campanha foi excelente para o momento do clube de Birmingham. Foi fácil garantir a permanência, houve a goleada por 7 x 2 sobre o então atual campeão inglês Liverpool e foi real a briga por vagas nas competições europeias, apesar de ter terminado em 11º lugar.

Esta temporada sempre seria turbulenta por causa da venda de Jack Grealish ao Manchester City. O dinheiro foi bem investido em nomes como Emi Buendía, Leon Bailey e Danny Ings, mas um time tão acostumado a girar todo o seu setor ofensivo em torno de Grealish precisaria de um tempo de adaptação. Tudo parecia correr bem até a vitória em Old Trafford sobre o Manchester United. Desde então, o Villa foi derrotado por Tottenham, Wolverhampton, Arsenal, West Ham e Southampton.

Com a ambição de retornar às competições europeias o mais breve possível, a diretoria decidiu demitir Smith que, apesar da relação especial com o clube, durante poucos períodos conseguiu tirar o máximo de um elenco que conta com alguns bons nomes e não deve nada ao meio da tabela da Premier League.

Em uma carta à torcida do Aston Villa, Smith não deixou transparecer nenhum rancor pela decisão. Agradeceu a oportunidade, enfatizou os seus feitos e reforçou o quanto se orgulha de ter passado três anos como “guardião deste grande clube de futebol”.

“Ter me tornado técnico do Aston Villa, clube pelo qual torci durante toda minha infância, foi e continua sendo algo do qual sou extremamente orgulhoso.

Minha missão inicial era tentar levar o clube de volta à Premier League dentro de um período de dois anos. Estávamos em 15º lugar na segunda divisão quando cheguei, em outubro, e conseguimos liderar o time a uma sequência recorde de dez vitórias seguidas, com vaga nos playoffs, nos quais conquistaríamos a promoção em um dia memorável no Estádio Wembley. Foi sem dúvida um feito que sempre me orgulhará.

Tendo levado o time de volta à Premier League antes do previsto e na primeira tentativa após três anos na Championship, o desafio seguinte era tentar reformular o elenco e criar um grupo bom o suficiente para sobreviver à tão importante primeira temporada de volta à Premier League e, ao fazê-lo, acredito que esses feitos permitiram que o clube acelerasse suas ambições de se estabelecer como um clube de Premier League.

Eu acredito que continuaríamos progredindo nesta temporada. Eu entendo a indústria do futebol e, claro, respeito a decisão dos donos, mas sentia que, com jogadores importantes retornando à forma física em breve, nós terminaríamos na parte de cima da tabela.

Um dos meus papéis como técnico do Aston Villa era melhorar os jogadores individualmente para que o desempenho do time em campo também fosse melhor. Ter participado do desenvolvimento de um jogador que seria vendido pelo valor recorde de transferências britânicas (Jack Grealish) e criar um caminho para uma academia próspera são áreas às quais eu acredito que mais contribui. Espero que a cultura e o ambiente que foram criados tanto em Bodymoor Heath (CT) quanto no Villa Park continuem a florescer.

Gostaria de expressar minha gratidão aos donos, Nassef Sawiris e Wes Edens, por terem me dado a oportunidade de treinar este clube especial. Eu também gostaria de agradecer ao CEO, Christian Purslow, com quem tive uma excelente relação de trabalho, assim como com os dois diretores-esportivos com os quais trabalhei, Johan Lange e Jesus Garcia Pitarch. Aos treinadores, funcionários e jogadores, meu agradecimento sincero a cada um deles.

Finalmente, aos torcedores do Aston Villa que me demonstraram nada além de amor e apoio desde o primeiro dia em que comecei o trabalho ao último, um muito obrigado meu e da minha família. O objetivo e a ambição da diretoria do Aston Villa é levar o clube de volta ao futebol europeu e eu não amaria nada mais do que se isso acontecesse. Eu sempre disse que era simplesmente um guardião deste grande clube de futebol e meu objetivo era deixá-lo em um lugar melhor do quando o encontrei. Acredito que, juntos, conseguimos isso”

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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