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REVIEW: FIFA 22 traz dinâmica de jogo mais lenta, comportamentos da bola reformulados e goleiros entre grandes defesas e falhas estranhas

Com um gameplay melhorado, FIFA 22 traz boas novidades para o jogador, que ainda tem que lidar com as microtransações como ponto fraco do principal jogo de futebol do mercado

Depois de semanas de expectativa e conteúdos publicados aqui na Trivela, o FIFA 22 está entre nós. Com o lançamento das 10 horas de teste através do EA Play e o acesso antecipado com a versão Ultimate, os fanáticos já dedicaram diversas horas ao simulador de futebol da Electronic Arts e os mais diferentes feedbacks foram publicados nas mídias sociais. Pensando no lançamento oficial do jogo, nesta sexta-feira, dia 1 de outubro, preparamos um review sobre a nova edição do game para que você saiba o que esperar e o quanto vale a pena investir no FIFA. Destacamos que a avaliação está sendo feita baseada na versão entregue até esta data – que deve ter atualizações – para o Playstation 4 e os conteúdos em vídeo não estão na câmera original do jogo e sim na “co-op”, que propicia mais visão do campo para o redator que gostar de tocar bastante a bola.

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Prelúdio

Ao iniciar o jogo pela primeira vez, o FIFA 22 coloca um cenário hipotético de final de Champions League entre Paris Saint-Germain e Chelsea. A princípio, você inicia controlando o PSG, time de Kylian Mbappé, capa do jogo. Como em todo início de ciclo, a primeira partida é sobre entender a dinâmica da bola e o ritmo dos passes – que são a base do modelo de jogo do redator. Foram 29 minutos virtuais tentando entender os caminhos, onde as bolas em profundidade podem acontecer e, principalmente, a física remodelada da bola. Depois deste período, dando as caras da nova edição, Mbappé anotou o primeiro gol após passe de Verratti – que era o jogador mais ativo em campo. O volante italiano anotou o segundo gol e fechamos o primeiro tempo com uma vitória parcial de 2 a 0.

São notáveis os meus erros bobos de passe e o estranhamento com o comportamento da marcação adversário. Mesmo assim, a dinâmica de jogo mais lenta agradou de cara e alguns caminhos – como a bola enfiada nas costas do lateral – rapidamente começaram a soar como meta do jogo. O gol de Messi em boa trama com Mbappé deu tranquilidade ao time. O tento de honra anotado por Lukaku, já nos acréscimos, não atrapalhou a vitória categórica no primeiro jogo do FIFA 22: 3 a 1 e PSG campeão virtual da Champions League da abertura.

Hypermotion é a tecnologia usada no FIFA 22

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O Hypermotion e seus efeitos

A tecnologia Hypermotion foi apresentada como a principal alteração na construção do FIFA 22 e a mudança realmente é sentida. Como a construção de movimentos foi feita com 22 jogadores atuando em tempo real, e não captação individual em estúdio, comportamentos individuais e coletivos estão mais integrados. Atrelado ou não a esta mecânica, os sistemas de marcação estão mais compactados e o comportamento dos bots sem bola traz variações em comparação à edição anterior.

A principal mudança do jogo é a física da bola. Por mais que o aspecto visual do jogo seja muito similar, a forma como a redonda se comporta em campo não se parece em nada com o FIFA 21. Além de possibilitar novos passes e inversões de bola magistrais – recomendo fatiar no lateral do outro lado e apreciar a trajetória – a bola aparenta ter uma órbita própria, não ficando presa necessariamente ao jogador que a conduz ou o opositor que tenta recuperá-la. Tanto é que algumas situações como erros de domínio, furadas e desvios, estão bem mais presentes em comparação à última edição.

Atrelado a isso, os duelos físicos ganharam um novo capítulo no simulador da EA Sports. Com a contenção de um jogador auxiliar mais efetiva e a nova mecânica da bola, os embates 1×1 têm contatos mais bruscos e notáveis na gameplay. Vale reparar também nesta dinâmica nos confrontos aéreos. A impressão é que há sempre 3 órbitas em contato – dois jogadores e a bola – e elas não necessariamente vão todas se encontrar. Lance improvável no FIFA 21, é possível, por exemplo, subir para cabecear dividindo com o adversário e nenhum dos dois encontrar a bola como gostariam. Essa margem de erro natural do futebol da vida real fazia falta ao simulador digital.

Heróis ou Vilões?

Apresentados como uma das revoluções do FIFA 22, os goleiros realmente estão fazendo defesas inacreditáveis. Eles foram completamente reformulados e apresentam movimentos e saltos bastante plásticos. Em contrapartida, os arqueiros ainda falham em lances bizarros e bolas que parecem bem defensáveis. Há uma animação específica em que o goleiro salta numa diagonal para a frente, quase sempre resultando em falha e gol – essa situação acontece muitas vezes contra um chute colocado.

Num geral, os goleiros estão melhores e isso é ótimo, principalmente em comparação com a versão anterior da franquia em que eles pouca diferença faziam. Ao mesmo tempo, a EA deve buscar um balanço nas primeiras atualizações do FIFA 22 e tentar equilibrar entre as falhas estranhas e as defesas anormais.

Gameplay

O FIFA 22 é um jogo mais lento – pelo menos até agora. O comportamento da defesa e a unidade trazida pelo Hypermotion fazem com que a organização ofensiva seja mais demorada e a partida tenha um ritmo mais similar ao real. Entretanto, em especial no Ultimate Team, alguns jogadores estão se aproveitando das enfiadas de bola – em especial nas laterais – para forçar uma espécie de bug na última linha de marcação e conseguir furar a dinâmica de jogo mais lenta. Se quiser manter o game nesta toada, a Electronic Arts deve dar atenção a isso nas primeiras atualizações.

Muitos efetivos no FIFA 21, três movimentos em específico foram piorados para a nova edição da franquia. O cruzamento utilizando R1 + O, conhecido como o “bugador”, ainda existe mas está bem menos quebrado e funciona de outra forma. O drible do último ano, o “ratão”, L1 + R1 e direcional da direita, ainda é bem útil, mas bem menos do que na última temporada. Por fim, o cancelamento de dribles também chegou ao fim e fez até o famoso pro player Tekkz ter que adaptar seu estilo de jogo.

Enquanto alguns caem, outros bugs voltaram à ativa. O chute colocado, finesse shot, e a finalização calibrada, timed shot, estão retornando como possíveis metas do jogo depois de duas edições. Em especial na diagonal da entrada da área, os dois estilos de chute se aproveitam das animações falhas dos goleiros e têm sido mortais. Além deles, bem menos bugados, mas ainda assim importantes nas construções de jogadas, o passe em profundidade pelos lados do campo e os cruzamentos estão mais efetivos do que no FIFA 21 e, nestas duas primeiras semanas, têm sido responsáveis por um volume considerável de gols no FUT.

FIFA Ultimate Team

O Ultimate Team teve alterações significativas no FIFA 22. Logo no primeiro acesso, é possível identificar que o menu inicial manteve a diagramação, mas ganhou uma divisão em três abas – início, jogar e clube. Além disso, o botão direcionando para os Desafios de Montagem de Elenco (DMEs) foi adicionado à aba “início” para economizar tempo dos jogadores concluindo objetivos.

Quanto à dinâmica e os modos de jogo, apenas uma – mas tão significativa – mudança aconteceu: a reformulação do Rivals e do FUT Champions. A principal competição do Ultimate foi diluída ao longo da semana e dividida em duas etapas, reduzindo o jogo do final de semana de 30 para 20 jogos. Para entender melhor, basta clicar neste link novo Rivals e FUT Champions e conferir o conteúdo. Vale ressaltar que, neste ano, a premiação chega ao final da FUT Champions e não apenas na quinta-feira seguinte.

Ainda sobre a parte visual, a abertura de pacotes foi reformulada e acabou com o túnel com pistas levando ao jogador. Agora, a expectativa acontece em poucos segundos, como você pode conferir nos 3 casos abaixo, sendo um jogador ouro comum, outro ouro raro e um walkout (jogador ouro raro de overall alto). Opinião pessoal: ficou péssimo.

O ponto fraco deste modo continuam sendo as microtransações. Este é um ponto que a EA Sports segue sem mexer. É um elefante na sala, porque isso claramente tem uma influência grande neste modo de jogo, o mais jogado da franquia. Uma das críticas mais frequentes é justamente o modelo pay to win e isso não parece estar nem na pauta da EA para ser tratado — mas definitivamente deveria ser um ponto de debate importante. Como forma de defesa, a empresa manteve as prévias diárias de pacotes — uma forma de fugir das acusações e processos sobre cassino legalizado.

Pro Clubs

Modo de jogo favorito do redator, o Pro Clubs é o mais próximo da experiência de jogar futebol. O jogo que consiste em controlar apenas um jogador dentro da partida, possibilitando a experiência de 11 jogadores formando o time, teve a maior renovação desde o seu lançamento na franquia da EA Sports. O jogo está bem mais arcade, com um placar no canto superior direito avaliando em tempo real a sua avaliação com nota e dicas de acordo com o seu comportamento. Ao longo da partida, você pode ser elogiado por um bom passe ou receber um puxão de orelha pelo seu posicionamento em campo.

Quanto à montagem do avatar, duas novas mecânicas foram adicionadas: Melhorias e Arquétipos. As Melhorias são 3 habilidades que podem ser equipadas no perfil do seu jogador e que serão ativadas de acordo com determinadas situações da partida. Com elas, você receberá incentivos ou capacidades além dos adquiridos na sua Árvore de Habilidades – por exemplo, “Impipocável” é a melhoria que aumenta a finalização de um atacante nos últimos 15 minutos da partida.

Já os Arquétipos são pontos presentes na Árvore de Habilidades que custam mais e adicionam melhorias substanciais definitivas ao status do seu avatar. Por exemplo, ao completar as habilidades de velocidade, você pode liberar o “Arquétipo Guepardo”, que vai dar um salto nos números de aceleração e pique. Para os versados em Ultimate Team, é uma lógica bem parecida com as cartas de entrosamentos.

Em termos estéticos, o menu foi bastante alterado e a customização dos estádios – presente no Ultimate Team – foi adicionada a este modo de jogo. Ponto positivo para os que não têm times fixos ou querem reunir mais amigos, o lobby antes da Partida Improvisada garante uma boa forma de entrar num jogo casual com até 5 companheiros.

Ponto alto da edição no FIFA 22, o Pro Clubs agora é um modo de jogo misto. Ao criar seu avatar, você pode escolher o gênero masculino ou feminino e usar o que melhor te representar. Mesmo que você escolha um dos gêneros, o outro estará presente entre os bots do seu time, garantindo um time com mescla de gêneros. Por mais que seja pouco ainda, viva a representatividade!

VOLTA Football no FIFA 22

VOLTA Football

A continuação do FIFA Street é uma das apostas desta edição do FIFA 22 – mas que pouco apetece o redator. A inclusão do VOLTA Arcade, modo baseado em minijogos como Mario Party, é a esperança de popularizar o modo de jogo e trazer a diversão às parties. Com partidas de futevôlei, queimada, disco lava, entre outros, a EA Sports pretende aproximar os jogadores do modo que tenta emplacar há anos. 

Além do Arcade, o medidor de habilidade foi reformulado, premiando os jogadores que mais driblam no jogo de rua. Ao preencher a barra, é possível inclusive fazer com que os gols valham mais. O ponto fraco é que os minigames, que trazem um refresco a este modo, só está disponível aos finais de semana e online. Não é possível jogar a hora que quiser. O que torna menos interessante.

Modo Carreira

Essa seção funciona como um disclaimer. Pouco mudou no Modo Carreira, apesar do público fiel e da consolidação do formato, e a dinâmica continua exatamente a mesma. A alteração do FIFA 22 fica à cargo da possibilidade de criar um clube do zero e definir qual narrativa deseja seguir. Ao invés dos grandes esquadrões presentes pelo globo, o jogador pode escolher, nome, uniforme, liga e pretensões da sua agremiação digital – inclusive decidindo como vai ser cobrado pela diretoria em termos financeiros, de estilo de jogo, filosofia de contratações etc. Se você é um fã de narrativa, pode agradar bastante. Falamos mais detalhadamente sobre o Modo Carreira aqui.

Avaliação Final

Jogabilidade: 9

Dos últimos FIFAs, este é um dos mais promissores para se tentar praticar um futebol parecido ao real e com um ritmo de jogo mais lento até agora.

Inovação: 7

Muita coisa mudou, é verdade, mas o esqueleto continua o mesmo e alguns problemas podem se repetir. Pensando na mesmice entre FIFA 20 e 21, uma nota acima da média de sustenta.

Veracidade: 8

Sempre levo em consideração a possibilidade de o jogo parecer futebol. Neste aspecto, é possível construir uma partida bem similar se ambos os jogadores quiserem.

Bugs: 7

Como um romântico do futebol virtual, tendo a forçar pouco o jogo e costumo criar cenários que maximizem o potencial do game. Tirando os goleiros estranhos, a nota mais alta fica à cargo dos outros jogadores on-line tentando bugar a nova mecânica. Algumas falhas, mas nenhum problema grave.

Sonoplastia: 6

Bom, mas nada de mais. A trilha sonora é muito similar à da edição anterior e, dentro do jogo, pouca coisa também mudou. Passa de ano sem muita glória.

Identidade Visual: 8

Não há uma revolução de um ano para o outro, mas a organização das informações nos menus está bem melhor. No geral, o aspecto clean agrada muito e o jogo ficou bem mais elegante.

Média final: 7,5

FIFA 22 é um jogo que não vai passar batido. Em comparação aos antecessores, é um marco na busca por uma proposta de jogo remodelada. Mesmo para quem tem o 21, vale a pena dar o salto para a nova edição da franquia. Para os que procuram reproduzir o futebol através da plataforma on-line, é um prato cheio. Os passes e a física da bola são convincentes e dá para curtir a trajetória das bolas longas enquanto joga. É possível jogar nos mesmos moldes no FIFA 21, mas o redator recomenda reconstruir a sua forma de jogar sem focar no que funciona no game ou não. Aprecie!

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Foto de João Belline

João Belline

Jornalista de formação, louco dos esportes por opção. Depois de muito escalar Cartola, jogar Winning Eleven, escrever escalação dos sonhos no caderno e topar o dedão na rua, falar sobre futebol virou uma necessidade. É mais um leitor que buscou espaço no time da Trivela e entende que futebol está acima do clube.
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