Seleção inglesa feminina e FA chegam a acordo: “Maior do que o bônus”
Após mais de um ano de negociações, campeãs europeias e vice-campeãs mundiais chegam a um acordo com a Football Association
A seleção inglesa feminina chegou a um acordo com a Football Association (FA) depois de longas negociações, que duraram mais de um ano. As jogadoras chegaram a um acordo com a entidade em relação ao pagamento por uso de imagem e relativo ao desempenho na Copa do Mundo — as inglesas foram vice-campeãs do mundo.
O acordo é importante porque cria uma estrutura para lidar com diversas questões, incluindo os bônus, e não seja mais uma negociação caso a caso. As discussões acontecem desde antes mesmo do título da Eurocopa, em 2022, e foram pausadas durante a disputa da Copa do Mundo, porque o time decidiu que precisava se concentrar na competição.
As Lionesses recebem 2 mil libras por jogo, mesmo valor que os homens recebem na seleção masculina, quando é um jogo fora de torneios importantes. As jogadoras queriam um bônus mais alto atrelado a desempenho, ou seja, quanto mais longe elas forem nos torneios, mais receberiam. Isso para competições grandes, como Liga das Nações, Eurocopa e Copa do Mundo.
“É sobre sermos líderes mundiais dentro e fora de campo”
A capitã da seleção inglesa feminina, Millie Bright, revelou nesta quinta que o acordo foi alcançado entre as duas partes. “Chegamos a um acordo, mas é muito maior que apenas o bônus. Como eu disse, é sobre sermos líderes mundiais dentro e fora de campo”, afirmou a jogadora.
“Eu acho que é o pacote todo que vem com o futebol feminino. É mais do que apenas finanças, tem tudo a ver com a próxima geração e garantir… Para ser honesta, somos extremamente sortudas e privilegiadas que temos excelente infraestrutura e já demos o tom em diversas áreas e também acho que essas conversas também são apenas para checar uma com a outra, então se um problema aparece, estamos em uma posição em que podemos ter uma conversa honesta e sermos mais baseados em soluções e é por isso que sentimos algo muito positivo”.
“Me sinto sortuda que estamos em uma posição de estarmos juntas e chegarmos a um acordo e na verdade estamos seguindo adiante construindo uma nova estrutura onde podemos ter mais desse diálogo aberto para garantir que fique onde precisa estar”, continuou Bright.
“O futebol feminino está evoluindo muito rapidamente e conversas como essas precisam acontecer para garantir que em todas as áreas nós estejamos no topo do nosso jogo. A conversa foi extremamente positiva e como jogadoras, nós nos sentimos realmente confiantes seguinte adiante com a estrutura que agora temos estabelecida”, continuou a capitã.
FA não queria pagar bônus por desempenho
Antes da Copa do Mundo Feminina, a FA manteve uma posição firme que não pagaria nenhum bônus relativo a desempenho no torneio. Isso veio depois da Fifa anunciar que iria pagar quantias relativas a desempenho, sendo US$ 30 mil por jogador para times na fase de grupos até US$ 270 mil para quem fosse campeã.
Outras seleções optaram por pagar suas jogadoras um bônus por desempenho, como a superpotência Estados Unidos, campeã em 2019. As jogadoras têm um acordo por desempenho — o que não deve ter sido o esperado por elas mesmas, já que a equipe acabou eliminada nas oitavas de final.
Para as jogadoras da seleção inglesa, a FA deveria seguir o exemplo de outras federações, como a americana, e queriam paridade com os países que eles esperavam enfrentar nas fases finais do torneio. A FA decidiu fazer uma proposta às jogadoras nas últimas semanas com uma quantia de seis dígitos a ser paga de forma coletiva às jogadoras.
A proposta era justamente para compensar uma aparente queda nos pagamentos comerciais desde que a seleção foi campeã europeia, em 2022 — e conseguiu acordos comerciais ainda melhores para a FA. As jogadoras não aceitaram a proposta, mas aceitaram negociar com essa primeira oferta.
Sara Wiegman: “É bom para o futebol feminino avançar”
As negociações duravam tanto que a técnica da seleção inglesa, Sarina Wiegman, estava trabalhando junto com a Associação de Jogadores Profissionais (PFA) para resolver a questão durante a concentração antes da Copa do Mundo. Para lamento da técnica, a questão não foi resolvida antes do torneio.
Agora, com a resolução dessa questão, a técnica comemorou. “Como eu disse, também na semana passada as conversas estavam indo muito bem, mas a Copa do Mundo estava à nossa frente”, disse ela. “Então eles precisavam parar com essas conversas e recomeçar depois da Copa do Mundo. E foi o que aconteceu. Sim, elas não chegaram a um acordo na época, mas acho que as conexões foram feitas e há comunicação o tempo todo. Agora essa parte está resolvida e seguindo em frente, parece muito bom”.
“Isso, claro, me deixa muito feliz porque é bom para as jogadoras, é bom para o futebol feminino avançar e dar o próximo passo. Isso também foi muito bom para nós e podemos focar no futebol, o que fizemos de qualquer maneira, durante a Copa do Mundo. Mas no final, quando você começa a jogar futebol, você não quer ter essas discussões naquele momento e fazer isso mais tarde e foi exatamente isso que aconteceu”.
A seleção inglesa feminina faz duas partidas nesta data Fifa. Nesta sexta (21), a Inglaterra enfrenta a Escócia em casa. Na próxima terça-feira (26), vai até a Holanda enfrentar a seleção da casa.