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O Brasil teve ótima reação, mas a Inglaterra prevaleceu nos penais e comemorou a Finalíssima no lotado Wembley

A seleção brasileira precisou resistir na defesa durante o primeiro tempo e cresceu bastante no segundo, mas foi a Inglaterra quem faturou a edição inédita da Finalíssima Feminina

Wembley abrigou uma noite memorável para o futebol feminino nesta quinta-feira. Mais de 83 mil pessoas estiveram presentes nas arquibancadas do histórico estádio para assistir a uma decisão. E as jogadoras em campo entregaram bastante, em emoção e suspense até que a taça fosse definida. Inglaterra e Brasil se enfrentaram na Finalíssima, entre as campeãs da Eurocopa e da Copa América. Favoritas, ainda mais em casa, as inglesas foram superiores no primeiro tempo e abriram a contagem. Porém, as brasileiras protagonizaram uma ótima reação na segunda etapa e buscaram o empate por 1 a 1 nos acréscimos. O troféu inédito, contudo, ficou mesmo com as anfitriãs. A Inglaterra ganhou por 4 a 2 nos pênaltis e comemorou com sua torcida. Apesar da frustração no fim, o Brasil deixou bons sinais pela maneira como se portou, mesmo com desfalques de peso.

A Inglaterra era superior nos primeiros minutos da partida. Conseguia trabalhar melhor com a bola e tinha mais capacidade no ataque. Com muitos erros, o Brasil pouco produzia. E a goleira Lelê precisou aparecer aos 14 minutos, ao fazer grande defesa numa batida forte de Lucy Bronze. Quando as brasileiras responderam, foi numa bola recuperada. Tamires acionou Geyse, que acabou travada na hora da batida. Todavia, não demorou a sair o gol das inglesas, que correspondia melhor ao cenário até então. O tento aconteceu aos 23 minutos. Numa jogada trabalhada pela direita, entre Lucy Bronze e Georgia Stanway, o passe chegou na medida dentro da área. Com muita liberdade na definição, Ella Toone foi a responsável por vencer Lelê.

Como se o baque não bastasse para o Brasil, a Inglaterra teve outro tento anulado na sequência. Lauren James marcou, mas um impedimento anulou o lance. Durante a reta final do primeiro tempo, o duelo ficou um pouco mais aberto. A Seleção teve suas chegadas pontuais, mas as inglesas ainda eram mais contundentes. A defesa brasileira era testada nos cruzamentos e rifava os riscos, enquanto Lelê voltou a trabalhar com boas intervenções, diante de Lauren Hemp e Alessia Russo. Lauren James ainda daria o último susto, num arremate para fora. Diante da pressão que se formou, o placar mínimo era lucro à Canarinho a esta altura.

O Brasil voltou com mudanças para o segundo tempo, com as entradas de Andressa Alves e Adriana. As trocas fizeram efeito, com Andressa logo testando a goleira Mary Earps no primeiro minuto. A melhora da Seleção era visível, com mais atitude e velocidade nas jogadas. Geyse e Kerolin voltaram a ameaçar, enquanto Ary Borges perdeu uma chance boa, tudo isso antes dos dez minutos. Earps trabalharia de novo em pancada de Geyse aos 14. Demorou para que a Inglaterra conseguisse controlar um pouco mais o duelo e escapar do abafa.

A partir dos 20 minutos, a Inglaterra reapareceu mais no ataque. A defesa do Brasil segurava as pontas e, quando necessário, Lelê se fazia presente. A partida voltava a ficar mais equilibrada, entre as inglesas interessadas em garantir a taça com mais um gol e as brasileiras atrás da reação. Ainda faltava um pouco mais de capricho à Canarinho e as oportunidades não eram tão perigosas. Contudo, a persistência valeu o empate nos acréscimos. A partir de uma bola cruzada por Adriana da direita, a goleira Earps bateu roupa e Andressa Alves guardou no rebote. A definição acabaria nos pênaltis.

As goleiras ficaram quase na primeira série de pênaltis. Tocaram na bola, mas Stanway e Adriana marcaram. Depois, Lelê parou o chute de Toone e Earps voou para espalmar o tiro de Tamires. Rachel Daly colocou a Inglaterra na frente e Rafaelle carimbou o travessão. A partir de então, a competência pendeu às inglesas. Alex Greenwood ampliou a vantagem e, depois de Kerolin manter o Brasil vivo, Chloe Kelly sacramentou o troféu para as anfitriãs.

Considerando desfalques de jogadoras importantíssimas, como Marta e Debinha, o saldo para o Brasil é positivo. O time não atuou bem ofensivamente no primeiro tempo, mas conseguiu resistir à pressão com bom papel da defesa. Já na segunda etapa, melhorou bastante a partir das substituições de Pia Sundhage e encarou de peito aberto as campeãs europeias. A Inglaterra é uma virtual candidata ao título na Copa do Mundo. Já a Canarinha, mesmo sem constar na primeira prateleira de favoritos, indicou como pode competir em alto nível. Há sinais positivos de evolução, e isso precisa ser ressaltado, num ciclo no qual as brasileiras tiveram momentos mais duvidosos.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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