Do sorriso ao choro: como Ary Borges encantou os brasileiros na Copa do Mundo
Destaque do primeiro jogo do Brasil com um hat-trick e craque do carisma, Ary Borges foi uma grande personagem da seleção brasileira na Copa
Ariadina Alves Borges brilhou na Copa do Mundo Feminina. E a badalação em torno da jogadora não aconteceu só pelo fato de ter feito o primeiro hat-trick na estreia da competição, mas também por seu carisma. Desde o sorriso largo ao choro sincero, Ary Borges mostrou para o público que o futebol feminino é recheado de grandes personagens, além de grandes talentos.
A Trivela reuniu alguns depoimentos e informações que ajudam a entender o fenômeno Ary Borges fora dos gramados.
Personalidade forte
Do elenco montado pela técnica Pia Sundhage, Ary tem uma das personalidades mais marcantes. Nem com a eliminação na fase de grupos, a jovem, de apenas 23 anos, se escondeu. Na zona mista pós-jogo, há exatos sete dias, Ary conversou com a imprensa sobre a queda prematura e assumiu responsabilidade.
– Se eu achei que tinha me preparado de uma forma boa para estar aqui, eu quebrei a cara. Preciso me preparar mais, porque o sarrafo aqui é muito grande. Um grupo que, na prática, a gente devia se classificar com toda certeza do mundo, e isso não aconteceu, como não aconteceu em outros grupos também. O recado é para a Ary mesmo, faltou alguma coisa e vou me preparar para isso, porque quero estar aqui de novo – disse à Cazé TV.
É fundamental reconhecer que, para encarar as câmeras após uma eliminação, é preciso ter personalidade. Inclusive, a coragem dela de enfrentar as críticas é uma prova de que o público está diante de uma nova referência do esporte.
– Ela é bem decidida. Desde a escola, ela sempre soube o que quer da vida. A Ary sempre teve personalidade forte – contou a mãe de Ariadna, Dona Gal.
Do sorriso ao choro
Sem vergonha de mostrar seus sentimentos, Ary tem colecionado fãs nas redes sociais. Brincalhona, a jogadora fez graça com as companheiras depois de ultrapassar os 170 mil seguidores no Instagram e ver alguns de seus tuítes antigos viralizarem.
Em um vídeo, ela aparece dizendo que a partir daquele momento a “fama” havia chegado e as marcas iriam, finalmente, olhar para ela. A fala simples, com um sorrisão largo, ganhou os internautas.
Mas nem só de sorrisos é feita a meio-campista. Ary chorou de emoção, de alegria, mas também chorou de vergonha com a eliminação – e não encobriu isso. O choro genuíno, repleto de emoção, visto por milhões de pessoas na Copa do Mundo, é uma herança da mãe, a mais emotiva da família.
– A mãe dela só sabe chorar. No último dia em que a gente se viu antes da Copa, eu dei a benção, só chorei, entrei no carro e fui embora. Na hora em que ela se emocionou (no jogo), não teve como, passou um filme na cabeça. – afirmou Gal.
Humildade que encantou o Brasil
Atualmente no Racing Louisville FC, equipe que disputa a liga feminina dos EUA, a atleta estourou a “bolha” também pela humildade. Além de marcar três gols contra o Panamá, ela ainda deu a assistência, com muita classe, para Bia Zaneratto marcar outro – um dos mais bonitos do Mundial.
O entendimento da meia, que percebeu sua companheira livre para finalizar, impressionou o público, principalmente pela visão altruísta na jogada, uma vez que ela estava de frente para a meta. Algo que vem de berço.
Quando Ary Borges estava em Brasília, em junho, no último compromisso com a seleção antes da Copa do Mundo, o pai, Dino Cláudio, fez questão de ressaltar o conselho sobre a importância da humildade com a equipe.
– Eu chamei ela no particular e falei que ela tinha feito o melhor dela aqui, mas que teria que fazer o melhor do melhor lá. “Cada dia, eu quero que você faça o seu melhor, sabendo que você tem um coletivo. Vocês todas são uma equipe. Se não der para você chutar, toca que alguém está livre. Tanto é que, no último gol, se ela quisesse, poderia ter chutado, mas ela preferiu a Bia – revelou Dino.
Aliás, a simplicidade dela já foi vista em prática outras vezes. Na final do Paulistão Feminino de 2022, por exemplo, quando ainda atuava pelo Palmeiras, Ary marcou gol na vitória sobre o Santos, por 2 a 1. Durante a volta olímpica, com a taça, fez questão de interromper a comemoração para atender dois fãs mirins, que pediam suas chuteiras. Ela tirou os calçados dos pés, assinou e entregou para os meninos.
@papodemina A humildade de Ary Borges encanta 💚 Parabéns, Palmeiras, por mais um título!
Retrato da nova geração do futebol feminino
De fato, a desclassificação das brasileiras foi dolorida na Austrália. Porém, figuras como as de Ary começam a pintar na mídia. Figuras que são o retrato do futebol feminino: alegres, cativantes e autênticas.
Fora do circuito do masculino, essas novas ícones, talentosas e com um futuro pela frente, são acessíveis e fazem questão de atuar como agentes de representatividade. Em resumo, Ary encanta por ser ela mesma, mas, principalmente, por não ter vergonha disso.